Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/23

Opinião

Pura demência

Nuno Catita

Há mais de 20 anos que entrámos no século XXI e deixámos para trás um século fustigado por duas grandes guerras. Tão grandes, tão abrangentes e tão catastróficas que ficaram conhecidas como Guerras Mundiais. A conquista territorial e o imperialismo foram o mote para a primeira, com alianças forjadas entre vários países europeus para expansão e proteção dos seus impérios coloniais. Já a segunda foi uma consequência da anterior derrota alemã da qual surgiu o Tratado de Versalhes. Considerado humilhante para o povo alemão e aproveitada por um ditador demente e lunático ávido em reconquistar territórios que tinha pertencido ao império alemão, passaram ao ataque, à destruição e ao extermínio. Era o sonho do III Reich.

A Rússia, que vinha a implementar o seu domínio socialista desde 1922 com a criação da União Soviética e que já tinha tido um papel preponderante na guerra anterior, viu na sua participação na derrota de Hitler a oportunidade de fazer crescer este domínio territorial e político. Além das 15 repúblicas que formavam a URSS, com o Pacto de Varsóvia o ditador Estaline acrescentou ao bloco comunista a Albânia, a Bulgária, a Tchecoslováquia, Hungria, Polónia, Roménia e a Alemanha Oriental. Bipolarizou-se o mundo. União Soviética de um lado e os Estados Unidos do outro. Um confronto demente ao qual se deu o nome de guerra fria. Uma guerra de nervos e de contínua demonstração de poder, especialmente nuclear. A cada dia que passava um tinha mais mísseis que o outro, numa espécie de um jogo doentio e leviano levado a cabo por duas superpotências.

Em 1991 o mundo voltou a suspirar. Primeiro de alívio, com a separação da União Soviética, depois de esperança, com a queda do muro de Berlim e por fim, pela democracia que se foi implementando em países que há décadas viviam em ditadura. Ainda assim, foram surgindo alguns focos de violência, essencialmente nos Balcãs, e, mais tarde, vários atos terroristas por doença fundamentalista.

Adormecida a Europa, lá prós lados da Rússia a transição entre séculos assistia à chegada de Vladimir Putin ao poder. Em 1999 como primeiro-ministro e, logo em 2000, a presidente. Este coronel do KGB alucinava suceder a Nicolau II como Czar e a Estaline como ditador da União Soviética. Na verdade, está no poder há 23 anos, saltitando entre primeiro-ministro e presidente para contornar a limitação de mandatos, já governou tanto tempo como o último Czar, falta ultrapassar os 29 anos de Estaline e voltar a reunir o império soviético. Com a maioria dos governos dos antigos estados da URSS a serem quem ele quer que sejam, invadiu a resistente Ucrânia, e assombrou a pacífica e impreparada Europa com uma guerra que há muito os ocidentais apenas conheciam pela história.

Há, efetivamente, um louco à solta. Um desequilibrado com um poder bélico assustador. Um tresloucado que, depois de duas décadas no poder, mantém o seu povo com um PIB per capita que deixa aos portugueses a sensação de serem ricos, um demente que ordena a invasão de um estado livre, independente e com um governo eleito democraticamente. Um estúpido mentecapto que tem o poder de decidir destruir e matar quem lhe faça frente.

Por cá há quem procure justificar esta vil loucura, mas, felizmente, os portugueses têm vindo a extingui-los pela via democrática.

      Nuno Catita

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