Porto de Mós
Jorge Vala (PSD) e João Salgueiro (PS) disputam votos taco a taco no debate como nas sondagens
2021-09-24 13:25:34
O debate que reuniu os cabeças de lista das candidaturas à Câmara Municipal de Porto de Mós, no Cine-Teatro da vila, no dia 13 de setembro, juntou Jorge Vala (PSD), João Salgueiro (PS), António Alves (Chega) e Pedro Santos (CDU) e duas ruidosas claques do PS e do PSD, dentro e fora do edifício. Foi um debate que colocou frente a frente as propostas de Jorge Vala e João Salgueiro, cada um rebatendo com vigor as propostas do adversário, com os outros dois candidatos a evidenciarem uma notória falta de conhecimento dos dossiês municipais. A iniciativa foi do Jornal de Leiria, em parceria com o jornal Portomosense e a Rádio D. Fuas, sendo o debate moderado pelas jornalistas Jéssica Silva e Anabela Silva.
João Salgueiro defende a ampliação das Zona Industriais de Porto de Mós, Juncal e Mira de Aire. No caso da Área de Localização Empresarial de Porto de Mós, considera mesmo a requalificação urgente, atendendo a que existem projetos elegíveis e exequíveis.
António Alves considera que o concelho não tem aproveitado as oportunidades que a sua história e localização estratégica proporcionam, lamentando que seja Alcobaça a fazer a recriação histórica da Batalha de Aljubarrota, na vila de Aljubarrota, quando a Batalha ocorreu nos campos de S. Jorge, no concelho de Porto de Mós, e seja o Município da Batalha a ter o feriado municipal a 14 de agosto, dia da Batalha Real, e não Porto de Mós. Entre as propostas do candidato do Chega conta-se a criação de um cartão de grávida, o apoio a rendas de casa e uma aposta na cultura, admitindo mesmo que o concelho pode ser um pólo de atração para a ópera.
Já Pedro Santos alertou para a falta de transportes públicos para as zonas industriais, recordando, nomeadamente, que há empresas a trabalhar por turnos. Entre as propostas avançadas pelo candidato da CDU está a criação de um programa cultural plurianual e uma feira medieval.
Por sua vez, Jorge Vala garantiu que os 4 anos do seu mandato foram de crescimento em múltiplos sectores, com mais alunos, mais empresas, mais rendimento e mais habitação, apesar da pandemia que dura há quase dois anos, citando dados da PORDATA e recordou que João Salgueiro esteve 24 anos na Câmara Municipal de Porto de Mós, 12 como vice-presidente e 12 como presidente.
O autarca do PSD referiu que, quando chegou à Câmara Municipal, não havia um único terreno comprado, tendo adquirido terrenos no valor de 1,2 milhões de euros.
No setor da Saúde, António Alves propôs a adesão do município de Porto de Mós à rede de municípios saudáveis de forma a promover a saúde dos portomosenses, defendendo mesmo que “não podemos andar atrás dos médicos.”
Já Pedro Santos mostrou preocupação por muitos portomosenses não terem transportes para ir ao médico e defendeu a utilização de unidades móveis de saúde, se necessário, com várias viaturas.
Jorge Vala propõe a criação de um seguro de saúde para todos os munícipes. O candidato do PSD calcula em 120 mil euros o investimento municipal e espera lançar em breve um concurso público para a sua implementação, já no início de 2022. Em termos de centros de saúde, propõe duas Unidades de Saúde Familiar (USF), em Alqueidão e também em Arrimal e Mendiga, além da ampliação do centro de saúde de Porto de Mós.
João Salgueiro questionou quantos projetos foram aprovados no último mandato, com recurso a fundos europeus e recordou também que Jorge Vala é também um veterano autárquico, desde 1992, considerando que “não tem obra feita e eu tenho”. Relativamente à saúde, defende que o centro de saúde de Porto de Mós deve ser ampliado e não apenas requalificado.
Em resposta, Jorge Vala lembrou que o seu Executivo criou o CRO – Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia de Porto de Mós e obteve um bónus de 700 mil para a continuação das obras de requalificação da antiga central elétrica de Porto de Mós, que estavam paradas. Além disso, a Área de Localização Empresarial de Porto de Mós já tem Avaliação de Impacte Ambiental aprovada, documento indispensável para a sua ampliação. O candidato do PSD garantiu que o amianto já foi removido de todos os edifícios públicos do concelho e anunciou que está a apetrechar o concelho de carregadores para a mobilidade elétrica.
