Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/21

Manuel Heitor presidiu a abertura da conferência internacional promovida pelo Politécnico de Leiria

Ministro aposta em universidades europeias na transição para uma sociedade verde e digital

Manuel Heitor

«A ideia das universidades europeias é mais importante que nunca para construir o próximo passo do projeto europeu, através da disponibilização de ambientes diferentes, mas também mediante o envolvimento dos estudantes na construção desse entendimento da diversidade em toda a Europa, que devemos preservar e entender», afirmou Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, na abertura da conferência internacional “Universidades Europeias: transformação pioneira na educação, investigação e inovação”, promovida pelo Politécnico de Leiria, em parceria com o Ministério, ontem, dia 14 de abril, em formato online.

Organizada sob a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), a conferência reuniu representantes de Universidades Europeias, incluindo reitores, presidentes e coordenadores, mas também estudantes, investigadores, profissionais académicos e representantes da Comissão Europeia e Estados-membros, bem como stakeholders da área económica e sociedade em geral.

Lançada pela Comissão Europeia no âmbito do Espaço Europeu 2025, a iniciativa “Universidades Europeias” propõe a criação “bottom-up” de redes de Instituições de Ensino Superior da UE. Atualmente existem 41 Universidades Europeias, com a participação de sete instituições portuguesas, onde está incluído o Politécnico de Leiria, que lidera a Regional University Network – European University (RUN-EU).

«Durante os últimos 20/30 anos percebemos em toda a Europa o quão importante é a mobilidade de estudantes e o intercâmbio de profissionais para a investigação e inovação, e para o desenvolvimento de programas conjuntos para ajudar a criar uma cultura europeia, e criar aquilo que entendemos ser os valores europeus, e ainda construir relações de confiança entre os jovens e o desenvolvimento das nossas regiões», referiu Manuel Heitor, destacando a diversidade entre as várias regiões europeias.

Rui Pedrosa

«Um dos elementos importantes dos valores europeus é a diversidade das diferentes regiões. E esta diversidade deve ser preservada, mas também precisa de ser criada como um dos valores desta cultura europeia. É preciso, sobretudo, entender a necessidade de diversificar e especializar as diferentes regiões, sendo as instituições e as universidades fundamentais para a construção destas relações», defendeu o ministro do Ensino Superior, sublinhando o papel da RUN-EU, liderada pelo Politécnico de Leiria.

«Esta aliança tem-se destacado por reunir autoridades regionais e locais, instituições de ensino superior, líderes e protagonistas sociais e económicos nas regiões envolvidas. O papel das universidades europeias é particularmente importante em diversificar e facilitar a especialização da nossa economia para uma sociedade verde e digital», afirmou o responsável, fazendo uma alusão às prioridades da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.

Themis Christophidou, diretora-geral para a Educação, Juventude, Desporto e Cultura da Comissão Europeia, interveio igualmente na sessão de abertura da conferência, onde deu ênfase à necessidade de criar uma área da educação europeia. «Alcançar esta área até 2025 significa que os estudantes, académicos e investigadores estão habilitados a estudar e trabalhar em todo o continente, e permite às instituições colaborar na Europa e além-fronteiras europeias. Se considerarmos os nossos direitos europeus de liberdade de circulação e o direito de trabalhar em qualquer zona europeia, bem como a nossa interação diária com o mercado único europeu, uma área educacional não é inatingível. No entanto, ainda há trabalho a fazer, para assegurar que existe cooperação entre as instituições de ensino de todos os membros da UE», realçou Themis Christophidou.

A representante da Comissão Europeia agradeceu ainda ao Politécnico de Leiria e à Presidência Portuguesa pela dinamização do evento. «Quero agradecer-vos por esta oportunidade. Estou convencida que juntos podemos atingir uma visão ambiciosa da iniciativa das Universidades Europeias e suportar as instituições de ensino superior em toda a Europa», referiu, destacando o trabalho da RUN-EU.

«A Regional University Network vai ser uma força para a transformação do ensino superior, tendo em consideração as necessidades regionais, e abordando as disparidades regionais na educação, na investigação e na inovação. O memorando assinado entre os membros da RUN-EU e os representantes dos Governos Regionais é um verdadeiro compromisso do papel ativo que esta aliança terá na transformação social das regiões, suportada por visões a longo prazo, com uma multiplicidade de compromissos assumidos pelos diferentes parceiros. A RUN-EU vai contribuir para construir uma zona europeia para o desenvolvimento inter-regional», sublinhou Themis Christophidou,

Após a abertura da conferência decorreu o primeiro painel, subordinado ao tema “O potencial de transformação das Universidades Europeias”, onde Sophia Eriksson-Waterschoot, diretora da Juventude, Educação e Erasmus+ da Comissão Europeia, destacou que «as universidades europeias têm o potencial de acionar uma forte e estratégica operação entre as instituições parceiras e, ao mesmo tempo, juntar todas as suas missões: educação, investigação e inovação, e estar ao serviço da sociedade».

«As universidades europeias são as alianças mais ambiciosas na Europa e, possivelmente, no mundo, no que toca à confiança e entendimento entre as instituições de ensino superior, e em termos de qualidade. É por isso que podemos esperar um grande impacto e esperar uma inspiração de toda a comunidade do ensino superior. Podemos esperar que as universidades europeias liderem o caminho para um futuro com instituições de ensino superior resilientes», apontou Sophia Eriksson-Waterschoot.

O potencial das universidades europeias para «conectar instituições e trabalhar em conjunto para melhorar e desenvolver as comunidades» foi um dos pontos destacados por Màrius Martínez, vice-presidente para as Relações Internacionais da Universidade Autónoma de Barcelona e presidente da ECIU – European University, que participou no primeiro painel.

