No debate organizado pela SEDES e NERLEI
Partidos levam propostas para o distrito de Leiria na economia, transportes e habitação
2025-05-16 01:30:45

Candidatos e moderador
A SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social e a NERLEI CCI – Associação Empresarial da Região de Leiria / Câmara de Comércio e Indústria, organizaram, no dia 26 de abril, um debate no Edifício NERLEI, em Leiria, com os cabeças de lista às eleições legislativas pelo círculo de Leiria”.
Participaram no debate os candidatos Margarida Balseiro Lopes (AD), Eurico Brilhante Dias (PS), Gabriel Mithá Ribeiro (Chega), André Abrantes Amaral (IL), Fernando Rosas (BE), Inês Pires (Livre), João Paulo Delgado (CDU) e Rodrigo Andrade (PAN). A moderação esteve a cargo de André Batoca (SEDES).
O debate seguiu a ordem do peso eleitoral dos partidos no distrito. Margarida Balseiro Lopes manifestou-se favorável à criação de um centro logístico no distrito, na freguesia do Carriço, concelho de Pombal, e da transformação do Instituto Politécnico de Leiria em Universidade de Leiria e Oeste, lembrando que o IPL já cumpre critérios de excelência que caucionam essa transformação.
A atual ministra da Juventude e da Modernização Administrativa informou que o Governo já pediu um estudo para se concretizar a ligação da Linha do Oeste a Lisboa. Margarida Balseiro Lopes defendeu também a requalificação do IC8, lembrando que houve 26 acidentes e três mortes, só nos últimos três meses. A candidata esclareceu que esta medida se insere nas quatro prioridades sociais do Governo: combate à violência doméstica, ao consumo de drogas, aos sem-abrigo e à sinistralidade rodoviária.
Relativamente à Habitação, Margarida Balseiros Lopes reconheceu que o Governos PS lançou o programa 1ºDireito e a Estratégias Locais de Habitação, mas lamentou que não tenha construído casas. A candidata criticou o programa socialista, garantindo que as verbas destinadas à construção de 59 mil casas eram irrealistas, dado que o preço médio de construção não poderia superar os 59 mil euros. Defende um IVA para a construção de 6%.
Eurico Brilhante Dias começou por considerar que o distrito de Leiria é muito suscetível às tarifas norte-americanas decretadas por Donald Trump e alertou que fechar a economia vai causar falências e desemprego. O candidato do Partido Socialista reconheceu existir no distrito um problema com a capitalização das empresas e quer uma rede ferroviária para servir as indústrias, nomeadamente, no setor da pedra.
O ex-secretário de Estado da Internacionalização congratulou-se por as autoestradas A13 e A13-1 já não terem portagens e garante que irá propor a isenção de portagem também para a A19.
Gabriel Mithá Ribeiro defende uma redução de impostos e uma ligação do distrito ao porto da Figueira da Foz. O candidato do Chega comparou as tarifas americanas à queda do Mundo de Berlim, considera serem necessárias para o reequilíbrio do comércio internacional e recusa que Trump seja um inimigo da Europa.
O atual secretário para a Mesa da Assembleia da República defendeu o projeto “Parlamento Próximo”, promovido pelo presidente José Pedro Aguiar Branco, que levou parlamentares a cidade e vilas de todo país, considerando-o importante valorizar o papel da Assembleia da República. O candidato do Chega considera ter havido um descalabro financeiro no Ministério da Educação, com o alargamento dos currículos e defende a reversão desta política. Criticou ainda a decisão do anterior Governo de passar a tutela das escolas para as câmaras municipais, considerando-a um alijar de responsabilidades da tutela.
Gabriel Mithá Ribeiro critica a indisciplina nas escolas, bem como o que considerou tempo excessivo que os alunos passam na escola, privando os alunos do convívio com as famílias. O candidato do Chega defende um reforço da autoridade do professor nas escolas e considerou que a autoridade do professor estava sólida durante o Estado Novo, concluindo estar-se perante a mais grave crise institucional da história. Pediu ainda um debate sobre a situação no ensino superior, que considera crítica.
Relativamente à habitação, o candidato do Chega admite que a crise é real e que os preços foram pressionados pelo aumento da imigração.
André Abrantes Amaral criticou as tarifas impostas por Donald Trump, considerando que um défice comercial não é necessariamente mau, mas sim a dívida pública. O candidato da Iniciativa Liberal recordou que o partido é contra a existência de monopólios e a favor do livre comércio. Para dinamizar a economia, defende a simplificação dos licenciamentos e a redução de taxas e impostos para as empresas. Apoia também a existência de garantias públicas para o crédito bancário.
O cabeça de lista da IL lembrou que a criação de infraestruturas de transporte é vital para a economia e defende que o novo aeroporto de Lisboa deve servir também o distrito de Leiria. André Abrantes Amaral mostrou-se favorável à construção da linha de alta velocidade, embora admita não ter ainda informação financeira e ambiental sobre o projeto.
O candidato liberal relativizou o aumento do custo da habitação, recordando que ela ocorre desde 2013 e surge no âmbito da abertura de Portugal à Globalização. Contudo, admite que os rendimentos dos portugueses não acompanharam o aumento dos custos da habitação e propõe aumentar a produtividade e, assim, o rendimento das pessoas para que possam pagar uma habitação condigna. Propõe ainda o aumento dos incentivos ao arrendamento, como a dedução do valor das rendas em sede de IRS, e uma maior celeridade nos despejos em caso de incumprimento dos inquilinos.
