Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/21

Conferência com António Costa e Silva foi promovida pelo Grupo Económico e Social da Região de Leiria

Leiria recebeu autor da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal

António Costa e Silva

“Não vamos conseguir executar (o financiamento disponível para os próximos anos) sem o envolvimento de todos os territórios”.  O autor da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 (PRR) lançou na terça-feira, dia 11 de maio, em Leiria, um repto ao País: “Não é possível governar as sociedades do conhecimento do século XXI com os modelos do passado: de cima para baixo”.

António Costa e Silva falava no encerramento da conferência “Desenvolvimento da Região de Leiria – Ações Estratégicas 2030”, promovida pelo Grupo Económico e Social da Região de Leiria (GESRL), que integra a CIMRL – Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, a NERLEI – Associação Empresarial da Região de Leiria e o Politécnico de Leiria.

A questão do modelo a adoptar na utilização dos fundos que estarão disponíveis nos próximos anos foi uma das questões debatidas nesta conferência. Isabel Damasceno, Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), respondendo a uma pergunta da plateia sobre o perigo da morosidade das instituições do Estado na análise de tantos projectos de investimento, disse: “O Estado Central não tem capacidade de executar isto tudo. Acho que os nossos governantes já perceberam isso! Se me perguntam se perceberam isso desde o início? Acho que não! Quando foi apresentada a primeira versão do PRR era muito a lógica do pensamento centralizado e da execução centralizada.”

Para a presidente da CCDRC, “neste momento, há uma noção clara – do ponto de vista do Governo – da vantagem da territorialização da execução do PRR”. Isabel Damasceno falou sobre a possibilidade de instituições de referência das Regiões poderem vir a gerir pacotes de financiamento, dando o exemplo das Comunidades Intermunicipais (CIM´s) já com larga experiência na administração de fundos deste tipo.

E há “recursos financeiros imensos”, lembrou António Costa e Silva. Nos próximos anos “estarão disponíveis ainda 10 mil milhões de Euros do Programa Portugal 2020 (3.8 mil milhões de Euros para as empresas), 16.8 mil milhões de Euros do PRR e 31 mil milhões de Euros do Programa Portugal 2030”.

Para o responsável nacional pelo PRR, o exemplo do Plano Estratégico 2030 apresentado pela Região de Leiria – Que elenca oito vectores de investimento e mais de 70 projectos concretos -, deve ser um exemplo seguido por todas as Regiões. “O trabalho deste Gabinete Económico e Social (GES) é o espelho do que precisamos fazer em todo o País: É falar uns com os outros, é sairmos das nossas torres de marfim, é dialogar, é mobilizar todos os actores: Das autarquias às empresas, aos Politécnicos, aos Pólos de Ciência e Tecnologia. Se não fizermos isso, vamos falhar esta grande oportunidade que temos à nossa frente”, disse.

Plano Estratégico para a Região de Leiria assente em oito vectores

Encerramento da conferência “Desenvolvimento da Região de Leiria – Ações Estratégicas 2030”

Pensar a Região de Leiria a “médio e longo prazo” foi o mote lançado pelo coordenador do Grupo Económico e Social (GES) para a apresentação do documento estratégico. Jorge Santos, empresário, realçou o contributo dos vários quadrantes da Região na elaboração do documento, sobretudo dos dez presidentes de câmara que integram a CIMRL.

A apresentação do Plano esteve a cargo do seu coordenador técnico, José Morais, que anunciou o documento como uma “síntese da ambição da Região”.

São oito os vetores de Desenvolvimento que o documento lança: 1) Digitalização de produtos, processos e organização. 2) Reindustrialização e reconversão industrial”. 3) Capacitação em gestão e técnicas específicas. 4) Promoção de mobilidade nas cidades, intercidades e na Região. 5) Investigação, desenvolvimento e inovação aplicada. 6) Descarbonização, eficiência energética e economia circular transversal. 7) E-Commerce, cadeias logísticas e promoção da internacionalização e da produção exportadora. 8) Saúde e Desenvolvimento Social.

Esta “ambição de uma Região” é um mote partilhado por todas as entidades que gerem o GESRL: Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, NERLEI – Associação Empresarial de Leiria e Politécnico de Leiria.

