Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/19

Opinião

Partido Comunista e Bloco de Esquerda votam contra os portugueses

Walter Chicharro

O Partido Comunista e o Bloco de Esquerda uniram-se aos partidos da direita e da extrema-direita para reprovarem o Orçamento de Estado. Um orçamento que foi classificado pelo insuspeito Financial Times como “o mais à esquerda na história recente de Portugal”.

Um orçamento que propunha o maior investimento de sempre no Serviço Nacional de Saúde, o maior aumento de sempre no investimento público, o maior aumento de sempre do salário mínimo nacional – de 665 euros para 705 euros –, o aumento generalizado dos vencimentos da função pública que, somados a progressões, promoções e revisões de carreiras, impactaria em cerca de 3% na massa salarial do Estado, a gratuitidade progressiva das creches, o aumento extraordinário de pensões, o aumento do abono de família, o aumento do designado mínimo de existência e o aumento do rendimento disponível das famílias, em especial das classes médias, com desdobramento dos escalões de IRS.

O Partido Comunista e o Bloco de Esquerda não votaram contra o PS. Votaram contra os portugueses, principalmente contra os que menos têm. Os dois partidos à esquerda do PS foram contra os seus princípios por interesses que não são seguramente os de Portugal e o dos Portugueses.

Fundamentaram o seu voto em compromissos que nada tem a ver com o Orçamento de Estado. A verdade é que o que os move são a tentativa de sobrevivência política e deixam claro que não são os interesses de Portugal e dos Portugueses que contam para isso.

Este ato de irresponsabilidade deixa Portugal mergulhado na instabilidade e deixa os Portugueses ainda mais desprotegidos em plena crise pandémica.

Este ato de irresponsabilidade impede a injeção de um reforço de mais de 700 milhões de euros no nosso serviço nacional de saúde, o aumento extraordinário das reformas ou que 170 mil famílias fiquem isentas de IRS já no próximo ano.

O documento reprovado não era apenas o orçamento do PS. Era um documento que incluía diversas propostas acordadas com o BE, PCP, PEV, PAN e com as deputadas não inscritas para incorporar no diploma.

Mas o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda votaram contra. Contra um documento que incluía muitas das suas exigências e que só não incluía mais porque não se pode colocar em causa o crescimento da economia e da credibilidade internacional do país.

Votaram contra, de braço dado com André Ventura, abrindo caminho para que este tenha um crescimento de votos e deputados. Escancararam a porta à extrema-direita, hipotecando o trabalho de seis anos que a esquerda demonstrou saber fazer. Seis anos em que os portugueses perceberam que é possível governar com ideais de esquerda sem por em causa as contas certas e credibilidade internacional do país.

O Partido Socialista demonstrou estar sempre ao lado dos Portugueses e é esse o caminho que continuará a trilhar. É por isso que é fundamental que, nas eleições que se avizinham, os Portugueses saibam que só existem dois caminhos. O do reforço da maioria do PS ou o do crescimento da extrema-direita. Foi esse o caminho que os partidos à esquerda do PS abriram e sei que os portugueses, no momento certo, vão demonstrar que sabem estar do lado certo da história democrática portuguesa.

    Walter Chicharro

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