Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/24

Protocolo entre ATA e AMPV aplica-se a 117 municípios

Freguesias vinhateiras vão ter via rápida para classificação como “Aldeias de Portugal”

Trabalho na vinha (Foto: Vânia Silva)

A Associação do Turismo de Aldeia (ATA) vai assinar no dia 1 de março com a Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) um protocolo que agilizará o processo de classificação das freguesias de tradição vinhateira que pretendam ser reconhecidas como “Aldeias de Portugal” e assim beneficiar do reconhecimento que essa chancela representa em termos de genuinidade do território.

A marca é gerida pela ATA, que conta atualmente com 49 aldeias classificadas em Portugal e propôs à AMPV uma parceria que ambas as entidades reconhecem como “mutualmente benéfica”, já que persegue o objetivo comum de preservar e promover “o património material e imaterial que é identitário da história e da cultura portuguesas, em particular no que se refere ao mundo rural e ao vinho”. No prazo de um ou dois anos, a lista de aldeias classificadas poderá assim passar das atuais 49 para mais de 250.

Na prática, o acordo entre as duas instituições vai funcionar como “uma via rápida para análise de candidaturas” por parte da ATA. Até aqui, essa entidade recebia a proposta de cada aldeia individualmente e só então iniciava a verificação dos pré-requisitos; com o novo acordo, passa a receber candidaturas previamente analisadas pela AMPV, o que logo na fase inicial do processo representará dossiês mais completos, sobre territórios que a organização vinhateira já terá validado relativamente a critérios como ruralidade, tradição agrícola e oferta gastronómica e vínica.

Para Teresa Pouzada, presidente da ATA, essa “abertura a novos territórios e a candidaturas mais rápidas” é “encorajadora e estimulante” porque antecipa “o crescimento da comunidade representada por duas instituições que partilham dos mesmos valores, das mesmas ambições e da mesma paixão por aldeias tão únicas e especiais do panorama nacional”.

Defendendo que a tradição vinícola é “claramente indissociável” da ruralidade portuguesa e da história agrícola e económica do país, a presidente da ATA lembra que o vinho luso constitui uma das principais exportações nacionais e afirma: “Toda a oferta turística que explore as origens de um produto com esta boa reputação será certamente um fator de atratividade para o turista nacional e estrangeiro, e, nesse contexto, as freguesias vinhateiras poderão oferecer aos visitantes programas mais autênticos e genuínos sobre a vinha, a transformação da uva e as tradições relacionadas com matéria-prima e produto final”.

José Arruda, secretário-geral da AMPV e porta-voz dos 117 municípios que constituem essa estrutura, também reconhece “um potencial enorme à marca ‘Aldeias de Portugal’” e revela-se otimista quanto ao “contributo que este projeto com a ATA representa para a valorização dos territórios de baixa densidade”. Por isso mesmo, defende: “Ao associarmos a este projeto a nossa recém-criada Rede das Freguesias Vinhateiras de Portugal e ao trabalharmos em conjunto, estamos a criar ainda mais potencialidades para a promoção do turismo de proximidade”.

Quanto ao número de povoados com tradição vinícola com potencial efetivo de classificação como ”Aldeias de Portugal”, José Arruda é comedido nas expectativas, mas ainda assim prevê uma significativa adesão, na proporção precisa da nova Rede de Freguesias Vinhateiras. “Se no arranque deste processo os nossos atuais 117 municípios indicarem duas a três freguesias com tradição vitivinícola, só nesta fase inicial estaremos a falar de 200 a 300”, antecipa.

Oferta local de gastronomia, vinhos e outros produtos regionais é critério de avaliação na candidatura à classificação como “Aldeias de Portugal”

Processo de classificação tem que envolver a comunidade da aldeia 

A oferta local de gastronomia, vinhos e outros produtos regionais é critério de avaliação na candidatura à classificação como “Aldeias de Portugal”, mas a comissão de especialistas constituída para verificar esses requisitos analisa ainda outros aspetos, como o estado de conservação do edificado local, o seu património histórico e cultural, a acessibilidade viária ao povoado e a oferta de atividades ligadas à agricultura e ao setor primário.

