Coligação PCP-PEV devolve acusações dos socialistas
CDU e PS da Nazaré acusam-se mutuamente de populismo
2023-05-10 14:56:31
O Grupo de Trabalho da CDU na Nazaré criticou, em comunicado de 3 de maio, a forma como a maioria socialista comemorou o 25 de Abril e a gestão municipal, que considera ser pouco dialogante e até prepotente. Historicamente, recorda, “a ação do PCP e da CDU tem sido pautada e caracterizada pela grande proximidade às populações, aos trabalhadores e ao povo português, procurando saber das suas dificuldades e aspirações para, posteriormente, lhes dar a visibilidade e as respostas necessárias, no sentido da sua resolução.”
A luta de massas, o esclarecimento individualizado ou coletivo, as petições públicas, os manifestos, os panfletos informativos, a imprensa de combate às visões de sentido único da comunicação social dominante, as faixas com palavras de ordem, as concentrações nas fábricas e locais de trabalho, as manifestações de apoio à luta dos trabalhadores, a dinamização de movimentos de convergência para a resolução de problemas concretos que afetam as comunidades, as denúncias das injustiças e desigualdades sociais são, há mais de 100 anos, as formas de combate adotadas pelo PCP e há décadas pela CDU.
Segundo a CDU, o seu objetivo é simples: “exigir soluções para os problemas que afetam as pessoas e para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e fraterna, onde a Paz pontifique. Por puro desconhecimento, desonestidade intelectual, hipocrisia ou por desorientação política, cada vez mais evidente, o PS local chama a isto Populismo! Nós chamamos, a este tipo de ação na procura do bem comum, intervir sobre uma realidade injusta, tendo em vista a sua transformação e a construção de alternativas, com base no esclarecimento e na informação consolidada, rumo à tomada de consciência política e de classe das populações oprimidas por políticas irrealistas e inconsequentes.”
Considerando que há uma distância entre as palavras e os atos de quem as profere, a CDU entende que “este PS, que governa a Nazaré há quase uma década, chegou ao poder utilizando como ferramenta privilegiada de comunicação — até à náusea — as redes sociais, recorrendo às falsas notícias, caluniando adversários políticos, prometendo tudo a toda a gente em troca do voto e beneficiando de uma conjuntura caótica no plano nacional e local: um país governado por Passos e Portas (PSD e CDS) e, localmente, com o município a bater no fundo, com uma dívida colossal, que o PS dizia ter forma de resolver sem recorrer a ajuda externa. Tudo somado, tivemos um PS a braços com conjuntura adequada para iniciar a sua deriva populista, sem renunciar a nenhum condimento estrutural desta opção de intervenção política.”
Já a governar, segundo a CDU, “o PS intensifica o uso e abuso do culto da personalidade, através das redes sociais, agora já com recurso ao erário público, e promove despedimentos coletivos, opta, estrategicamente, pelo turismo de massas, pela promoção desmedida do território, cola-se intencionalmente à promoção do futebol, às práticas religiosas, à vitimização constante, designadamente através dos valores enraizados da família tradicional, configurando um cruzamento explosivo entre Deus, Pátria, Futebol e Família e nem os monumentos a ressuscitar o país imperial faltaram para compor o ramalhete”, prática que “vai mesmo muito mais fundo” que o populismo.
Assim, “perante a falta de respostas para os problemas reais sentidos pela população nos planos da valorização dos trabalhadores e dos seus rendimentos, na Habitação, Saúde, Educação, mobilidade, ordenamento do território, urbanismo, espaços verdes e perante o trabalho acérrimo desenvolvido pela CDU na defesa dos interesses das populações do concelho, o PS local tenta intimidar esta força política com ameaças que remetem para o recurso a ações judiciais, como proferido pela vereadora Regina Piedade, na última sessão da Assembleia Municipal da Nazaré de 27 de Abril de 2023, dando-nos razão quando acusamos o atual executivo do PS de se encontrar muito afastado do espírito de Abril.”
Para a CDU da Nazaré, “esta parece ter sido a forma mais criativa que encontraram para comemorar os 49 anos da Democracia e da Revolução dos Cravos: intimidação a todos aqueles que tentem denunciar os resultados nefastos das suas políticas, as suas contradições insanáveis e uma forma autoritária de governar, nas costas das populações, por decreto/despacho, como são exemplos os múltiplos projetos em curso no concelho e outros que, caso a CDU não interviesse, nunca tinham sido do conhecimento público.”
Ainda segundo a Coligação PCP-PEV, “a mensagem que o PS local quis transmitir foi a seguinte: todos os que se atravessarem no nosso caminho terão o destino que merecem, dando corpo ao velho slogan “Quem se mete com o PS, leva!.” Este clima nefasto da fase atual da política local, inaugurada há dez anos, terá que ter um fim rapidamente. Há que consolidar as bases de uma democracia avançada, participada pelas populações e com uma ação governativa que responda às suas necessidades e expectativas.”
Assim, “a continuidade destas políticas, não de conflito de ideias, mas de conflitualidade permanente e mesquinha com tudo e com todos, distorcendo constantemente as intervenções da oposição dando-lhes interpretações enviesadas a seu belo prazer, hostilizando munícipes que apenas pedem atenção para os seus problemas e bom senso para os resolver, corrói o nosso sentido de comunidade e aprofunda irreversivelmente as divisões entre pessoas, entre instituições e entre os diferentes territórios do nosso concelho, afastando cada vez mais as pessoas da política local”, defende.
O Grupo de Trabalho da CDU na Nazaré defende que são precisas políticas racionais e de convergência, mas assegura que “este PS nunca será capaz de as promover, dinamizar e muito menos consolidar. A CDU precisará de todos os que anseiam por uma política alternativa para o nosso concelho. Democratas, progressistas, homens e mulheres sem partido, ou mesmo os que tendo partido, mas que não se revêm nestas formas de fazer política — todos os que acreditam ser possível colocar o diálogo no centro da ação política e a resolução dos problemas das pessoas no cimo da escala de prioridades da ação governativa local são bem-vindos. Apesar das ameaças, ocultações e condicionamentos, a luta continua, sempre”, conclui.
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