Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/28

Trabalhadores em luta pela melhoria das suas condições de vida e de trabalho

PCP manifesta apoio à greve na empresa Valbopan de Famalicão da Nazaré

Os trabalhadores da Valbopan – unidade sedeada em Famalicão, no concelho da Nazaré – levaram a cabo uma importante jornada de luta, tendo em conta a necessidade urgente da melhoria das suas condições de vida e de trabalho.

A greve aos turnos que se compreenderam entre as seis da manhã de dia 29 e as seis da manhã de dia 30 de abril, paralisaram por completo a produção naquela fábrica de fibras de madeira.

Devidamente representados pelo seu sindicato de classe e pela sua central sindical – a CGTP- IN – os trabalhadores, inabaláveis na sua determinação, não arredaram pé da porta da fábrica durante todo o período da greve.

As reivindicações são muitas, e desde logo as questões salariais colocam-se como matéria central. Os trabalhadores da Valbopan queixam-se dos salários cronicamente baixos, alguns, mesmo trabalhando na fábrica há quase quarenta anos, mantêm-se a ganhar pouco mais do que o salário mínimo.

Há queixas de discriminação salarial na empresa, visto que 11 trabalhadores (chefias) foram aumentados à parte dos restantes, e de incumprimento por parte da administração relativamente aos acordos com a estrutura sindical que representa a maior parte dos trabalhadores daquela unidade.

Garantem os trabalhadores que a progressão nas carreiras e a assunção de novas responsabilidades e tarefas não correspondem aos respetivos aumentos salariais que estariam obrigados a receber. Afirmam que “sobem de categoria, os riscos no trabalho aumentam, mas o salário é sempre o mesmo.” Concretizava melhor um dos trabalhadores: “Eu era operador de máquinas A, passei para condutor de máquinas industriais pesadas e continuei sempre a receber o mesmo!”.

Estes trabalhadores operam com calibradoras e serras de corte de madeiras, ou seja, trabalhos de alto risco. Afirmam que a falta de manutenção das máquinas é grande, tendo em conta que na sua maioria a maquinaria é do início da década de setenta – o que aumenta exponencialmente os riscos de operação e ainda mais se justifica a necessidade de revisão/manutenção.

Questões graves ao nível do tratamento dos acidentes de trabalho também foram reportadas.

Um dos trabalhadores que já passou pela condição de sinistrado revelou o seguinte “Cortei-me nos dedos no turno da seis da manhã, mandaram-me ir para Coimbra no meu carro. Fui, e cheguei à noite a casa sem descansar. Depois toda a gente se queria descartar…”

Apresentaram também queixas de falta de formação interna, insuficiência ao nível das medidas de segurança individuais e coletivas, necessidade urgente de renovação de fardamentos de trabalho, um refeitório que, depois do incêndio ocorrido em abril de 2021, nunca mais foi disponibilizado aos trabalhadores para fazerem as suas refeições condignamente, bem como as casas de banho permanecem sem as condições necessárias para serem usadas pelos trabalhadores.

Afirmaram ainda que há cerca de seis anos deixaram de receber diuturnidades, fator que contribui para desmotivar os trabalhadores quanto à vontade de se fidelizarem à empresa em causa.

Um dos trabalhadores que nunca tinha feito greve, desabafou a sua angústia da seguinte forma “Trabalho aqui há muitos anos e nunca fiz uma greve. Sempre senti que tínhamos que ajudar a empresa com o nosso trabalho, mas do que é que isso me valeu!? Sempre dedicado, sempre pontual, nada de greves, mas o meu salário nunca passou do mesmo! Desta vez decidi – vou fazer greve, e estarei aqui o tempo que for preciso, isto não pode continuar assim, tudo aumenta menos o nosso salário!”

Foi muito significativo verificar no local a coragem, a determinação e a luta destes trabalhadores que, na sua maioria, são residentes nos concelhos de Alcobaça e Nazaré.

Mais uma vez, o PCP e a CDU foi quem esteve ao lado dos trabalhadores em luta por melhores condições de vida – mais nenhuma outra força política se fez representar. O vereador da CDU na Câmara Municipal da Nazaré, João Delgado, acompanhou a greve, apresentou a sua solidariedade para com os trabalhadores em luta e comprometeu-se a lutar ao seu lado, dando visibilidade à luta e às suas necessidades, dentro daquilo que são as suas competências e responsabilidade na referida autarquia.

Logo no mesmo dia, que coincidiu com a sessão ordinária da Assembleia Municipal da Nazaré, na sua primeira intervenção, Samuel Fialho, deputado municipal da CDU, deu grande relevância à questão em causa, iniciando o período antes da ordem do dia com uma forte valorização à luta dos trabalhadores da Valbopan, em Famalicão da Nazaré.

O PCP e a CDU saudaram fortemente, no dia 2 de maio, os trabalhadores da Valbopan, apresentando renovados votos de solidariedade, afirmando que nos dias que correm a coragem e a determinação e organização dos trabalhadores serão elementos centrais para o melhoramento das suas condições de vida e para assegurar o seu futuro!

    Fonte: GT|CDU|Nazaré

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