Edição: 288

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/11/21

Opinião

Quando falamos de cultura nacional, símbolos como o fado, o galo de Barcelos, os clássicos azulejos ou até a calçada portuguesa — candidata à UNESCO para Património Cultural Imaterial da Humanidade — são reconhecidos não só junto dos portugueses, mas também internacionalmente. Crucial para estimular a criatividade, alargar horizontes e difundir o que de melhor tem o país, a dinamização das atividades culturais também constitui um notório incentivo do ponto de vista económico e, por isso, com a iniciativa da Capital Europeia da Cultura cada vez mais próxima, o setor viu-se motivado pela atratividade de investimento.

Efetivamente, a Capital Europeia da Cultura é uma proposta da União Europeia, na qual é selecionada uma cidade da Europa com o propósito de estimular a vertente cultural e dar a conhecer as suas potencialidades aos restantes países. Iniciado em 1985, este projeto ocorre anualmente, com cidades portuguesas como Guimarães (2012), Porto (2001) e Lisboa (1994) a deterem a designação no passado.

E o futuro da cultura também é falado em português, já que em 2027 uma das Capitais Europeias da Cultura vai ser nacional, juntamente com uma cidade da Letónia. Entre cidades que já demonstraram o intuito de se classificarem, como Aveiro, Coimbra ou Viana do Castelo, o município de Leiria tem assumido destaque neste contexto, trabalhando para o título desde 2015.

Com isso, a aproximação deste evento tem chamado a atenção das cidades para investirem mais e melhor na sua vertente cultural, e Leiria não podia ser exceção. Já em 2020 o município foi palco de quatro iniciativas culturais selecionadas para a Rede Cultura 2027, uma plataforma criada em prol da Capital Europeia da Cultura, recebendo um investimento de 100 mil euros pela Câmara Municipal da cidade.

O investimento europeu

Com as atenções cada vez mais direcionadas para a cultura portuguesa, a aplicação de dinheiro neste domínio tem vindo a assumir-se como uma das principais necessidades do setor.

De um lado está a União Europeia que, só em 2019, apresentava uma vertente cultural de 643 mil milhões de euros, o que se refletia em 4,4% do seu PIB. Por sua vez, quando falamos em postos de trabalho, o ano de 2020 ficou assinalado por mais de 7 milhões de europeus empregados na área, principalmente no domínio dos jogos online e da música. Assim, garantindo-se como uma das principais impulsionadoras culturais para os países que dela fazem parte, no final de fevereiro deste ano o programa Garantir Cultura investiu 42 milhões de euros na cultura, entretenimento e criatividade portuguesa.

Espaços culturais híbridos são o futuro

Quem visita Portugal certamente vai encontrar cultura a cada canto, seja em espaços físicos como o Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, ou o Teatro Nacional São João, no Porto, ou mesmo no universo virtual.

Isso porque tem vindo a verificar-se uma grande vontade de tornar a cultura e o entretenimento híbridos ao migrá-los para o online, o que gera uma atenção redobrada para estas plataformas por parte dos investidores. Entre os principais projetos nacionais neste sentido destaca-se o Portugal #EntraEmCena, uma iniciativa que, traduzida num investimento de cerca de 1 milhão de euros, utiliza o digital para artistas divulgarem os seus projetos e obterem financiamento.

Também os casinos têm uma forte identidade cultural no panorama português, sendo mesmo local de inúmeras apresentações musicais. Contudo, também viram uma oportunidade de crescimento no online e, atualmente, pode participar desde jogos como as slots machines, com diversas versões temáticas.

Por sua vez, locais como o Teatro Luís de Camões também se renderam ao digital e, através do seu website, permite a qualquer utilizador conhecer praticamente qualquer espaço do local, desde salas a bastidores, por meio de uma visita totalmente virtual.

Efetivamente, a própria designação de cultura tem sido desdobrada ao longo dos anos, o que tornou o acesso ao setor mais simples e democratizado. Parte desta evolução deve-se exatamente ao mundo do investimento que, com olhos postos no futuro e reconhecendo as potencialidades da cultura portuguesa, tem vindo a aplicar dinheiro de maneira a transformar as atividades culturais num serviço para todos.

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