Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/23

Opinião

Eleições, país e futuro!

Jorge Simões

Os resultados das eleições legislativas realizadas no passado dia 30 de janeiro dão-nos um quadro de clarificação da situação política do país, depois do episódio de chumbo do orçamento de estado que precipitou a interrupção da legislatura. Convém ter este facto presente para que se perceba o contexto em que as eleições surgiram: uma geringonça à esquerda sem acordo, desfeita ainda que não se perceba bem se por ingenuidade dos partidos que a suportavam à esquerda, se por tacticismo do PS e de António Costa, ou se por ambas as razões.

A clarificação referida prende-se com o facto do PS ter conseguido, precisamente à esquerda e à custa dos antigos parceiros, agregar votos que permitiram a obtenção de uma maioria absoluta que parecia altamente improvável. No centro-direita e direita, não aconteceu o mesmo, ainda que, em conjunto, este bloco tenha aumentado o número de mandatos. A estratégia do PSD, que procurava captar votos ao centro, não resultou, e perante o crescimento de dois partidos à sua direita, o partido terá agora de se reposicionar para o futuro. E este é o grande desafio para o PSD, remetido ao papel de oposição para um tempo que se estima longo, e em que terá de partilhar o seu espaço com dois novos partidos.

Em relação ao país, o PS tem agora uma maioria parlamentar que o faz não depender de outros partidos para aprovar as medidas e reformas que Portugal precisa mesmo que sejam adotadas.

O diagnóstico que o PSD faz é de absoluta necessidade de promover o crescimento económico, a sustentabilidade social e demográfica, a coesão territorial, o alívio da carga fiscal e a aposta no aumento do rendimento disponível das pessoas. Estas são condições essenciais para sermos mais competitivos, para que hajam menos desequilíbrios e desigualdades, para que as empresas portuguesas consigam exportar mais, para deixarmos de cair lugares na comparação com os restantes países europeus e que os jovens portugueses deixem de ter que emigrar para encontrar as condições de vida que desejam para o seu futuro.

Outro dos problemas que identificámos é a degradação acentuada dos serviços públicos, que foi agravada pelo contexto pandémico, mas que já se vinha a sentir em 2019. Os encargos com a “máquina” do Estado aumentaram, mas não houve resultados práticos desse investimento, na saúde, na educação, na acessibilidade à justiça ou até a serviços básicos administrativos como o simples processo do cartão de cidadão ou renovação da carta de condução. Com a pandemia, todas as fragilidades ficaram ainda mais à vista, com efeitos clamorosos na saúde e prejuízo para milhares de cidadãos que, com outras doenças, não puderam receber os diagnósticos e tratamentos adequados, ou na educação, numa dimensão de falência para três anos letivos que muito dificilmente serão recuperados.

Chegados a este momento, caberá ao PS, sozinho, já sem o subterfúgio das agendas do PCP e do Bloco de Esquerda, poder mudar este estado de coisas. Foi o que os portugueses decidiram, numa manifestação de apreço pela estabilidade que se compreende face a todas as incertezas com que os tempos atuais nos envolvem. E que respeitamos democraticamente, fazendo votos para que seja possível conseguir ultrapassar as dificuldades identificadas.

Aqui, no Distrito de Santarém, ficaremos atentos, neste papel de oposição responsável e construtiva que sempre quisemos ser. Contem com o PSD para continuar a chamar atenção para os problemas e a apontar soluções, na agricultura e em todo o setor agroindustrial, no ambiente e nos problemas da água, nos transportes, acessibilidades, na governação, coesão e competitividade da região. Move-nos o interesse comum da melhoria das condições de vida e esperança num futuro mais próspero para todos.

     Jorge Simões
Vogal da CPS/PSD Santarém

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