Edição: 289

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/12/3

Ex-ministro alerta que o mundo ocidental, sobretudo, dedica em média 3 horas diárias às redes sociais

Paulo Portas: redes sociais tiram tempo dedicado ao sono, à família, ao trabalho, saúde e estudo

Paulo Portas na Central das artes de Porto de Mós

Na sétima sessão do Ciclo de Conferências “Ditadura e Democracia: que história? Que presente? Que futuro?”, que decorreu no dia 13 de outubro, na Central das Artes, em Porto de Mós, Paulo Portas deixou muitos os alertas sobre o perigo da governança através das redes sociais.

O ex-ministro e ex-presidente do CDS fez uma ponte entre os acontecimentos do 25 de abril e os dias de hoje, sobretudo no que diz respeito às diferentes formas de governar e de chegar às populações. Paulo Portas alerta que “está longe de ser verdade que governar bem é dizer o que se gosta de ouvir e que gera muitos likes”. Num mundo onde assinalar a diferença, e bem, é a sílaba tónica, torna-se importante recordar que “a democracia faz-se de diferenças mas também de encontros”.

Recordando o ressurgimento dos extremismos, à semelhança do que aconteceu no decorrer do séc. XX, Paulo Portas alerta que “hoje em dia há populistas a mais e racionalidade a menos” e que “cada vez mais é preciso ter mais cuidado com a diluição entre o que é falso e verdadeiro”. Segundo o orador, o mundo ocidental, sobretudo, dedica em média 3 horas diárias às redes sociais, o que representa falta de tempo dedicado ao sono, à família, ao trabalho, à saúde ou ao estudo – tudo o que é essencial.

A presença assídua nas redes sociais é ainda uma porta aberta para a manipulação da informação e, através dela, das populações. Paulo Portas dá exemplos concretos de acontecimentos recentes que terão a ver com esta permeabilidade às redes sociais, que hoje em dia conseguem atuar ao nível micro, sobre os interesses de cada indivíduo, personalizando a informação. São eles o Brexit, o incidente no Capitólio nos Estados Unidos da América e depois no Brasil e a eleição do governo que hoje lidera Israel, por exemplo.

Sobre o 25 de abril, o antigo ministro referiu a conspeção visionária de Adriano Moreira sobre o processo de descolonização, que, a seu ver, seria uma passo inevitável, que deveria decorrer de forma organizada e progressiva, visão essa que não era partilhada pelo regime, premissa que acabou por contribuir para a sua queda.

Já no período pós revolução, Paulo Portas refere o episódio do 25 de Novembro como “absolutamente essencial na garantia de uma assembleia pluralista”, como a que temos hoje.

O ciclo de conferências volta no próximo dia 24 de novembro, para a sua última sessão, com a presença de Maria Inácia Rezola.

     Fonte: PA|GC|CMPM

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