Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/21

"Where are you?"

Artista plástica romena Florentina Voichi expõe no Mosteiro da Batalha

Cartaz

Florentina Voichi, uma das mais reputadas artistas romenas, expõe na Galeria do Mosteiro da Batalha (antiga cozinha conventual). Esta iniciativa conta com o patrocínio do Instituto Cultural Romeno em Lisboa e Embaixada Romena. A exposição “”Where are you?” é inaugurada no dia 9 de setembro pelas 16h00 e estará patente até 31 de dezembro.

Florentina Voichi nasceu em Craiova em 1953. Licenciou-se em 1977 pelo Instituto de Belas Artes Nicolae Grigorescu de Bucareste. Desde 1991 é membro da União dos Artistas Plásticos da Roménia. Vive e trabalha em Bucareste. Depois de se licenciar, participa em exposições individuais e coletivas, mas a parte mais importante da sua carreira acontece a partir de 2012, com exposições individuais no Palácio “Brancoveanu” de Mogosoaia, Centro Cultural Internacional George Apostu de Bacău, Galeria Simeza de Bucareste, Museu Distrital de Târgu Jiu, Galeria Tipografia de Bucareste, Museu de Arte de Craiova, Museu Nacional de Arte da Moldova de Quichinau, Palácio da Cultura de Iași, Galeria Leilei de Bucareste. Em 2007, publica o livro Cartea Pictorei (O Livro da Pintora) na Editora Vinea Bucareste, que inclui um estudo documentado sobre pintura, destinado a servir como material didático no ano em que lecionou História da Arte no Instituto Media Pro, Faculdade de Cinema. As suas pinturas afirmam uma investigação contínua no domínio de um figurativo essencializado, uma recomposição ou distorção da realidade para revelar o que existe além do olhar imediato. Ultimamente, a artista tem acrescentado o expressionismo abstrato às suas formas de expressão. Em 2020 participa na Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Cerveira, Portugal e em 2022 apresenta a exposição Where are you? na galeria do Instituto Cultural Romeno em Lisboa.

Florentina Voichi sempre considerou a pintura como uma área de investigação, uma investigação sobre o mundo circundante, sobre a influência da luz para chegar a um ponto de vista abrangente, que de outra forma não é possível alcançar. A artista analisa a condição humana, a criação – símbolo dos primeiros seres humanos, Eva e Adão, que, a seu ver, estão colocados num Paraíso tenso, trágico, mas também espetacular e surpreendente. Toda a sua existência ulterior, milenar testemunhará nesse sentido. O conhecimento que lhes é dado, longe de ser pecado, será a luta para evoluir e, mais difícil ainda, para se descobrirem a eles próprios. A prática da investigação, com obstinação, traz do aparente vazio de possibilidades soluções surpreendentes e fascinantes para Florentina Voichi. A partir do estudo de uma cortina preta, a artista foi em busca do outro ou talvez do alter ego. A exploração do ser fê-la confrontar-se com o problema das distâncias, por um lado aquelas aumentadas pelas afinidades que moldam a condição da amizade, e, por outro lado, as criadas pela idade biológica.

Ao viver como ser humano, sem o conforto do desapego budista ou o da reconciliação cristã, senti os desastres que se abateram sobre o corpo humano com o passar do tempo nas mais dolorosas nuances. Relacionei-me, na história das artes, com a pintura de Tintoretto “Susana e os Velhos”, ao imaginar o corpo de Susana como uma luz, a uma distância imensurável dos olhos dos mais velhos, na penumbra ameaçadora, reformulando de certo modo o equilíbrio eros-thánatos. O tema desta exposição é o relato honesto que julgo necessário fazer quanto a alguma classificação da condição humana. A pintura tem a qualidade de revelar na beleza da sua materialidade nuances mais sutis do que as palavras ou o som conseguem. (Florentina Voichi)

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