Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/20

“Mandrágora”, Diga 33 e “Laços”

Teatro da Rainha arranca com três espetáculos já no mês de janeiro

Cartaz

Após 4 noites com a lua de feição, “Mandrágora” está de regresso com elenco renovado e em nova localização. O Grande Auditório do CCC — Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha acolherá, no âmbito do protocolo estabelecido com o Teatro da Rainha, a peça de Niccolò Machiavelli, com encenação de Fernando Mora Ramos, dias 27 de Janeiro, às 21h30, e dias 28 e 29 do mesmo mês, às 16h. Esta peça universalmente conhecida de Machiavelli, que esteve em cena no Largo da Copa, nas Caldas da Rainha, em Julho de 2022, é exemplo de uma comédia renascentista cujo fulgor não se perdeu com o tempo.

Em “Mandrágora” as regras clássicas cumprem-se de acordo com o desenvolvimento dos avanços narrativos até ao clímax e volte face que geram um final feliz. Retornado a Florença, vinte anos depois de haver partido para Paris, Calímaco traz na bagagem um objectivo definido: conquistar Lucrécia, a mais bela das italianas. Na companhia de Siro, o empregado, dá conta do seu desassossegado desejo. Há um problema, Lucrécia é casada com o doutor Nícia Calfucci. E, além disso, honestíssima. Como ultrapassar tamanhos obstáculos? Os fins justificarão quaisquer meios?

Já em fase de ensaios, “Ajax, regresso(s)”, do francês Jean-Pierre Sarrazac, estreará no início de Março. Esta peça inédita, que terá publicação na colecção de livros do Teatro da Rainha com tradução de Isabel Lopes, foi escrita em cima dos trágicos acontecimentos do conflito armado ocorrido na região da Bósnia e Herzegovina no início da década de 1990. O tema da guerra é aqui retomado a partir de um dos mais destacados heróis da “Ilíada”, celebrizado na peça “Ájax” de Sófocles, que o texto de Sarrazac convoca num cenário de devastação sem resquícios de heroísmo e totalmente desumanizado.

Que diferenças encontraremos entre o Ajax guerreiro que regressa e aquele que partiu? O que resta de humano num homem imerso na desumanidade do campo de batalha? À luz dos dias, não será fácil dissociar esta peça de conflitos actuais como os da Ucrânia, Síria, Iémen, e do rastro de ruína e de vazio que continuam a traçar em mais uma página trágica da história da humanidade. Encenação a cargo de Fernando Mora Ramos.

Dia 24 de Janeiro, Diga 33 continuará a sua programação com um encontro dedicado à obra do escritor irlandês James Joyce. Autor de “Ulisses”, originalmente publicado em 1922, Joyce é uma das figuras centrais da literatura moderna, cuja obra influenciou diversos autores de múltiplas formas. Para falar disso mesmo, o Teatro da Rainha receberá Abílio Hernandez Cardoso, doutorado em Literatura Inglesa pela Universidade de Coimbra com dissertação sobre James Joyce intitulada “De Ítaca a Dublin: Ulysses ou a odisseia da palavra”. Nascido em Dublin, a 2 de Fevereiro de 1882, James Joyce acabou por falecer no exílio, em Zurique, no dia 13 de Janeiro de 1941. Estreou-se em 1907 com a colectânea de poemas intitulada “Música de Câmara”. Está garantido um uísque irlandês no final da sessão.

Ainda em Janeiro de 2023, a Sala Estúdio do Teatro da Rainha acolherá, dia 28, a peça “Laços”, de Daniel Keene, com encenação de Luís Varela e interpretações a cargo de Filipe Seixas, Inês Rocha, Marisela Terra, Rolando Galhardas e Rui Ramos. Na linha de outros textos curtos do encenador australiano, “Laços” coloca em cena gente desprivilegiada e sem poder, em busca de respostas num mundo inóspito. Trata-se de uma produção da Companhia de Teatro Baal 17.

Bons e diversificados motivos não faltam para visitar o Teatro da Rainha, estar atento às propostas, conservar acesa a chama do teatro.

  Fonte: JL|GC|TR

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