Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/24

Opinião

O PS está frágil e doente

Rui Alexandre

A democracia assenta nos partidos políticos, mas estes têm de se renovar, de se abrirem, de despertar a participação cívica e de saberem ser representantes da vontade popular. Essencialmente ao nível do poder local, é quase um dever partir de nós a iniciativa de renovar a gestão da Coisa pública!

Um poder podre e tentacular disseminado com interesses comprados e obedientes ao jugo político instalado há décadas, onde a continuidade ininterrupta dos “mesmos”, nas mesmas instituições públicas, leva a que o povo se desmotive e desinteresse pela política.

A lista de razões para a permanência no poder daqueles a quem o povo deu o seu voto de confiança, transformam um direito temporário num direito permanente e vitalício, característica deste “sistema” autoritário e com fortes indícios de corrupção, que se escapa constantemente à alternância democrática, prova que distingue um estado de direito democrático de uma democracia com falhas, como a que estamos a viver.

Constato com alguma admiração que a “promessa” tão anunciada de listas renovadas e de um novo programa, não passou disso mesmo, de promessa. As listas de candidatos para o Parlamento já vieram a público e verifico que é apenas mais do mesmo. A mentira da união/coesão do PS, vem desta forma à tona, assim como, as disputas dentro do próprio partido por um lugar a Deputado.

Analisando as últimas sondagens, existe uma grande probabilidade de que os resultados de umas novas eleições não mudem a proporção de forças no Parlamento, com uma maioria de esquerda que não se entende e até mesmo desentendimentos dentro do próprio PS. Talvez o mais provável seja estarmos num beco sem saída e serem precisas ainda outras eleições, depois das próximas.

Este governo está a padecer do paradigma que tem vindo a criar ao longo dos anos. Como diz o velho ditado, “os exemplos vêm de cima”, e este padrão não tem sido o melhor exemplo pois o superior interesse do nosso país e das suas gentes são diariamente desprezados pela classe política, com os protagonistas, quando não se mantêm nos mesmos lugares, a limitar-se a mudar de cadeiras.

No Distrito de Leiria, o “mesmíssimo” dos últimos 20 anos, tem levado a um baixar de braços e a uma desistência preocupante. Os ditos “protagonistas” unem-se só na expectativa de conseguirem um cargo ou uma nomeação e afastam-se quando percebem que estão todos para o mesmo. É muito preocupante a atuação do PS, o Pessoal e o Amiguismo estão sempre à frente do Coletivo. Os resultados das últimas autárquicas já começaram a denunciar algum descontentamento que culminou no chumbo do OE. A conivência do poder central faz com que os desentendimentos dentro do PS local sejam demasiado percetíveis para a opinião pública e isso descredibiliza muito o PS.

Na minha perspetiva, o PS não tem mostrado ser a alternativa necessária, nem tem sido um espaço aberto e democrático de igualdade de acessos e de oportunidades, não é um espaço de militância cívica e social, nem de debate e reflexão. A descredibilização junto do eleitorado começa a ser uma constante do PS, fazendo dele um partido frágil e doente, porque não nos podemos esquecer que Rui Rio foi eleito pela terceira vez Presidente do PSD e, não havendo entendimento à esquerda, é expectável que António Costa tenha que fazer muitas cedências à direita, encostando desta forma, o PS ao PSD. Tenho esperança que os portugueses vejam, nestas atitudes desesperadas de se manterem, a necessidade do voto útil para virarmos a página, uma vez que a esquerda anda de costas voltadas e a direita ainda tem pouca força.

As eleições são o momento alto da democracia, este é o momento certo para a valorização da democracia, o momento que exige a participação de TODOS, não fosse a abstenção não estaríamos nesta situação de crise, a abstenção é a que mais alimenta o sistema partidário! O 25 de Abril foi uma das nossas maiores conquistas, passados quase 50 anos parece-me urgente uma reforma. Embora haja resistência dos partidos, sou da opinião que os cidadãos independentes se devem fazer representar no parlamento.

Lamentavelmente, mais uma vez Alcobaça não vai estar representada em lugares elegíveis em nenhuma lista de deputados e continua assim a perder na sua afirmação/crescimento distrital.

Vamos aguardando, com alguma expectativa …..

     Rui Alexandre
Independente / Gestor Recursos Humanos

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