Por sua vez, Daniela Trani, diretora da YUFE Alliance – Maastricht University, realçou o trabalho desenvolvido naquela universidade europeia, que se destaca «pela diversidade geográfica e pela diversidade de especialidades das várias instituições que pertencem à aliança». «As universidades precisam de trabalhar com a sociedade, algo que temos feito desde o início. Temos estado a construir o primeiro programa de educação que irá suportar os nossos estudantes, não só enquanto académicos, mas também enquanto futuros profissionais», realçou.

Diretamente da cidade do Porto, João Rocha, presidente do Politécnico do Porto e coordenador da ATHENA – European University, destacou os alcances que aquela aliança pretende atingir na educação e na sociedade. «Na educação pretendemos transformar o ensino superior, que se pretende flexível, aberto e individual na aprendizagem, promovendo uma aprendizagem ao longo da vida e proporcionando uma efetiva resposta às mudanças e necessidades do mercado laboral. Já na sociedade queremos promover sinergias na investigação e parcerias entre as instituições de ensino superior e o setor empresarial, levando os estudantes para atividades de investigação que apresentem soluções às empresas», apontou.

Também Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria e coordenador da RUN-EU, participou no primeiro painel, onde apresentou e destacou os pontos fortes da Universidade Europeia, nomeadamente o desenvolvimento de Future and Advanced Skills Academies, para o desenvolvimento de metodologias inovadoras e programas que desenvolvam as competências avançadas necessárias para as profissões do futuro, a criação de programas avançados de curta duração que vão suportar uma aprendizagem mais flexível, que integrarão os cursos, mas também serão utilizadas para a requalificação e qualificação avançada de profissionais, e a criação de um Centro de Inovação Europeu em Mobilidade e três hubs de inovação europeus, centrados na indústria do futuro e no desenvolvimento regional sustentável, na bioeconomia e na inovação social.

«Os nossos planos vão transformar o ensino superior na Europa, pois contamos com o grande envolvimento dos nossos estudantes, que vão cocriar o futuro da RUN-EU. Os estudantes vão participar ativamente não só nas várias atividades e programas da Universidade, mas também no Student Advisor Board, que contará com 15 estudantes de cada instituição, 10 estudantes europeus e cinco internacionais, que vão ter à disposição um vasto leque de atividades para estimular a multiculturalidade», afirmou Rui Pedrosa, realçando que, para serem atingidos os objetivos da Universidade Europeia, é necessário «um forte envolvimento e suporte da Comissão Europeia, mas também das diferentes regiões e dos estados membros da UE».

A representar a EUA – European University Association esteve Anna-Lena Claeys-Kulik, que destacou a colaboração como a chave da visão da aliança para 2030. «Durante o último ano temos construído uma visão do que devem ser as universidades europeias em 2030, baseada em contribuições de mais de 100 visionários, membros das nossas instituições, e de outros setores. E esta visão não é um modelo único, pois sabemos que as instituições e as universidades de toda a Europa têm as suas diferenças. Mas esta visão é a essência das principais ideias e objetivos que estas universidades querem atingir, apesar das diferenças entre si e das diferentes circunstâncias de cada uma», afirmou Anna-Lena Claeys-Kulik, destacando os três objetivos principais da visão das universidades europeias para 2030: abertura, sustentabilidade e autonomia.

A encerrar o primeiro painel, Stéphane Lauwick, presidente da EURASHE – European Association of Institutions in Higher Education, destacou o papel da sua aliança para promover uma «visão futura do ensino superior, aberta e flexível, que cumpre uma missão diversificada e que reflete e responde às necessidades da sociedade». «Identificamos as universidades europeias como uma iniciativa significativa para identificar novas abordagens e modelos para a investigação no ensino superior e para suportar as comunidades regionais e locais», afirmou.

“Como as Universidades Europeias podem promover competências para uma sociedade mais verde, digital e inclusiva” foi o tema do segundo painel, tendo ainda sido debatidas as temáticas “Competências avançadas e do futuro para a transformação da sociedade” e “O papel das Universidades Europeias na liderança dos ecossistemas regionais de inovação”.

A conferência internacional contou ainda com uma cerimónia de assinatura do Memorando de Entendimento, que consiste num acordo entre os membros da Universidade Europeia (RUN-EU), liderada pelo Politécnico de Leiria, e representantes dos Governos Regionais sobre a visão a longo prazo e a construção da EZ-ID – Zona Europeia para o Desenvolvimento Inter-regional.

«A ciência e o conhecimento são globais, não têm barreiras e são completamente dependentes de redes internacionais que precisam de contribuir cada vez mais para a interdisciplinaridade e multiculturalidade. A pandemia revelou que apenas com ciência e conhecimento é possível combater este tipo de desafios globais», afirmou Rui Pedrosa no encerramento da conferência. «Precisamos de uma Europa com mobilidade sem barreiras para estudar, para trabalhar e para viver, e as universidades europeias vão contribuir para isso. As universidades europeias são necessárias para transformar a educação, a investigação e a inovação ao serviço da sociedade», concluiu.

A encerrar o evento esteve também o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Sobrinho Teixeira, que realçou a importância da conferência para «demonstrar o modo como as instituições de ensino superior conseguem estar envolvidas ativamente e estabelecer a sua ligação com a sociedade». «É importante encorajar um ensino inovador e uma aprendizagem prática que valorize o projeto educacional, adaptado a um sistema de educação diferente e vasto, focado na diversificação das metodologias pedagógicas», defendeu o secretário de Estado.

  Fonte: Midlandcom

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