André Abrantes Amaral confessou estar grato ao 25 de Abril por ter permitido o regresso do seu pai, militar em África, a casa são e salvo e poder ter tido uma irmã. Define como a grande bandeira da IL nestas eleições o crescimento económico, do distrito e do País.
Fernando Rosas acredita que Portugal enfrenta um dilema, que passa por decidir se deve investir no envio de armas para a Ucrânia ou investir na melhoria do Serviço Nacional de Saúde. “Os russos não vão desembarcar na Praia da Vieira”, ironizou, lembrando que a meta de 3% do PIB para a Defesa, exigido por Donald Trump, significaria uma despesa de 8,6 mil milhões de euros. As metas do BE para este ato eleitoral passam pela habitação, pela valorização do trabalho por turnos, defesa do SNS, mobilidade e ambiente.
O candidato do Bloco de Esquerda lembrou que Portugal não pode impor tarifas unilateralmente a outros países porque viola os tratados da União Europeia, única entidade que possui hoje poder na Europa comunitária para impor tarifas, nomeadamente em resposta aos Estados Unidos da América.
Fernando Rosas insurgiu-se contra a política educativa do Deus, Pátria e Família e do saber ler, escrever e contar do candidato do Chega e do Estado Novo, contrapondo a atual escola pública, democrática, plural e inclusiva. “Não voltaremos à escola salazarista porque professores, alunos e comunidade não querem”, retorquiu.
O candidato do BE recordou que 86% das pessoas do distrito usam o automóvel nas suas deslocações diárias e só 2% usa o transportes públicos, preconizando em alternativa um aumento da oferta de transporte público. Para isso, propõe a criação de uma empresa intermunicipal de transportes públicos, intermodal e de passe único para a região. Mostrou-se favorável à localização do TGV na atual estação de Leiria e não na freguesia da Barosa, por se encontrar numa zona rural.
Fernando Rosas acusou PS e PSD de proximidade em políticas essenciais, como habitação, saúde e defesa e propôs o voto no Bloco de esquerda como alternativa para dar esperança às pessoas e cumprir Abril.
Por sua vez, Isabel Pires defendeu a aposta no desenvolvimento sustentável, que passa pelo apoio ao Instituto Politécnico de Leiria e ao ensino profissional. Relativamente à Linha do Oeste, a candidata do Livre lamentou o grande número de atrasos verificados nos comboios desta linha e defendeu que a eletrificação da linha entre Caldas da Rainha e o Louriçal (Pombal)deve avançar rapidamente. Isabel Pires defendeu ainda a criação de um passe de mobilidade nacional abrangendo a rodovia e a ferrovia.
Quanto à habitação, Isabel Pires propõe um programa público de construção de habitação, de forma a elevar a percentagem de habitação pública para 10%, em 10 anos e um teto para as rendas durante cinco anos.
Por fim, a candidata do Livre propõe um maior apoio a vítimas de violência doméstica, bem como um programa de combate à pobreza energética nas habitações. .
João Paulo Delgado lembrou que Leiria é um distrito exportador – na cerâmica, moldes, calçado, agricultura e pescas -, mas que os salários estão abaixo da média nacional e que só 15% dos custos das empresas são salários. O candidato da CDU defendeu que os setores estratégicos da economia nacional, como a GALP e a EDP devem estar na esfera pública, lembrando que estas empresas geram grandes lucros, indiretamente pagos pelos portugueses.
O candidato da CDU lembrou ainda que o porto de Peniche é o mais importante a nível nacional e o da Nazaré o nono. Pediu mais apoio para as PME e microempresas que ficam geralmente de fora dos apoios públicos.
João Paulo Delgado lamentou que os sucessivos governos tenham apostado no desmantelamento da ferrovia, incluindo o encerramento da Sorefame, a empresa pública de produção de carruagens. Defendeu ainda a isenção de portagens nas autoestradas A8, A15 e A19.
Relativamente à habitação, o candidato da coligação PCP-PEV afirmou que 34% do parque habitacional da Nazaré é segunda habitação, lamentando que a autarquia não tenha conseguido candidatar-se a fundos do PRR para este setor.
Já o candidato do PAN enfatizou a importância da Linha do Oeste para o escoamento da pera rocha e defendeu uma redução de IRS para empresas ambientalmente sustentáveis.
Rodrigo Andrade quer o aumento da oferta de transporte público e a extensão da gratuitidade dos transportes públicos garantida pela Associação Intermunicipal do Oeste alargado a todo o distrito de Leiria. Concorda com a criação da linha de TGV no distrito desde que cumpra as regras ambientais.
O candidato do PAN admite que os jovens portugueses saem tarde de casa dos pais devido aos preços excessivos de arrendamento e denunciou que os candidatos ao programa Porta 65 esperam mais de 6 meses por uma resposta, o que faz com que muitos abandonem as casas por falta de capacidade financeira. Pede ainda o alargamento da isenção de IMI após a compra de casa de 3 para 5 anos.
Estiveram presentes no debate cerca de duas centenas de pessoas, que acabaram por intervir no debate com apartes.
Mário Lopes
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