Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios repete argumentos da DGPC
ICOMOS valida intervenção na escadaria da antiga portaria do Mosteiro de Alcobaça
2021-02-16 16:02:18
O ICOMOS – Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios emitiu um parecer técnico, no dia 15 de fevereiro, em que valida a intervenção da DGPC na escadaria da antiga portaria do Mosteiro de Alcobaça. O documento, assinado por Soraya Genin, presidente do ICOMOS Portugal, repete no seu parecer todos os argumentos já indicados pela Direção Geral do Património Cultural (DGPC).
O parecer começa por recordar que o Mosteiro de Alcobaça é classificado Monumento Nacional através dos decretos DG nº14, 10-01-1907;1DG, nº 136, 16-06-1910 e com zona especial de proteção DG (II série), nº 190 de 16-08-1957. O Mosteiro de Alcobaça integra a Lista do Património Mundial da UNESCO, como Bem Cultural, desde dezembro de 1989 (13ª Sessão do Comité do Património Mundial que decorreu em Paris).
Recorda ainda que a intervenção na escadaria monumental, que se localiza no terreiro ou praça 25 de abril junto à fachada poente do Mosteiro, integra os trabalhos em execução na empreitada em curso de – Mosteiro de Alcobaça, conservação e restauro da fachada poente e fachada norte rebocada – sendo da responsabilidade da Direção-Geral do Património Cultural, DGPC.
O ICOMOS Portugal, após ter sido contactado por algumas entidades que denunciavam os trabalhos em curso como atentado ao património, procedeu junto dos autores do projeto e fiscalização da obra à recolha de informação detalhada sobre a intervenção incluindo os critérios, método, materiais e modo de execução dos trabalhos em curso que constituem a empreitada, devidamente identificada no local. Para além disso, o ICOMOS deslocou-se ainda ao local e analisou a obra in situ.
Pese embora a empreitada tenha como título “conservação e restauro nas fachadas”, a intervenção incide também, na reparação e proteção da escadaria situada a nordeste do Mosteiro. O trabalho na escadaria tem como objetivo a proteção do material pétreo original que se encontra em avançado estado de degradação, com enorme deformação dos degraus, devido a problemas intrínsecos do próprio material exposto às intempéries.
O ICOMOS recorda também que a escadaria mencionada é pouco utilizada, porque apenas acede aos serviços do mosteiro, enquanto a escadaria a poente, frente à igreja e mais utilizada, permite o acesso à igreja e simultaneamente, ao mosteiro cuja entrada se faz através da mesma, mas que situação vai alterar-se. O acesso ao Mosteiro e simultaneamente aos serviços irá ser feita pela escadaria nordeste, retomando-se a entrada pela antiga Portaria Monástica, onde irá funcionar a bilhética e receção ao mosteiro.
No que respeita à entrada na igreja o acesso continuará a ser feito a partir da escadaria poente, como era originalmente no período Monástico. Com esta alteração a igreja deixa de ser um vestíbulo de entrada no Mosteiro e recupera a dignidade de espaço autónomo sagrado que lhe é devido.
Relativamente à obra na escadaria da Ala Norte, o ICOMOS remete para o projeto da DGPC, referindo que “encontrando-se a escadaria nordeste em muito mau estado de conservação e, não sendo possível resolver a deformação dos degraus com substituição parcial em material pétreo similar, como em várias zonas das escadarias tem sido prática, os projetistas optaram por proteger os degraus originais e garantir a segurança dos utentes ao Mosteiro.”
Para a concretização desse objetivo os trabalhos em curso constam de:
– colocação de manta geotêxtil sobre os degraus originais;
– construção em argamassa de cal hidráulica natural NHL 3,5 e areia da forma dos degraus;
– aplicação de placa de borracha de pouca espessura em Neoprene sobre os “degraus em argamassa”, para proteger o desgaste da argamassa e amortecer o peso e consequente erosão sobre o material;
– revestimento dos degraus em chapa de aço Corten de reduzida espessura de forma a constituir uma escadaria contínua.
O ICOMOS ressalva que “esta intervenção não incide na totalidade da escadaria nordeste, mas apenas nos lances laterais esquerdo e direito ficando a zona central totalmente igual. Ao criar um acesso contínuo de ambos os lados da escadaria é possível a utentes destros e canhotos subirem e descerem as escadas em segurança, apoiando-se num corrimão, similar ao existente na escadaria poente e a fixar nas juntas das cantarias.”
Assim, “com esta intervenção ficam protegidos os degraus originais, evitando-se a sua progressiva degradação devido ao aumento de desgaste a que iriam estar sujeitos. Com este método, fica igualmente garantida a reversibilidade da intervenção e a incompatibilidade dos materiais, já que irão ficar separados pela manta geotêxtil e pelo Neoprene. O revestimento final em aço corten irá constituir a superfície de desgaste, que poderá ser substituído integralmente e sempre que necessário, sem dano para os degraus originais, para além de garantirem o acesso em segurança”, prossegue.
Pelos motivos expostos, o ICOMOS Portugal entende que, “ao contrário do que foi denunciado, não se trata de um “atentado ao património”, mas sim de proteger e garantir a materialidade dos degraus originais, construindo de forma reversível, camadas de desgaste e de proteção que permitam o acesso ao monumento em condições mínimas de segurança.”
Contactado pelo Tinta Fresca, o presidente da Comissão Política do PS de Alcobaça, Rui Alexandre, autor da denúncia, garantiu não ter sido ouvido neste parecer do ICOMOS.
Comentários:
Joaé António
Então e a Santa Sé não diz nada nada nada!
Nuno Mendes
Está visto! bye bye camarada da concelhia do PS... porque não tentam aquele rapaz dos carnvavais de outrora? se calhar ainda conseguiam eleger um avariador, só para "chatear" o prezidente miné...