Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/25

Luís Filipe Santana Dias (Juntos pelo Futuro), Miguel Paulo (PS), Augusto Figueiredo (CDU), Tiago Carvalho (BE) e José Frazão (Chega) debateram propostas

Cinco candidatos disputam a Câmara Municipal de Rio Maior

José Frazão (Chega), Augusto Figueiredo (CDU), Tiago Carvalho (Bloco de Esquerda), Luís Filipe Santana Dias (Juntos pelo Futuro/PSD-CDS) e Miguel Paulo (PS)

Luís Filipe Santana Dias (Juntos pelo Futuro/PSD-CDS), Miguel Paulo (PS), Augusto Figueiredo (CDU), Tiago Carvalho (Bloco de Esquerda) e José Frazão (Chega) são os candidatos à Câmara Municipal que vão a escrutínio eleitoral no dia 26 de Setembro. Os candidatos participaram num debate, no dia 21 de setembro, no Cine-Teatro de Rio Maior, onde abordaram temas como direitos humanos, serviço públicos de qualidade, gestão autárquica, cultura, juventude, infraestruturas e qualidade de vida. O debate decorreu em tom sereno, apenas com algumas trocas de acusações entre Luís Filipe Santana Dias e Miguel Paulo.

Num debate moderado pelos jornalistas André Silva (Hiper Fm) e Marcos Pinto (TVI), os candidatos começaram por fazer um diagnóstico do concelho com Luís Filipe Santana Dias (Juntos pelo Futuro) a referir que “Rio Maior hoje é um concelho que reúne condições agradáveis para viver, ser visitado e trabalhar. É um concelho com um nível de desemprego baixíssimo, rico nos seus espaços verdes” e que “está em condições para dar um salto definitivo e com mais cartas para dar ao nível do desenvolvimento económico”. O candidato quer que Rio Maior seja “um concelho onde se vive com qualidade de vida, de mãos dadas com o desenvolvimento económico.”

Tiago Carvalho ressalva que apesar do concelho ter pouco desemprego, não é só isso o que importa. Segundo o candidato do BE, o problema não é só ter trabalho, “significa ter trabalho com condições. Estamos aqui para responder às pessoas e não aos grandes grupos económicos. Queremos empregos com direitos e com qualidade para os nossos trabalhadores” e, por isso, o lema da sua campanha “é a favor das pessoas e com as pessoas”.

Augusto Figueiredo (CDU) considerou que, no “centro histórico da cidade, loja sim, loja não, está fechada” e apelou a que “olhem para o ambiente, existe em Rio Maior um nível de poluição grande. A Ribeira de São Gregório está muito mal tratada” bem como  “o meio rural onde a assimetria é brutal com a cidade” e questionou sobre projectos estruturantes para a cidade como mais transportes, a reivindicação da ligação à A15, o problema do IC2, a regularização do PDM e a implementação do plano pormenor das salinas.

Já José Frazão (Chega) afirmou que “o desenvolvimento é a base principal, se não houver não há nada, não há escolas não há saúde” lembrando que há “falta de empresas de prestígio dentro de Rio Maior que consigam dar resposta aos nossos alunos da escola profissional” e com isso “perdemos jovens trabalhadores qualificados que vão para outros concelhos”.

A finalizar o tema, Miguel Paulo (PS) afirmou que Rio Maior “é um concelho que não tem estratégia, não tem plano” e acusou o Executivo liderado por Filipe Santana Dias de “estar em gestão corrente em algumas matérias porque a Câmara municipal não tem capacidade de acautelar algumas questões”. Segundo o ex-vereador socialista, há “problemas ao nível da saúde e de transportes das pessoas para a cidade” e apesar de “o desemprego ser baixo” a maior parte “dos jovens riomaiorenses tem de trabalhar fora do concelho”.

Iniciando o tema dos direitos humanos, Tiago Carvalho (BE) referiu que direitos humanos “é ter qualidade de vida, é ter igualdade, é enfrentar as alterações climáticas, é não ter um trabalho precário, é ter acesso a cuidados de saúde”. O bloquista afirmou que o partido tem propostas para estas questões e destacou em termos ambientais “as propostas de adaptação dos edifícios públicos para a neutralidade carbónica”, bem como “a aposta na economia circular, agricultura e floresta sustentável”.

Augusto Figueiredo (CDU) referiu ser “estimulante ter jovens que colocam os direitos humanos no centro da discussão” e afirmou que “no poder local torna-se decisivo incluir os direitos humanos. A saúde é um direito humano, o direito a ter acesso à saúde”, pelo que “temos que dar passos para ter médicos de família e as extensões do meio rural abertos. Já chega de sermos mansos”, salientou, apontando ainda como essencial a educação, a habitação, os salários justos e o combate à precariedade.

