Alcobaça
Monumento ao General Humberto Delgado na Cela Velha vai ser musealizado
2023-05-04 13:24:43
As comemorações do 49º aniversário do 25 de Abril no concelho de Alcobaça passaram, como é tradição, pela cerimónia de homenagem ao Marechal Humberto Delgado, junto ao monumento em sua memória, na Cela Velha. O Aeroclube de leiria compareceu com quatro aviões a sobrevoar o local.
Estiveram presentes a filha e o neto mais novo do General sem Medo, Iva Delgado e Frederico Delgado, o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Hermínio Rodrigues, o presidente da Junta de Freguesia da Cela, Paulo Eusébio, o presidente do Aeroclube de Leiria, Américo Santos, o escultor José Aurélio e a presidente do Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, Iva Vieira, entidade organizadora da homenagem.
Contudo, coube a José Abreu anunciar uma iniciativa da sociedade civil, um projeto de intervenção no local que pretende associar uma estrutura museológica ao monumento a Humberto Delgado que possa, em permanência, dar o testemunho da vida do General Sem Medo e do contributo que deu para a liberdade. A ideia passa também por criar uma ligação entre os dois polos do monumento para que a parte menos visível não fique esquecida e manter vivo o espírito do 25 de abril tão característico da Cela Velha. A ideia será agora apresentada à Câmara Municipal de Alcobaça para a possa materializar.
Por sua vez, Frederico Delgado Rosa começou por elogiar os pilotos de Leiria que “simbolizam o Humberto Delgado, que vem quando Portugal o chama.” O Professor da Universidade Nova de Lisboa recordou também que se aproxima o cinquentenário da inauguração do monumento de José Aurélio, “fruto da vontade popular do povo da Cela Velha que o financiou, concebeu, aprovou e construiu.”
Segundo Frederico Delgado Rosa; “este local tem um lugar especial na constelação de praças e ruas por todo o país com o nome de Humberto Delgado. O neto mais novo do General sem Medo lembrou outro lugar especial de evocação do avô, o túmulo do Marechal no Panteão Nacional, que convidou todos a visitarem. “Quando sentirem a necessidade de uma força anímica – e bem estamos precisados dessa força anímica quando vemos o século XXI a reproduzir os piores horrores do século XX e quando vemos a Europa novamente mergulhada numa ameaça de tirania só comparável com a hitleriana – vão lá porque o Panteão é a nossa casa, como a Cela Velha é a nossa casa. Sintam-se em casa e toquem a pedra lioz do mausoléu de Humberto Delgado, como eu faço sempre que lá vou.”
Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça lembrou que o escultor José Aurélio tem dois monumentos ligados ao 25 de abril no concelho de Alcobaça, locais onde esteve neste dia que assinalou a Revolução dos Cravos.
Hermínio Rodrigues evocou também Humberto Delgado como “um homem da democracia e quase 50 anos depois temos de trabalhar todos para construir uma democracia adulta. O autarca recordou os principais valores do 25 de Abril: “a paz, a democracia, a liberdade de pensamento e a solidariedade. Princípios que devem reger toda a conduta humana e servem de pilares para qualquer comunidade.”
O edil saudou, a propósito, a iniciativa laços azuis da CPCJ – Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, que simboliza o sofrimento de todas as crianças, evocando, a propósito, o espírito solidário do Marechal Humberto Delgado. Hermínio Rodrigues confirmou ter tomado boa nota da proposta de intervenção no local e manifestou a esperança de ter dentro de um ano um projeto diferenciador a volta do monumento.
A presidente do Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, também interveio na cerimónia, alertando que “um rancho não pode ser entendido como uma cultura menor, tem como obrigação preservar os usos e costumes da região, o património da região e estar sempre atento ao que se passa socialmente na sua localidade.”
Para Iva Vieira, “isto não é só cantar e dançar, é muito mais profundo. Gostava que entendessem isso porque começa a haver muita vergonha em vestir roupas tradicionais. As roupas não são mais do que a forma como vestiam e viviam os nossos pais e os nossos avós. Se eu estiver no teatro, terei também de me vestir ou despir consoante a peça que estiver a fazer. É isso que se apela as pessoas. Cultura é muito importante, mesmo que seja de raiz e de origem. Não podemos abdicar dela nem molestá-la”, concluiu.
A finalizar, Rui Alexandre usou da palavra para lembrar e homenagear Maximino Serra, ajudante de campo do General Humberto Delgado e combatente antifascista, recentemente falecido, que foi presença assídua durante décadas nestas comemorações anuais na Cela Velha. A cerimónia encerrou com um minuto de silêncio de homenagem ao resistente antifascista.
Mário Lopes
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