O financiamento do Funicular da Pederneira está assegurado e a obra já pode arrancar A Comissão Europeia aprovou a reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), um programa de aplicação nacional, com um período de execução até 2026, onde se inclui o investimento da Nazaré.

“Esta é uma semana que ficará para a história do desenvolvimento do nosso concelho como uma pedra basilar na política de mobilidade verde e de carbono zero a nível nacional. Não repito os agradecimentos de quarta-feira, porque não existem mais palavras para expressar o que sinto neste momento”, disse, esta sexta-feira, dia 22 de setembro, o presidente da Câmara da Nazaré, Walter Chicharro, acrescentando que esta “obra vai mesmo nascer”.

O primeiro-ministro, António Costa, veio, na quarta-feira, à Nazaré, no âmbito da iniciativa do “Governo +Próximo”, que decorreu no Distrito de Leiria, para presidir à sessão pública de apresentação do Funicular da Pederneira, um projeto que começou a ser planeado há alguns anos pelo Município da Nazaré com a MPT- Empresa de planeamento urbano e gestão da mobilidade, pioneira em Portugal em mobilidade urbana inclusiva.

Este novo funicular, que faz parte de um sistema de mobilidade integrado para o concelho, “permitem que se possa fixar para a Nazaré essa ambição da primeira vila carbono zero,” disse, no dia 20 de Agosto, António Costa, durante a apresentação do Funicular da Nazaré, na Biblioteca Municipal José Soares, na Nazaré..

Hoje ficou a conhecer-se a decisão de Bruxelas, que foi de aprovação da reprogramação do PRR português, que inclui áreas de investimento como: o reforço da competitividade da economia e o apoio à transição energética, como é o caso do Funicular da Pederneira. “A utopia pela qual tanto lutei para se concretizar, soubemos, hoje, que vai ser uma realidade face a aprovação do financiamento por parte da Comissão Europeia. É enorme a felicidade que sinto neste momento”, diz Walter Chicharro.

Projeto do Funicular da Nazaré atravessou três mandatos autárquicos

O secretário de Estado da Mobilidade Urbana foi o primeiro orador da sessão de apresentação do Funicular da Nazaré. Jorge Delgado recordou a canção Liberdade, de Sérgio Godinho, defendendo que ao refrão “a paz, o pão, habitação, saúde e educação” se poderia acrescentar hoje a mobilidade por ser considerada um direito fundamental dos cidadãos, priorizando o transporte público, dada a menor pegada ambiental, devendo o automóvel ser a última opção, no caso de falharem toda as outras.

Jorge Delgado recordou que esta é uma forte aposta deste Governo, que consagra 4,8 mil milhões de euros aos investimentos na área da mobilidade urbana, incluindo o Funicular da Nazaré.

Walter Chicharro admitiu que o projeto do Funicular da Nazaré começou por ser encarado como um sonho ou uma utopia, dado o volume do investimento, mas que nunca desistiu, tendo como parceiro a empresa de arquitetura MPP, que estudou e desenhou a obra desde a primeira hora.  O presidente da Câmara Municipal da Nazaré, que cumpre o terceiro e último mandato, garantiu que “tudo farei para cumprir as utopias e serei utópico até ao último minuto.”

Em representação da empresa MPT, Paula Teles revelou que 80% da população da Nazaré se desloca de automóvel dentro da vila, mas que 60% das deslocações são inferiores a 2 km. Nesse sentido, o Funicular vai permitir o acesso de residentes e turistas da zona alta da Perneira à zona da praia, onde estão sediados serviços públicos fundamentais como o Centro de Saúde, a Biblioteca Municipal e muito do comércio e serviços da vila balnear.

Coube à ministra da Presidência fazer o balanço da aplicação dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. Mariana Vieira da Silva revelo que o Governo já efetuou o pagamento de 16% dos projetos do PRR, no montante de 2580 milhões de euros e que 86% das verbas já têm projetos aprovados.

Mariana Vieira da Silva recordou que o PRR cresceu dos 16 mil milhões para os 22 mil milhões de euros, em virtude da necessidade de atualizar preços das matérias-primas e mão de obra, devido à inflação “importada” do conflito decorrente da invasão russa da Ucrânia, e para cobrir outras áreas de intervenção fundamentais, como o apoio `transição energética. Só no caso da mobilidade sustentável, os fundos europeus aumentaram de 960 para 1550 milhões de euros.

A finalizar, António Costa enfatizou a aposta do Governo na mobilidade elétrica, dando como exemplos as 4 linhas de metro de Lisboa, as 4 linhas de metro do Porto, e as linhas de metro de superfície entre Coimbra e a Lousã, entre Braga, Barcelos e Guimarães e a linha do Algarve, entre Olhão, Faro e Loulé.

O primeiro-ministro terminou a sessão, aconselhando as entidades envolvidos no projeto do Funicular da Nazaré a “arregaçarem desde já as mangas porque provavelmente, se começarem dentro de 15 dias já será tarde.” Pecou por defeito, não foram duas semanas, foram dois dias.

     Mário Lopes
  (Com GCI|CMN)