Por seu turno José Frazão (Chega) referiu que o direito à educação “é essencial” e que em Rio Maior “não há jardins de infância, as pessoas não têm onde deixar os filhos e onde tem pagam uma fortuna”, pelo que é “urgente a criação de jardins a preços acessíveis”, bem como combater “a desertificação nas aldeias”. O candidato lembrou ainda a importância de um plano para as Marinhas do Sal que “ainda está escondido dentro duma gaveta” e garantiu que atualmente “as salinas não têm condições de receber turistas”.

Miguel Paulo (PS) referiu que “a questão dos emigrantes é muito grande” considerando que o município devia criar uma “estrutura que os ajudasse a enquadrarem-se na sociedade”, porque se “se temos o trabalho e mão de obra é devido aos emigrantes”. Outra questão fundamental é a saúde e em Rio Maior “não há um transporte que possa levar as pessoas até ao centro de saúde”, pelo que deveria haver um “elo de ligação entre as unidades de saúde e aproveitar também os postos de médico das freguesias para serem verdadeiras casas de saúde”.

A finalizar o tema, Santana Dias abordou os temas saúde, ação social, educação e habitação. No que refere à saúde e ação social, o candidato da coligação Juntos pelo Futuro referiu que a sua equipa vai “continuar a promover a saúde descentralizada da sede do concelho. Já é feito com as unidades móveis por todo o concelho” e salientou que, “pela primeira vez, temos o município preocupado em investir na qualidade de vida da pessoa com deficiência”. Já na educação, o candidato salientou que apesar se de apostar na qualidade das escolas também é “essencial investir na capacitação do pessoal não docente das escolas” e na habitação, destacando “a estratégia local de apoio ao arrendamento jovem e para pessoas carenciadas”.

A iniciar o tema dos serviços públicos de qualidade para todos, Augusto Figueiredo referiu que “gestão autárquica é um serviço público. Nós existimos para servir o povo que nos elegeu. Obriga a que sejamos próximos, transparentes, rigorosos e respeitar os trabalhadores”. O candidato da CDU apontou ainda a saúde como um serviço público que não tem estado a funcionar considerando “dramático o que está a acontecer em Rio Maior”, acusando o Governo de “não estar a cumprir com o prometido”.

Palco do debate teve lugar no Cine-Teatro de Rio Maior

Por seu turno, José Frazão (Chega) aponta a necessidade de requalificar a “antiga zona industrial que está em estado de abandono” e a “estrada nacional 114”, questionando ainda o Executivo sobre os elevados preços da água no concelho. Já Miguel Paulo (PS) aponta como serviços públicos de qualidade a gestão autárquica e educação, destacando que “um munícipe não pode estar 18 meses à espera de um processo de obra” e criticou o Executivo de Filipe Santana Dias por aceitar privatizar a escola profissional da cidade e “não ter encontrado outra solução”.

Em resposta, Filipe Santana Dias (Juntos pelo Futuro) criticou a oposição por “estar a meter problemas em cima da mesa e não dar soluções”, adiantando sobre a escola profissional que “o município começou a fazer um trabalho de base para que tivesse viabilidade e não teve porque o Governo não transferiu verbas.”

A finalizar, Tiago Carvalho (BE) afirmou que “as juntas de freguesia são o ponto mais próximo da democracia com as pessoas. Não faz sentido estarem juntas num agregado Frankenstein. Somos a favor da desagregação”. O candidato adiantou ainda em relação à escola profissional que esta “tem que ser pública” e que “não podem ser os privados a decidir, têm de ser os riomaiorenses”.

A iniciar o tema cultura, José Frazão (Chega) assegurou que “temos um potencial cultural que não está a ser aproveitado”, defendendo que “ há que apostar na cultura em Rio Maior. Estamos a perder potencial”.

Miguel Paulo (PS) lembrou que Rio Maior tem “uma cultura diversificada, riquíssima no concelho”, advogando que “com o COVID-19 podíamos ter criado e ter trazido a este palco os artistas riomaiorenses e podíamos ter transmitido via online.” Por isso, defende que, “sem custos acrescidos, temos que criar dentro da Câmara Municipal uma verdadeira agência cultural que vai ser o ponto máximo de exposição e divulgação da cultura riomaiorense”.

Filipe Santana Dias (Juntos pelo Futuro) considerou a ideia de Miguel Paulo “um caminho trilhável” e lembrou que “durante a pandemia conseguimos levar a cultura a todas freguesias” e “iremos continuar a descentralizar a cultura”, além de “recuperar a Vila Romana” e “reforçar o trabalho da Fundação António Quadros”.