Gonçalo Lopes, presidente da CIMRL, realçou o trabalho de equipa potenciado pela ação do GESRL, afirmando: “Separados somos fracos e é o que temos sido até há pouco tempo. Estamos sempre à espera que haja um autarca que se destaque dos outros, ou que haja um diretor do hospital que seja um super-homem ou de um presidente de um núcleo empresarial que seja um empresário de referência ou de um dirigente extraordinário. Esse tipo de aposta já não faz sentido numa Região como a nossa. Só iremos ser muito fortes se pensarmos em grande e se pensarmos em conjunto. E se a máquina funcionar bem oleada, iremos ter resultados na próxima década. Não há razões para duvidarmos disso. Só iremos ter constrangimentos se duvidarmos da nossa força de trabalhar em equipa. Um bom exemplo foi este Gabinete, com uma filosofia de trabalho que se deve manter”.

Sobre o documento, Gonçalo Lopes afirmou que “esta não é uma carta ao Pai Natal, porque todas as ações do documento estão alinhadas e representam a ambição dos vários atores do território.” Mais: “Os líderes do território estão engajados com este documento, falta agora energizar, ou seja, somar a energia de todos na ação”.

O autarca de Leiria falou sobretudo do sector da saúde, chamando a atenção para o Plano de Desenvolvimento do Hospital de Leiria, contido no documento, e para o alargamento da rede de centros de saúde que terá de ter uma ação fundamental por parte dos autarcas. Do sector social, realçou a necessidade de construção de creches e unidades de cuidados de saúde continuados. Chamou a atenção para o problema do envelhecimento da população e do inevitável apoio às instituições que cuidam dos nossos idosos, como ficou patente durante a Pandemia.

Gonçalo Lopes abordou ainda a questão ambiental que o Plano Estratégico encerra, lembrando o problema da poluição das linhas de água causado essencialmente pela indústria agropecuária, que pretende ver resolvida nos próximos cinco anos.

Por fim, apontou ainda a questão das acessibilidades entre concelhos como prioritária para a coesão do território. É necessário “coser a região, com ligações entre concelhos, sejam elas em forma de transportes públicos ou em vias de comunicação próprias”.

Gonçalo Lopes terminaria a sua intervenção realçando a importância da Cultura e do Desporto como caminhos para a Coesão da Região de Leiria, realçando o projeto em curso da Candidatura a Capital Europeia da Cultura e que envolve ainda a Região do Oeste e alguns Municípios do Médio Tejo.

O presidente da NERLEI, António Poças, elencou cinco dos eixos do Plano Estratégico mais ligados ao sector empresarial: A digitalização das empresas – “Não uma questão técnica, mas de iliteracia comportamental”, realçando a criação do “Leiria Inovation Hub” como uma peça fundamental desta estratégia.

Falou ainda da reindustrialização, com o apelo à criação de novas áreas de indústria e novos produtos e do vetor da Economia Verde, pensada de forma integrada.

Sobre a recapitalização das empresas, uma prioridade do Plano, António Poças considerou fundamental a criação de um fundo regional.

Por fim, o presidente da NERLEI falou do reforço da “Marca Leiria” como eixo de união para a Região e para o qual todos estão chamados a colaborar diretamente.

Por sua vez, Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, realçou que o GESRL potenciou a abertura da Região “entre si, ao país, à europa e ao mundo”, reforçando a importância da criação e reforço de redes colaborativas. “Colaborar, porque os desafios são globais. Mas não há rede colaborativa global sem uma rede regional com impacto ”.

Sobre as medidas concretas, Rui Pedrosa realçou a reativação do Observatório Estratégico para a Região de Leiria: “Monitorizando, fornecendo dados e informação válida e rigorosa” e a criação de um Centro de Formação Distrital com o IEFP de Leiria. Rui Pedrosa destacou ainda dois projetos emblemáticos para si: A criação do Laboratório Avançado de Epidemiologia e o investimento direto na criação da nova Escola Superior de Educação e Ciências Sociais.

Por fim, os interlocutores reforçaram a necessidade de “horizontalizar” o Plano” de forma  a que todos se sintam confortáveis com a Estratégia” o que deverá ser a próxima prioridade do Grupo Económico e Social da Região de Leiria.

Recorde-se que o GES Região de Leiria é uma estrutura informal, criada a 13 de abril de 2020, através de um memorando de entendimento entre a CIMRL (Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria), o Politécnico de Leiria e a NERLEI (Associação Empresarial da Região de Leiria). A motivação de base para a criação do Gabinete reside na consciência de que, ao nível regional, existe uma necessidade urgente de coordenar e partilhar ações, de modo a antecipar decisões que possam manter a atividade empresarial, manter o emprego e a coesão social da região.

     Fonte: GESRL

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José António

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