Declaração do neto do General Sem Medo nas comemorações do 25 de abril
"Humberto Delgado condenou a invasão russa da Finlândia e condenaria hoje a invasão da Ucrânia"
2022-04-26 21:30:43
Frederico Delgado, neto do General Humberto Delgado, revelou que o General Sem Medo, fundador da TAP, candidato à Presidência da República e mais tarde assassinado pela PIDE, foi comentador durante a II Guerra Mundial e condenou em 1940 a invasão da Finlândia pela Rússia, garantindo que hoje faria o mesmo com a invasão da Ucrânia. A declaração teve lugar no dia 25 de Abril, junto ao Monumento de Homenagem ao agora Marechal Humberto Delgado, na Cela Velha, concelho de Alcobaça, organizado anualmente pelo Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, mas que já não se realizava há dois anos devido à pandemia.
A invasão da Finlândia, segundo Frederico Delgado, tal como sucede atualmente na Ucrânia, visou intencionalmente alvos civis. A estratégia da então União Soviética passava pelo abatimento moral da população finlandesa, que traria o desmoronar da retaguarda, primeiro, e das frentes militares, no final. Contudo, a resistência finlandesa era feroz e fazia frente ao todo-poderoso invasor russo. Humberto Delgado comentava então que a moral finlandesa estava acima do poderio militar russo, como sucede hoje com os ucranianos que defendem a sua Pátria.
Frederico Delgado compara o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, a outros estadistas que se destacaram na defesa dos seus países contra a Alemanha Nazi, como Winston Churchill ou Charles De Gaulle, que também não aceiraram a rendição dos seus países na II Guerra Mundial.
O Professor universitário condenou os massacres, violações e torturas de civis ucranianos e lamentou que a invasão russa encontre defensores em Portugal, como aconteceu em 1940 com a invasão da Finlândia. Humberto Delgado referia-se a estes comentários como a “guerra das pulgas em elefantes”, deixando também uma crítica àqueles (como o PCP) que em Portugal confundem “pacifismo com rendição a um invasor”, pedindo a estes para reverem a sua posição, recordando uma frase do avô: “Pior do que errar, é insistir no erro.”
Frederico Delgado lamentou os insultos ao Presidente da Ucrânia dirigido por alguns sectores políticos, recordando que Vladimir Zelensky teve tempo para se dirigir aos portugueses, apesar de estar no meio de uma guerra.
Numa nota mais pessoal, Frederico Delgado revelou ter estado recentemente a apoiar uma família ucraniana refugiada na Polónia, que conseguiu fugir com o filho e até os dois gatos mas não o violino da criança, que ficara na Ucrânia. Por intermédio do irmão, o músico Alexandre Delgado, a criança conseguiu obter um violino vindo de Portugal para assim, prosseguir os seus estudos, uma dádiva que deixou a criança e o seu protetor em lágrimas.
“Cada um de vós sente onde está a razão, a verdade e a loucura”, referiu Frederico Delgado, que condenou “a ameaça do ditador Putin ao mundo livre.” E terminou recordando as palavras de Humberto Delgado em 1943: “A Ucrânia é o coração palpitante da Europa e a bandeira da Liberdade.”
Usaram da palavra Afonso Vieira, da organização, Paulo Eusébio, presidente da Junta de Freguesia da Cela, Carlos Marques, presidente da Assembleia Municipal de Alcobaça, e Inês Silva, vice-presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, tendo comparecido à cerimónia cerca de uma centena de pessoas. Como habitualmente, a cerimónia foi sobrevoada por aviões do Aeroclube de Leiria.
Mário Lopes
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