Biotecnologia marinha afirma-se como uma solução para problemas agrícolas
Estudantes do Politécnico de Leiria apresentam soluções para proteger e melhorar produções agrícolas da região Oeste
2024-06-08 11:12:54
Os estudantes do mestrado em Biotecnologia dos Recursos Marinhos, da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche (ESTM) do Instituto Politécnico de Leiria, apresentaram três projetos inovadores para o desenvolvimento de produtos e serviços que solucionem problemas agroindustriais agravados pelas alterações globais, tendo por base a utilização de organismos marinhos. Os projetos foram desenvolvidos no âmbito da terceira edição da Blue & Green Academy, tendo sido apresentados na terça-feira, 4 de junho.
Apoiados por mentores da indústria e da academia, bem como por investigadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE-IPLeiria), os estudantes desenvolveram e exploraram soluções de origem marinha para o setor agrícola. Um dos projetos apresentados pelos estudantes confirmou o potencial das microalgas como bioestimulantes de plantas com propriedades antifúngicas, ao passo que outro grupo apresentou um produto que permite a libertação prolongada de um extrato de macroalgas, eficaz contra microorganismos patogénicos. Já no terceiro projeto foi desenvolvido um revestimento para sementes, destinado a promover a saúde e a produtividade das plantas.
Ao longo de dois meses, os estudantes tiveram a oportunidade de interagir com a indústria e a academia em sessões concebidas para aumentar a sua compreensão dos problemas enfrentados por diferentes tipos de produção agrícola. Durante este período, os estudantes tiveram também a possibilidade de testar algumas das soluções em pequena escala, podendo agora aprofundar os resultados obtidos.
“No Politécnico de Leiria acreditamos firmemente no poder da colaboração entre academia e indústria para impulsionar a inovação e preparar os nossos estudantes para os desafios do mundo real. Aqui estimulamos os estudantes a pensarem de forma criativa e a encontrarem soluções para problemas reais da sociedade, proporcionando-lhes uma oportunidade valiosa de interagirem com mentores da indústria e academia. Esta abordagem não apenas enriquece a experiência pedagógica, mas também os capacita com os conhecimentos necessários para responderem aos desafios que o país enfrenta”, destaca Marco Lemos, professor no mestrado de Biotecnologia dos Recursos Marinhos e responsável pela Blue & Green Academy.
Promovida pela ESTM, a Blue & Green Academy tem contado com a colaboração de diversas instituições nacionais e internacionais e parceiros da indústria, com o objetivo de responder a desafios societais emergentes.
“A grande aposta da ESTM é claramente na definição de novos contextos de ensino/aprendizagem, que permitam implementar medidas de inovação pedagógica, assim como proporcionar aos seus estudantes um ecossistema de ensino-aprendizagem baseado em desafios reais colocados pela indústria. Através desta abordagem, é possível dotar os estudantes das competências e conhecimentos mais valorizados pelos futuros empregadores, facilitando a sua inserção na vida ativa e o sucesso no desempenho das duas funções. Além do mais, a ligação estreita entre a formação e a participação ativa em projetos de I&D de excelência desenvolvidos pelas unidades de investigação associadas à ESTM, como é o caso do MARE-Politécnico de Leiria, proporciona uma aprendizagem ativa e relacionada com desafios societais”, afirma Sérgio Leandro, diretor da ESTM.
A Blue & Green Academy foi integrada este ano no projeto ‘OCEANFIRE – Apagar o fogo bacteriano com o mar’. Liderado pela investigadora Carina Félix, do Politécnico de Leiria, o consórcio do projeto inclui a empresa CAMPOTEC IN, a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Financiado pela Fundação Amélia de Mello, que distinguiu o OCEANFIRE com o prémio de empreendedorismo em 2023, o projeto visa explorar resultados laboratoriais promissores no uso de uma alga marinha como potencial solução para combater o fogo bacteriano. Esta doença, causada por uma bactéria, ameaça dizimar os pomares de pera da região Oeste nos próximos anos.
“A produção agrícola global está a enfrentar uma série de desafios, desde o abandono da atividade até às mudanças climáticas. Estas últimas têm resultado numa escassez global de água, um aumento da incidência de pragas e uma diminuição da produtividade das culturas. A colaboração com instituições como o Politécnico de Leiria e o envolvimento criativo dos estudantes da ESTM no desenvolvimento de soluções para as empresas são cruciais para impulsionar a inovação e o conhecimento. Este esforço conjunto tem o potencial de gerar um impacto positivo significativo na economia das empresas da região”, refere Délio Raimundo, da CAMPOTEC IN – Conservação e Transformação de Hortofrutícolas.
Fonte: On-It!
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