Com Fernando Mora Ramos, Henrique Fialho, José Carlos Faria e Nuno Miguens Machado
Sala-Estúdio do Teatro da Rainha recebe leituras da poesia de Mário-Henrique Leiria
2022-01-15 17:06:34
O programa Diga 33 – Poesia no Teatro está de regresso às Caldas da Rainha. Dia 18 de Janeiro, na Sala Estúdio do Teatro da Rainha, às 21h30, a sessão será dedicada a Mário-Henrique Leiria, ao serviço da palavra poética de um quarteto de dizedores, composto por Fernando Mora Ramos, Henrique Manuel Bento Fialho, José Carlos Faria e Nuno Miguens Machado.
O tempo não está para brincadeiras, ouvimos dizer. E, no entanto, é um tempo estranhamente brincalhão, este que nos desafia a imaginação até limites que julgávamos inimagináveis. Porque, de facto, a realidade supera a ficção. Por cá, insistimos na palavra, na palavra dita e partilhada, tal como outrora aedos e rapsodos, almocreves e menestréis, jograis e congéneres, que de povoação em povoação transportavam e repartiam ensinamentos. Da tradição oral a este tempo detergente — que, tal como o poeta Ruy Belo, também nós odiamos —, muita água foi correndo debaixo das pontes, mas nem por isso tudo se perdeu no devir das correntes. O teatro e a poesia, de mãos dadas há mais de 2500 anos, continuam a fazer sentido. Só assim se explica que Homero e Sófocles e Ésquilo e Eurípedes continuem por aí a desafiar consciências e a remexer dogmas.
Ao quinto ano de Diga 33, quisemos começar num registo que tem mais que ver com esses tempos em que ouvir era aprender, muito mais do que agora este aprender parece tantas vezes estar reduzido ao opinar. Teremos ao serviço da palavra poética um quarteto de dizedores, composto por Fernando Mora Ramos, Henrique Manuel Bento Fialho, José Carlos Faria e Nuno Miguens Machado. Em cima da mesa, a obra outorgada aos vindouros por Mário-Henrique Leiria, esse mesmo, o autor dos “Contos do Gin-Tonic” (1973). Sobre ele, o melhor é confiar no que nos disse:
«Mário-Henrique Leiria nasceu em Lisboa em 1923. Frequentou a Escola de Belas Artes, donde saiu apressadamente. Entre 1949 e 1951 participou nas actividades da movimentação surrealista em Portugal. Depois começou a andar de um lado para o outro. Teve vários empregos, marinha mercante, caixeiro de praça, operário metalúrgico, construção civil (não, não era arquitecto, carregava tijolo), etc. pelas terras onde andou: a Europa cristã e ocidental, o Mediterrâneo norte-africano, o Oriente Médio e até, dizem, os países socialistas. (…) Em 1958 meteram-lhe ideais na cabeça e foi até Inglaterra, para aprender coisas. Não aprendeu e voltou. Entre 1959 e 1961 foi casado e não fez mais nada. Em 1961 foi para a América Latina donde voltou nove anos depois.» Faleceu no dia 9 de Janeiro de 1980, acrescentamos nós.
Ainda que confiemos no breve relato cima transcrito, estamos prevenidos sobre a arte de acrescentar pontos quando se contam contos. Na próxima terça-feira, dia 18 de Janeiro, iremos pois tentar desatar nós sobre uma misteriosa biografia, lendo e ouvindo ler poemas, contos, textos, do mestre da palavra Mário-Henrique Leiria. Será a primeira sessão de Diga 33 em 2022, prevendo-se até ao final do ano um programa rico em surpresas e novas incursões pela poesia contemporânea portuguesa.
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