Por sua vez, João Salgueiro elegeu como prioridades terminar o saneamento básico da freguesia de Mira de Aire. Relativamente à freguesia de Pedreiras, constatou que o Executivo nada fez no último mandado, mas considerou que há males que vêm por bem, porque existem problemas técnicos muito complexos nesta freguesia, que se propõe resolver, através da elaboração de um plano muito detalhado e tecnicamente certificado.
António Alves propôs a promoção dos inúmeros caminhos pedestres do PNSAC e a criação de uma programação cultural regular para o Castelo da vila, propondo ainda uma maior convivência dos portomosesenses, considerando que vivem muito entre quatro paredes. O candidato do Chega lamentou que a figura de D. Fuas Roupinho tenha vindo a ser apagada da memória e da vida cultural dos portomosenses e propõe-se ressuscitá-la na memória dos portomosenses.
Bastante polémica foi a questão do futuro hotel na zona da Várzea, considerando Jorge Vala que o projeto de arquitetura já aprovado está de acordo com as normas do PDM aprovado em 2015, com 22 metros de altura e 6 pisos.
Já João Salgueiro recusou as críticas de que o anterior executivo por si liderado poderia ter comprado o edifício devoluto em hasta pública, por 20 mil euros, considerando que as câmaras municipais não têm acesso às hastas públicas. O edifício do promotor privado aprovado terá 80 quartos e apoios de fundos comunitários de cerca de 10,6 milhões de euros.
António Alves duvidou da viabilidade do projeto turístico sem um plano de animação turística na vila que atraia visitantes.
João Salgueiro recordou que os executivos por si liderados abriram três fases da Área de Localização Empresarial de Porto de Mós e deixou a 4ª fase preparada e cabimentada com 700 mil euros. Relativamente ao canil, criticou a localização das instalações para animais “em frente a uma fábrica de chouriços.” Relativamente à ampliação da ALE de Porto de Mós, criticou a adjudicação da obra antes da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) estar aprovada, correndo assim o risco de perder a verba em causa.
O candidato do Chega criticou o aumento do valor da derrama, propondo a sua redução para 1% e o apoio à restauração, muito afetada pela pandemia de COVID-19.
Já o candidato da CDU defendeu os direitos dos trabalhadores das empresas, quer em termos de horários quer de salários.
Jorge Vala explicou que a Área de Localização Empresarial de Porto de Mós atingiu o limite de área permitido sem AIA, pelo que qualquer ampliação exigiria a aprovação de uma AIA. O candidato do PSD recusou críticas de falta de promoção cultura, garantindo que as visitas ao Castelo de Porto de Mós triplicaram, mesmo em tempo de pandemia, graças ao trabalho de promoção do Executivo municipal.
António Alves discorda e considera que Porto de Mós continua parado no tempo e que muitas das atividades culturais se devem a associações do concelho.
Pedro Santos defende mais apoios às associações, a criação de uma pista de atletismo nas Pedreiras, bem como um pavilhão desportivo.
Jorge Vala admite que um pavilhão desportivo em Serro Ventoso é uma prioridade por se tratar de uma promessa recorrente de há vários mandatos. Só agora o projeto vai avançar porque a associação local adquiriu entretanto o terreno para o efeito e o projeto de arquitetura já deu entrada na Câmara Municipal. O candidato do PSD recordou que Porto de Mós foi reconhecido como Município Amigo do Desporto e quer promover o desporto de natureza e o desporto ativo ligado à saúde.
João Salgueiro garantiu que o concelho tem condições excelentes para o desporto de natureza, recordando que criou uma grande ecopista entre Alvados e Alcaria. O candidato do PS propõe que a zona desportiva nas Pedreiras se situe junto ao Centro Escolar e propõe levar o judo às escolas, já tendo um acordo verbal com o presidente da Federação Portuguesa de Judo para o efeito, com quem se encontrou em Coimbra.
Aliás, o histórico autarca do PSD e do PS justificou o seu regresso à autarquia com a necessidade de abrir as portas aos portomosenses e de voltar a ter Porto de Mós como concelho liderante.
Já Jorge Vala não vê uma visão ou sequer uma ambição para o concelho na candidatura do PS. E considera mesmo “um insulto aos portomosenses” comparar o atual mandato de 4 anos com os 24 anos de mandatos anteriores, uma vez que este mandato teve de conviver com dois anos de restrições devido à pandemia de COVID-19. O candidato do PSD afirmou querer um concelho onde os filhos possam viver e não ter de partir para outras regiões do País ou do estrangeiro.
Mário Lopes
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