Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/21

Com envolvimento de 14 organizações nacionais

Caravana Global pela Justiça Climática vai percorrer 400 km em Portugal e passa pelos distritos de Leiria e Santarém

Pedrógão Grande vai ser uma das paragens da Caravana devido aos grandes incêndios de 2017

“A crise climática e da biodiversidade é o tempo das nossas vidas. Enquanto empresas e governos repetem fórmulas esgotadas para políticas insuficientes, a degradação do clima destrói o nosso futuro coletivo. As cheias, secas, tempestades fora de época, subida do nível médio dos oceanos, incêndios florestais, perda irreversível da biodiversidade e degradação do ar, dos solos e das massas de água são a consequência direta de escolhas deliberadas tomadas nas últimas décadas pelo aparelho produtivo e pelo poder político a nível global”, refere a organização, entre as quais a Acréscimo e o proTEJO – Movimento pelo Tejo

Perante este estado das coisas, com o nosso futuro nas nossas mãos, a Caravana pela Justiça Climática, em abril, vai percorrer 400km em Portugal, marchando lado a lado com populações locais desde Figueira da Foz para o interior, através de Pedrogão Grande, Oleiros, Vila Velha de Ródão e muitos outros lugares, para depois descer ao lado do Tejo até Lisboa. Neste momento, mais de uma dezena de organizações nacionais e locais já se juntaram à preparação da caravana, que também ocorrerá nível mundial em pelo menos mais cinco países – Uganda, Honduras, Turquia, Nigéria e Bolívia.

A Caravana passará pelas comunidades que já estão mais expostas às consequências da crise climática, assim como por alguns dos principais focos de emissões de gases com efeito de estufa e de poluição do ar, da água e dos solos do país. Os incêndios florestais e a desertificação do país serão também evidentes no percurso, cruzando zonas devastadas pelo fogo em 2017 e em outros anos, assim como as linhas de água da bacia do Tejo afetadas por caudais irregulares e pela poluição, nas quais já existem e se prevê a construção de mais açudes e barragens.

O arranque da Caravana terá lugar no Complexo Industrial da Figueira da Foz, um dos pólos da principal empresa emissora do país, The Navigator Company. De lá até ao fim do percurso, a Caravana passará por vários pontos ligados à crise climática, nomeadamente Pedrógão Grande e Oleiros, epicentros dos mais graves incêndios florestais em território nacional, pela Celtejo, uma das vinte infraestruturas mais emissoras do país, a Central Termoeléctrica do Pego, encerrada em novembro de 2021 sem garantir condições necessárias para uma transição justa para os trabalhadores, e a fábrica de produção de cimento mais emissora do país, o Centro de Produção de Alhandra, da CIMPOR. A transição energética também não pode passar pelo nuclear e pelo urânio, que alguns pretendem explorar em Nisa.

Membros das organizações envolvidas irão descer ao longo do rio Tejo até Lisboa, acompanhando um rio profundamente afetado no seu estado ecológico e biodiversidade. Exporão, no local, a ausência de uma política capaz de impor a descarga de caudais ecológicos à Iberdrola na barragem de Cedillo e à EDP nas barragens de Fratel e Belver.

Caminharão ao lado das barreiras à conectividade fluvial já existentes que fragmentam habitats, como o travessão no rio Tejo da Central Termoelétrica do Pego, e os locais onde querem construir novos açudes e barragens como a do Pisão, do Ocreza ou do projeto Tejo da Associação + Tejo e da Quinta da Lagoalva de Cima, em Alpiarça.

Testemunharão as más práticas agrícolas que conduzem à destruição da biodiversidade e à forte emissão de gases, assim como à poluição que entra no Tejo vinda de Espanha, que se agrava com as águas poluídas de afluentes e acaba numa acentuada contaminação do estuário envolvido pela Área Metropolitana de Lisboa.

“Para conseguirmos travar a crise climática e a crise ecológica globais, precisamos de um movimento maior do que o mundo alguma vez já viu. Apelamos por isso a todos os movimentos e organizações que se revejam na luta por um futuro digno a que se juntem a nós, transformando a Caravana pela Justiça Climática num momento histórico que, através da força das populações, se insurja contra a irresponsabilidade, a impunidade, a manipulação e a ganância de um sistema capitalista, responsável pela degradação dos ciclos ecológicos que sustentam a vida e que são sustentados por ela”, apelam as organizações.

Mais informações em caravanaclima.pt

As organizações: Acréscimo; APAEPG – Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do AE de Pedrógão Grande; AVIPG – Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande; Basta! – de crimes ambientais; Casa de Pedrógão Grande; Climáximo; Colinas do Tejo; EcoCartaxo; Greve Climática Estudantil Lisboa; MIA – Movimento Ibérico Antinuclear; Movimento Ambientalista Vale de Santarém; Movimento Cívico Ar Puro; MUNN – Urânio em Nisa Não; proTEJO – Movimento pelo Tejo.

    Fonte: proTEJO

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