Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/19

Recusando qualquer intervenção que descaracterize, ou coloque mesmo em risco, aquela secular imagem de marca da Nazaré

Movimento Cívico pela Defesa do Promontório da Nazaré exige moratória na intervenção no Bico da Memória

Bico da Memória é o Sítio do Milagre de Nossa Senhora da Nazaré

O Movimento Cívico pela Defesa do Promontório da Nazaré afirma, em comunicado de 20 de março, ter sido apanhado de surpresa relativamente à planeada intervenção nas arribas do Promontório da Nazaré, a executar após projeto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), com base na necessidade da proteção de pessoas e bens.

O Movimento adianta ter verificado, nos poucos documentos disponíveis ao público sobre tal projeto, que haverá, entre as demais, uma profunda intervenção na zona de proteção do imóvel classificado da Ermida da Memória e no Bico da Memória, que, além de outras, leva à retirada dos seculares muros vernaculares de proteção, para os substituir por estrutura de metal, colocando-se ainda uma estrutura elevada no solo, feita também em metal e que será suportada a partir de uma lage artificial de betão, mais recuada, e que para a sua fixação terão que ser executados 32 furos com 10 metros de profundidade na atual rocha que serve de base de suporte ao Bico da Memória.

Sendo que aquele lugar é o Sítio do Milagre de Nossa Senhora da Nazaré, entende este Movimento Cívico que até haver uma cabal e completa informação e esclarecimentos a prestar por parte da APA à população e aos organismos locais com responsabilidades pelo local, não deve ser ali executada qualquer intervenção que descaracterize, ou coloque mesmo em risco, aquela secular imagem de marca da Nazaré.

Após as primeiras Jornadas do Património da Nazaré – subordinadas ao tema, “Bico da Memória: Património Identitário da Nazaré e de Portugal. Que Futuro?”, realizadas em 11 de março e organizadas por três associações locais, a saber: Nazaré Marés de Maio – Associação para o Desenvolvimento Integrado da Nazaré; Confraria de Nossa Senhora da Nazaré e Liga dos Amigos da Nazaré, e, bem assim, em resultado do conhecimento das conclusões de tais jornadas, entendeu a coordenação do Movimento Cívico reativar a ação deste que se encontrava parada desde a conclusão da luta contra a instalação do Zipline no Sítio em 2020.

Tal situação foi informada às três associações que, de imediato, aceitaram englobar e colaborar com o Movimento nas ações de luta necessárias até obtenção dos esclarecimentos por parte da APA.

Por entender que tal projeto da APA é antigo e está demasiado escondido, o que eleva as preocupações, tem este Movimento tentado junto de vários organismos da sociedade civil e particulares, bem como das já referidas associações locais, organizar a luta para exigir a vinda dos técnicos da APA à Nazaré para explicarem todo o projeto, ou para receberem em reunião uma delegação sua.

Acresce ao já referido, que sendo a missão e atribuições da APA, entre outras, “promover e garantir a participação do público, a cidadania ambiental e o acesso à informação nos processos de decisão em matéria de ambiente” e tendo a população, as associações locais e o público em geral sido afastado do processo que se alongou por mais de uma década, considera ser  imperativo atalhar caminho e exigir o debate antes da realização da obra na parte indicada.

As principais ações realizadas por este Movimento Cívico neste processo, já contando com o apoio das referidas associações, passou por:

 Várias reuniões de grupo para analisar o que fazer.

 A colocação de uma petição pública online na noite do dia 15 de Março, que conta já com cerca de 2100 assinaturas;

 Iniciaram também a recolha de assinaturas manuais no dia 18, onde têm já em sua posse cerca de 1000 assinaturas válidas;

 Realizaram uma concentração popular no dia 11 de Março, onde estiveram presentes cerca de 350 pessoas, que manifestaram preocupação com as alterações anunciadas;

 Produziram mais de 800 panfletos para distribuir no sábado e no domingo à população, a informar sobre este assunto importante para as gentes da Nazaré e de fora.

 Criaram mais atividade nas redes sociais, a partir da existente página de Facebook do Movimento Cívico, https://www.facebook.com/promontoriodanazare, com partilha de várias publicações, fotos, cartazes, ligação para assinar a petição, etc;

 Foi criada uma página na Internet em, https://promontoriodanazare.pt/;

 Do mesmo modo foi iniciada também uma página no Instagram em, https://www.instagram.com/movimentocdpn/;

 Foi ainda criada também uma página no YouTube, para partilha de vídeos em, https://www.youtube.com/@movimentocivicodefesapromontor;

 Enviaram neste dia 20, à tarde, as cartas com pedidos de reunião à APA (16h11m) e à Câmara Municipal da Nazaré (CMN), (17h08m), em resultado da deliberação aprovada no plenário popular realizado no domingo dia 19.

 Enviaram esta nota à imprensa às 23h57m deste dia.

Do resultado das ações desencadeadas, o MCDPN refere que existe uma clara necessidade de esclarecimento à população e aos especialistas, por parte da APA ou da CMN, para que todos possam entender de facto o que leva aquela entidade a pensar fazer agora uma tão grande alteração ao que existe ali há séculos, mas também entender o que diz a Câmara Municipal sobre as obras contratadas pela APA, que não são da sua responsabilidade, mas por si aceites sem contestação.

Continuando a sua ação, foi marcada pelas redes sociais uma concentração para junto do Bico da Memória, a qual foi realizada domingo, às 11h30m, e onde participaram cerca de 350 pessoas. O número avançado suporta-se no número de assinaturas recolhidas no local, mais de 280, havendo muitos mais participantes presentes que já tinham assinado a petição online.

As próximas ações do Movimento resultarão da rapidez na resposta ao pedido de marcação de reunião enviada no dia 20 de março para a APA e para a Câmara Municipal da Nazaré (CMN), e dos esclarecimentos que forem apresentados. É tão só isto, para já, o que pretende.

Para o Movimento Cívico pela Defesa do Promontório da Nazaré, “todas as possibilidades para se poder analisar o problema e para se alterar o projeto naquela parte devem estar colocadas na discussão e devem poder ser analisadas e ponderadas por todos os intervenientes. Mas, para isso acontecer, devem ser desencadeadas ações para a prestação dos esclarecimentos e de auscultação aos interessados, satisfazendo os seus pedidos de esclarecimentos que técnica, cientifica e historicamente sejam oportunos colocar, até se arranjarem alternativas em consenso generalizado e em defesa dos interesses das populações. Até à perceção de que não há mais nada a fazer para salvar o nosso património identitário, senão o que é anunciado pela APA sem mais discussão e sem qualquer análise, não deixaremos de intervir.”

O Movimento promete dar mais informação à medida que forem conhecidas novidades e espera contar com a ajuda de todos para dar visibilidade a este tema que está na ordem do dia na Nazaré, e por toda a parte onde há pessoas que amam a história e o património natural e identitário da Nazaré. “Não Vamos Deixar o Muro Voar!”, conclui.

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