Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/21

Apesar dos esforços das autarquias, empresas e voluntários

Maioria das árvores plantadas no Pinhal de Leiria após incêndios de 2017 não sobreviveram

Pinheiro jovem

Mais de 90% das árvores plantadas no Pinhal de Leiria por voluntários e empresas após os grandes incêndios de 2017 não sobreviveram, garantiu o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça na última Assembleia Municipal. A razão, segundo Paulo Inácio, deve-se à pobreza dos solos arenosos que não permite às jovens árvores abastecer-se dos nutrientes necessários ao seu crescimento. O autarca admitiu como hipótese poder usar os resíduos das suiniculturas como adubo orgânico, eventualmente, após algum tratamento e sugeriu mesmo que a hipótese possa ser motivo de trabalhos de investigação no âmbito do ensino superior.

A intervenção de Paulo Inácio deveu-se a uma intervenção da deputada da CDU Clementina Henriques, que questionou a não conclusão da ETA das suiniculturas de São Martinho do Porto, tendo o autarca remetido a responsabilidade para a empresa Trevoeste – Tratamento e Valorização de Resíduos Pecuários, SA, que integra o grupo Águas de Portugal. O edil pediu mesmo a colaboração dos partidos representados na Assembleia da República no sentido de pressionarem o Governo para a resolução do problema, já que as inúmeras diligências efetuadas nos últimos anos junto da Trevoeste não têm obtido resultados.

CDU requer informação sobre a Poluição  de efluentes pecuários e sobre o futuro da Trevoeste e as duas ETAR previstas para a Benedita e São Martinho do Porto

A CDU de Alcobaça refere que, “infelizmente tem havido muitas ocorrências relacionadas com descargas ilegais de efluentes pecuárias para rios e ribeiras no nosso concelho e também de concelhos que têm rios/ribeiros que afluem aos nossos. É uma situação muito preocupante pelos efeitos poluidores que acarretam para todos e pela degradação dos nossos rios. Tal facto é ainda mais preocupante pelos efeitos que pode ter na aposta que foi (e será) feita na valorização do rio Alcoa, pois a maioria destas situações ocorrem, precisamente, em afluentes deste rio. (exemplos – Baça e afluentes do Baça – Ribeira do Marete…Rio de Tornada).”

Segundo uma notícia da Lusa de março de 2018, que citava o vereador João Santos, os serviços da Câmara estavam a fazer na altura uma atualização do cadastro das empresas pecuárias. Segundo a mesma notícia estavam a ser estudadas soluções alternativas para o tratamento dos efluentes, sendo apresentadas três:

  1. Utilização como adubo biológico, o que parece ser insuficiente visto só ser possível consumir 10 a 20% dos efluentes produzidos;
  2. Construção de uma estação de tratamento. Pelo que sabemos foi iniciada uma obra há mais de 10 anos, que contemplava a construção de duas centrais de tratamento o que não chegou a ser feito;
  3. Produção de biogás.

Passados 3 anos dessas declarações, a CDU, através dos deputados municipais Luís Crisóstomo e Clementina Henriques querem saber em que ponto é que estamos no estudo ou implementação das soluções, assinalando que, “pelas notícias das ocorrências deste ano o problema persiste ou agravou-se.”

Face à importância que a produção pecuária tem no concelho e os impactos negativos que o problema dos efluentes tem, a CDU de Alcobaça defende que é urgente encontrar soluções que permitam a continuidade e o crescimento da atividade económica, de forma responsável e sustentada.

    Mário Lopes 

Comentários:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Valdemar J. Rodrigues

E já agora a explicação dada é ridícula no mínimo, para não dizer selvagem. Então os solos do pinhal de Leiria não são tipicamente os podzóis - que literalmente significa, em russo, "sob cinzas" -, solos arenosos por natureza além de ácidos? E se havia lá pinheiros e bastios de pinhal antes, que arderam com os incêndios, o que terá mudado na "nutrição" dos solos com os incêndios para que os não possa voltar a haver? Só o desleixo, a incompetência ou uma combinação de ambos os males podem explicar o acontecido. Que "motivação" uma coisa destas dará aos voluntários envolvidos no plantio... e que tempo e despesa ao erário... E - veja-se a "crueldade" - o responsável do departamento da CMA que trata dos "dias da árvore", da floresta & etc. ninguém - nem a "oposição" nem, pelos vistos, os jornalistas - lhe pedem explicações! Espero que pelo menos o Mário Lopes, que prezo e estimo, lhe pergunte por exemplo o que fez ou não fez pelas árvores depois da plantação.

Valdemar J. Rodrigues

E ao vereador responsável pelo meio ambiente, que só por grande azar não será o futuro presidente, não se pergunta nada nada nada?

Anónimo

vergonhoso; e o que diz disto o "eleito" presidente, que é o vereador do ambiente?