A ATA aprovará as aldeias que cumpram a maioria desses requisitos e evidenciem uma proporção adequada de fatores de atração turística, mas, independentemente disso, o que não poderá faltar ao processo é o comprometimento da população local numa missão de valorização que se pretende partilhada e integrada.

Nessa perspetiva, todas as candidaturas implicam a criação de um comité de representantes da aldeia, nomeadamente da câmara municipal e junta de freguesia, das associações locais, dos proprietários e comerciantes, e de outros agentes relevantes com participação ativa na vivência real da comunidade.

Caberá a esse coletivo acompanhar todo o processo de classificação e fazer a devida ligação à restante comunidade, até porque, como defende Teresa Pouzada, “não adianta ter um projeto de valorização e desenvolvimento para uma aldeia se a população dessa mesma aldeia não tiver interesse nele nem se quiser envolver neste esforço comum”.

Sobre a ATA – Associação do Turismo de Aldeia

Fundada em 1999, a ATA – Associação do Turismo de Aldeia é composta por várias instituições empenhadas em potenciar o desenvolvimento socioeconómico, a promoção turística e a preservação patrimonial dos territórios rurais mais representativos das origens da genuína identidade portuguesa.

Atualmente, a instituição conta com 17 associados de todo o país: A2S – Associação para o Desenvolvimento Sustentável da Região Saloia; a ADDLAP – Associação de Desenvolvimento Dão, Lafões e Alto Paiva; ADER-SOUSA – Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa; ADICES – Associação de Desenvolvimento Local; ADRACES – Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro-Sul; ADRIL – Associação do Desenvolvimento Rural Integrado do Lima; ADRIMAG – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras do Montemuro, Arada e Gralheira; ADRIMINHO – Associação de Desenvolvimento

Rural Integrado do Vale do Minho; ADRITEM – Associação de Desenvolvimento Regional Integrado das Terras de Santa Maria; Associação do Douro Histórico; Associação In Loco; ATAHCA – Associação de Desenvolvimento Local; CoraNe – Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina; DESTEQUE -Associação para o Desenvolvimento da Terra Quente; Dolmen – Desenvolvimento Local e Regional; DOURO SUPERIOR – Associação de Desenvolvimento do Douro Superior; e PROBASTO – Associação de Desenvolvimento Rural de Basto. A esse núcleo-duro juntam-se ainda, em projetos de cooperação específicos, a ADD

– Associação de Desenvolvimento do Dão, a AIDA – Associação Industrial do Distrito de Aveiro e a APRODER- Associação para a Promoção do Desenvolvimento Rural do Ribatejo.

Sobre a marca “Aldeias de Portugal”

Representando simultaneamente uma certificação e um conceito estratégico, a marca “Aldeias de Portugal” distingue os povoados mais característicos da ruralidade portuguesa, em vertentes como o património histórico e cultural, gastronomia e artesanato, práticas e costumes sociais, recursos naturais e agrícolas, ofícios e produtos regionais.

A classificação só pode ser atribuída a aldeias cujas comunidades estejam envolvidas desde início no processo de candidatura, já que esse implica obrigatoriamente a constituição de um comité local integrando porta-vozes de entidades como a junta de freguesia, a população residente, o tecido económico e a estrutura associativa. Com base no projeto proposto por esse coletivo, a candidatura é então avaliada por uma comissão de especialistas que reúne desde historiadores e investigadores académicos até economistas e marketeers.

Entre os critérios a avaliar inclui-se a tipicidade arquitetónica da aldeia e o estado de conservação do seu edificado, o enquadramento paisagístico da zona e a respetiva sustentabilidade ambiental, a densidade demográfica do povoado e número de residentes efetivos, a sua oferta de gastronomia e artesanato, e o seu leque de práticas agrícolas, produtos e serviços locais, ofícios tradicionais, festividades e atividades lúdicas.

Se o grau de cumprimento desses e outros requisitos refletir uma proporção adequada de fatores de atração, o povoado passa a ser classificado e mantém a certificação por um período de quatro anos, após o que será sujeito a nova avaliação para o júri verificar se continua a corresponder à genuinidade e ao potencial turístico que a marca “Aldeias de Portugal” atesta.

   Fonte: CT

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