Marinha Grande
Rui Moreira: “Os partidos veem as coisas lá de cima, como uma águia, nós somos mais os pardais”
2021-07-04 11:57:29
Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto e recandidato de “O Nosso Movimento” ao cargo, afirmou na Marinha Grande, no dia 19 de junho, que o Movimento de Cidadãos Eleitores, presidido pelo atual vereador independente Aurélio Ferreira e candidato a presidente da Câmara da Marinha Grande, se pretende afirmar como a terceira força autárquica a nível nacional.
Rui Moreira classificou de “tarde negra no Parlamento”, quando a Assembleia da República “aprovou a lei que pretendia afastar os movimentos de cidadãos independentes” e garantiu que, “se fosse necessário, iriam formar um partido, mas ainda bem que a senhora Provedora e o Tribunal Constitucional nos deram razão e os partidos políticos perceberam que nós não estávamos a brincar.”
O autarca elogiou Aurélio Ferreira pelo seu papel na luta pela igualdade de condições das candidaturas autárquicas, nomeadamente, “a enorme persistência e otimismo e, mesmo nos momentos em que estávamos todos mais pessimistas, o watsup do Aurélio dava-nos sempre um ânimo e isso é muito importante porque a política também é feita de esperança, espectativa e persistência. Porque nada se faz com facilidade, tudo é muito difícil.”
“E porque é que muito importante para os movimentos de cidadãos ganharem as eleições?”, questiona. “É importante porque isso se reflete na cidadania. Eu digo sempre que os partidos políticos são o sal da democracia, aliás, eu defendo o parlamentarismo puro. Mas se isso funciona bem a nível nacional, não tem necessariamente de funcionar bem a nível local. A nível local, cada um dos cidadãos eleitores conhece melhor as necessidades no terreno, os partidos veem as coisas lá de cima, como uma águia, nós somos mais os pardais, nós andamos a conhecer os cantinhos pequeninos, a perceber onde que isto tem de ser arranjar, onde é que há uma erva, onde é que tem de estar e onde é que não pode estar.”
Rui Moreira assegura que “os grupos de cidadão eleitores não têm de ter uma ideologia, não têm essa preocupação. Por isso mesmo, ainda bem que nós não tivemos de formar um partido. Se tivéssemos de formar um partido, mais tarde ou mais cedo, cairíamos no mesmo pecado. E portanto, nós temos agora todas as condições para, em várias cidades, em muitas freguesias e por todo o país conseguirmos novas vitórias para os grupos de cidadãos eleitores.”
O candidato à presidência da Câmara Municipal do Porto sublinha que “se cada um de nós ficará satisfeito com a sua vitória, também compreendemos que as vitórias sucessivas e o crescimento dos GCE a nível nacional vão mudar, por exemplo, a Associação Nacional de Municípios. Hoje, a ANMP que nos diz representar, não representa nada. Tudo aquilo é dualidade entre dois partidos políticos e não nos dão cavaco. A mim não me dão cavaco.”
Assim, “em temas como a descentralização, que passam para nós despesa, mas não nos passam competências nenhumas, ninguém nos perguntou nada. Mas se as coisas correrem bem, se ganharmos no Porto, se ganharmos em Cerveira, se ganharmos na Marinha Grande, em Portalegre e em tantos sítios do País, podemos ser, em conjunto, a terceira força mais importante a nível autárquico. E quando for assim, aquilo que é o centralismo que hoje ainda vivemos e que afeta cidades como a Marinha Grande vai ter pela frente um combate mais sério.”
Rui Moreira ressalva que “nós não podemos esperar que a descentralização seja concretizada pelos partidos políticos. O meu pai dizia uma coisa muito curiosa: eu nunca vi uma ovelha capaz de se tosquiar a si própria. Portanto, os partidos políticos nunca vão tosquiar-se a si próprios. Temos de ser nós a fazê-lo, numa revolução tranquila para que depois, cidades como a Marinha Grande possam ter um futuro diferente, possam ter uma capacidade diferente de reivindicação.”
Mário Lopes
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