Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/21

Alcobaça

Monumento ao General Humberto Delgado na Cela Velha vai ser musealizado

Homenagem ao General Humberto Delgado junto ao monumento da autoria do escultor José Aurélio

As comemorações do 49º aniversário do 25 de Abril no concelho de Alcobaça passaram, como é tradição, pela cerimónia de homenagem ao Marechal Humberto Delgado, junto ao monumento em sua memória, na Cela Velha. O Aeroclube de leiria compareceu com quatro aviões a sobrevoar o local.

Estiveram presentes a filha e o neto mais novo do General sem Medo, Iva Delgado e Frederico Delgado, o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Hermínio Rodrigues, o presidente da Junta de Freguesia da Cela, Paulo Eusébio, o presidente do Aeroclube de Leiria, Américo Santos, o escultor José Aurélio e a presidente do Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, Iva Vieira, entidade organizadora da homenagem.

Contudo, coube a José Abreu anunciar uma iniciativa da sociedade civil, um projeto de intervenção no local que pretende associar uma estrutura museológica ao monumento a Humberto Delgado que possa, em permanência, dar o testemunho da vida do General Sem Medo e do contributo que deu para a liberdade. A ideia passa também por criar uma ligação entre os dois polos do monumento para que a parte menos visível não fique esquecida e manter vivo o espírito do 25 de abril tão característico da Cela Velha. A ideia será agora apresentada à Câmara Municipal de Alcobaça para a possa materializar.

Por sua vez, Frederico Delgado Rosa começou por elogiar os pilotos de Leiria que “simbolizam o Humberto Delgado, que vem quando Portugal o chama.” O Professor da Universidade Nova de Lisboa recordou também que se aproxima o cinquentenário da inauguração do monumento de José Aurélio, “fruto da vontade popular do povo da Cela Velha que o financiou, concebeu, aprovou e construiu.”

Passagem de um dos aviões do Aeroclube de Leiria na Cela Velha

Segundo Frederico Delgado Rosa; “este local tem um lugar especial na constelação de praças e ruas por todo o país com o nome de Humberto Delgado. O neto mais novo do General sem Medo lembrou outro lugar especial de evocação do avô, o túmulo do Marechal no Panteão Nacional, que convidou todos a visitarem. “Quando sentirem a necessidade de uma força anímica – e bem estamos precisados dessa força anímica quando vemos o século XXI a reproduzir os piores horrores do século XX e quando vemos a Europa novamente mergulhada numa ameaça de tirania só comparável com a hitleriana – vão lá porque o Panteão é a nossa casa, como a Cela Velha é a nossa casa. Sintam-se em casa e toquem a pedra lioz do mausoléu de Humberto Delgado, como eu faço sempre que lá vou.”

Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça lembrou que o escultor José Aurélio tem dois monumentos ligados ao 25 de abril no concelho de Alcobaça, locais onde esteve neste dia que assinalou a Revolução dos Cravos.

Hermínio Rodrigues evocou também Humberto Delgado como “um homem da democracia e quase 50 anos depois temos de trabalhar todos para construir uma democracia adulta. O autarca recordou os principais valores do 25 de Abril: “a paz, a democracia, a liberdade de pensamento e a solidariedade. Princípios que devem reger toda a conduta humana e servem de pilares para qualquer comunidade.”

O edil saudou, a propósito, a iniciativa laços azuis da CPCJ – Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, que simboliza o sofrimento de todas as crianças, evocando, a propósito, o espírito solidário do Marechal Humberto Delgado. Hermínio Rodrigues confirmou ter tomado boa nota da proposta de intervenção no local e manifestou a esperança de ter dentro de um ano um projeto diferenciador a volta do monumento.

A presidente do Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, também interveio na cerimónia, alertando que “um rancho não pode ser entendido como uma cultura menor, tem como obrigação preservar os usos e costumes da região, o património da região e estar sempre atento ao que se passa socialmente na sua localidade.”

Para Iva Vieira, “isto não é só cantar e dançar, é muito mais profundo. Gostava que entendessem isso porque começa a haver muita vergonha em vestir roupas tradicionais. As roupas não são mais do que a forma como vestiam e viviam os nossos pais e os nossos avós. Se eu estiver no teatro, terei também de me vestir ou despir consoante a peça que estiver a fazer. É isso que se apela as pessoas. Cultura é muito importante, mesmo que seja de raiz e de origem. Não podemos abdicar dela nem molestá-la”, concluiu.

A finalizar, Rui Alexandre usou da palavra para lembrar e homenagear Maximino Serra, ajudante de campo do General Humberto Delgado e combatente antifascista, recentemente falecido, que foi presença assídua durante décadas nestas comemorações anuais na Cela Velha. A cerimónia encerrou com um minuto de silêncio de homenagem ao resistente antifascista.

   Mário Lopes

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