Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/23

Opinião

A cidade das Caldas da Rainha e o seu futuro

Jorge Mangorrinha

O novo Hospital do Oeste foi localizado, politicamente, no concelho do Bombarral. Se se concretizar em obra, pergunto: O que fazer das Caldas da Rainha, em articulação com o funcionamento do Hospital Termal, o mais antigo do mundo, e a sua identidade secular ligada à saúde?

Estou convicto de que o futuro de qualquer território concelhio se suporta na visão integrada da autarquia; a visão da autarquia suporta-se na visão informada e esclarecida dos seus autarcas; e a visão dos seus autarcas suporta-se na capacidade de ouvir, pensar e fazer bem. E, também, de que o termalismo e todas as atividades que se lhe associam direta ou indiretamente são a base de uma cultura e de uma economia distintas para as Caldas da Rainha no quadro regional e nacional.

Porém, a exiguidade da oferta atual, face à grande procura (em espera), obriga à conceção e à construção de um novo balneário termal, não só para as Caldas, como, também, para o país e com possibilidades de reconhecimento internacional. As atuais premissas implicam novas áreas e novas relações funcionais, bem como materiais e equipamentos modernos e uma melhor operacionalização de serviços, aspetos que o Hospital Termal, tal como se apresenta, não consegue atingir como promessa de futuro. Os recursos humanos devem estar preparados científica e tecnicamente, bem como em termos do relacionamento social. E os programas de bem-estar não se devem sobrepor ao termalismo clássico com apoio médico.

Em simultâneo, o espaço extravasa o balneário, pela importância ambiental, cultural e económica da envolvente urbana, e deve ser cuidado com desvelo. Um microcosmo denominado “Parque das Artes e da Saúde das Caldas da Rainha” confere uma maior dimensão espacial ao projeto e reforçará a legibilidade do valor histórico e cultural de uma unidade territorial que, através das artes e do termalismo, diferencia Caldas da Rainha da generalidade das cidades médias portuguesas. A saber:

  1. Que faça recuperar o tempo perdido e o estatuto de cidade termal, harmoniosa e integradora;
  2. Que faça nascer um novo balneário termal, com o conhecimento do que se faz ao nível do projeto, do investimento e da gestão, ou seja, abrindo uma nova contemporaneidade através do termalismo, de que a cidade tanto necessita.

Como recomendações e ações necessárias, à escala da cidade, temos:

  1. Preservar o Conjunto Termal e o Centro Histórico na essência das suas características ambientais e patrimoniais;
  2. Incrementar as normas de identificação, proteção e salvaguarda dos elementos de valor arquitetónico, histórico e arqueológico;
  3. Salvaguardar o Parque D. Carlos I, com a necessidade de espaços alternativos para eventos (Parque de Exposições) por conflito de usos, pela necessidade de salvaguarda patrimonial e pela necessidade de estacionamento;
  4. Eliminar as dissonâncias no ambiente urbano, definindo os critérios e situações a ser retificadas de forma a restabelecer a coerência formal do conjunto onde se inserem;
  5. Definir as condições e regras de introdução de equipamentos de aproveitamento de energias renováveis na construção, preservando os valores patrimoniais;
  6. Valorizar a estrutura ecológica e o património hidrogeológico;
  7. Promover a recuperação dos espaços públicos, tendo em consideração o significado histórico e ambiental do local.

Um termalismo melhor beneficia toda a cidade. Uma cidade melhor beneficia todo o concelho.

    Jorge Mangorrinha

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