Edição: 299

Diretor: Mário Lopes

Data: 2025/10/16

Opinião

Rescaldo Eleitoral

Rui Alexandre

Sou, por natureza, simpatizante de políticas e pessoas que olham para as necessidades do concelho como um todo, e nas eleições autárquicas essa visão é um ponto fulcral para eleger os mais habilitados, e defender o desenvolvimento de Alcobaça.

E sendo assim, não posso deixar de endereçar ao Presidente Hermínio Rodrigues as sinceras felicitações publicas pela sua reeleição e pela merecida continuidade à frente dos destinos do nosso concelho. Felicitações à parte, importa agora olhar para os factos.

A esmagadora vitória da lista vencedora e do PSD era, em boa verdade, previsível, atingindo o melhor resultado de sempre com 17150 votos no nosso concelho.

Do outro lado, o Partido Socialista Alcobaça surgiu visivelmente enfraquecido, privado de muitos dos seus militantes históricos, dos necessários apoios locais, e com uma estrutura claramente descapitalizada. Apesar da tentativa de renovação, com a introdução de algumas caras novas, a “pesca” revelou-se pouco produtiva e o eleitorado não mordeu o isco.

Os poucos nomes que restaram são sobejamente conhecidos, não tanto pela ação, mas pela inércia e, apesar de os eleitores já terem manifestado repetidamente o seu descontentamento, a ânsia de palco e poder parece ser mais forte que o bom senso, o que levou a terem o pior resultado de sempre com 4872 votos, menos 159 votos do que da candidatura do PS e de Daniel Adrião em 2005 a este terramoto politico do PS local salvou-se a candidatura de Fernando Azeitona com uma vitória notável.

Quanto ao Professor e meu amigo Rogério Raimundo, da CDU, a sua candidatura tornou-se uma constante no panorama político local, é já uma figura quase histórica do boletim de voto. Desde os meus tempos de juventude que o vejo apresentar-se a votos. Os resultados, previsíveis, refletem essa continuidade sem inovação. Arrisco mesmo a dizer que o faz já por desporto e não há mal nenhum nisso, desde que o entenda como um exercício de cidadania.

Por fim, o Chega. A sua presença, marcada ao nível nacional por uma retórica extremada e pela personificação de ideologias que julgávamos ultrapassadas, não poderia ter outro desfecho ao nível local. Os Portugueses, mesmo descontentes, têm memória e talvez seja isso que ainda nos salva. Os eleitores foram claros na resposta, mas exigem aos partidos políticos do arco da governação mudanças na governação e mais rigor e transparência, mais segurança, mais saúde e uma maior defesa na política social para quem verdadeiramente deve ser defendido socialmente.

Terminando com a Iniciativa Liberal, considero que o partido demonstrou clareza na sua ação política, o que lhe permitiu conquistar representação na Assembleia Municipal e um impacto político significativo nas Assembleias de Freguesia de São Martinho do Porto e da Benedita, terra natal da sua candidata à Câmara Municipal de Alcobaça. Concluindo, entendo que não atingiram o grande objetivo – a eleição de um vereador municipal -, mas a principal leitura a retirar desta candidatura é o desaparecimento definitivo do CDS-PP de Alcobaça do quadro político local.

Em suma, estas eleições confirmaram o que muitos já antecipavam: um concelho que valoriza a estabilidade, mas que, paradoxalmente, parece resignado à falta de renovação política de toda a oposição.

     Rui Alexandre
Gestor de Recursos Humanos

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