Por sua vez, Tiago Carvalho (BE) considerou que deve haver um “apoio regulamentado às associações” e “uma integração dos emigrantes por exemplo nas Tasquinhas”.

Já Augusto Figueiredo (CDU) salientou que “deve haver um serviço público de cultura. Rio Maior não é só a cultura que conhecemos, é o que ainda não conhecemos”, pelo que “um serviço público de cultura e património é essencial”.

A iniciar o tema sobre a juventude, Miguel Paulo (PS) exprimiu a sua discordância com a proposta da candidatura Juntos pelo Futuro em transformar a antiga Rodoviária numa loja social. “Fazer da rodoviária uma loja social não. A central rodoviária deve ser uma casa da juventude, onde os jovens dar possam dar expressão máxima à sua criatividade”.

Por sua vez Filipe Santana Dias (Juntos pelo Futuro) afirmou que “é fácil criar infraestruturas para a juventude, o mais difícil é integrar a juventude” e, para isso, propõe “aumentar as competências do Conselho Municipal da Juventude. Queremos ouvir os jovens na cultura, no urbanismo, na gestão do espaço público” e também o “orçamento participativo jovem deve e pode ser alargado”.

Já Tiago Carvalho (BE) lembrou que aos jovens “interessa onde vou começar a trabalhar, onde vou começar a minha vida”, pelo que o Município deve criar “um plano de habitação jovem”, porque “cada vez saem mais tarde da casa dos pais”. Por outro lado, o bloquista diz ser necessário “incentivar as empresas especializadas a virem para o nosso concelho porque cada vez mais os jovens são especializados.”

Augusto Figueiredo defendeu um “ensino de qualidade para todos”, bem como a “procura de clusters de emprego para todos”. O candidato da CDU referiu também que “há zonas onde os jovens não podem fazer teletrabalho porque não há infraestruturas. Para termos jovens aqui temos que lhes dar instrumentos”, salientou.

A finalizar, José Frazão (Chega) salientou que “temos que perceber a juventude, temos que os ouvir”, alertando que “os jovens não param em Rio Maior porque não tem essa possibilidade” visto não haver “habitação adequada e a preços acessíveis” para jovens.

A iniciar a ronda final, Luís Filipe Santana Dias (Juntos pelo Futuro) falou sobre as infraestruturas e a qualidade de vida e ambiente. O candidato começou por afirmar que a obra da Moagem Maria Celeste, onde vai ser criado um centro interpretativo “é de elevada qualidade” e “vai trazer muita gente a Rio Maior”.

Por outro lado, o candidato da coligação Juntos pelo Futuro afirma ser necessária a “recuperação do rio e a sua devolução à cidade”, pelo que “irão continuar com a requalificação do rio Maior e da ribeira de São Gregório”, bem como do complexo da Mina do Espanadal.

Em relação às infraestruturas, Luís Filipe Santana Dias salientou a “reorganização e requalificação de toda a zona industrial”, tornando-a “atrativa” e classificou como “fragilidade do concelho em alguns pontos do concelho” a “rede de água e saneamento”. Segundo o candidato, “a rede de águas estava obsoleta em 2003. As perdas de água são a principal razão do elevado preço”, mas a autarquia tem vindo a melhorar o serviço reduzindo as perdas. Por outro lado, o candidato afirmou que, em relação ao “saneamento, o objetivo é alargar a todo o concelho”.

Já Tiago Carvalho (BE) lembrou a que a “bazuca deve ser usada para infraestruturas” e de “acordo entre as comunidades intermunicipais”, lembrando que “infraestruturas não é só fazer ruas e rotundas bonitas, deve ser para a habitação social que é mais que um direito” e para “obras com acesso às pessoas com dificuldade”.

Augusto Figueiredo referiu que “Rio Maior devia aproveitar a sua posição geoestratégica. Não é concebível que exista uma quantidade enorme de pessoas sem saneamento básico. É uma prioridade”. Por outro lado, o candidato da CDU recordou a questão da adesão de Rio Maior à empresa Águas do Oeste, que leva os “munícipes a pagar preços exorbitantes” e a necessidade de o município passar para a alçada da Águas do Ribatejo, porque “as Águas do Ribatejo são públicas e não estão sujeitas ao lucro desenfreado da Águas do Oeste”.

Por sua vez José Frazão (Chega) lembrou que “necessitamos de reabilitar a ribeira de São Gregório”, bem como “reabilitar as entradas de Rio Maior que são uma vergonha” e a Nacional 114.

A finalizar, Miguel Paulo (PS) lembrou que o “transporte rodoviário e ferroviário é essencial na promoção da nossa economia”, lembrando que “Rio Maior tem que ter uma ligação urgente ao IC2 no Vale de Óbidos”, que seja “mais rápida e mais segura”.

Mónica Alexandre

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