Opinião
As nossas escolhas
2024-01-21 22:44:18
Em pré-campanha eleitoral, diante das iminentes eleições legislativas para substituir um Governo que sucumbiu às suas políticas, decisões e comportamentos, e com as listas de candidatos a deputados praticamente fechadas, uma parte dos portugueses optará por decidir o seu voto com base na sigla partidária, outros pelo candidato a primeiro-ministro, e os mais exigentes e preocupados com o futuro do país avaliarão conjuntamente o partido, o candidato, as propostas e os representantes do seu distrito que terão assento na Assembleia da República.
A formação das listas é o processo mais complexo e problemático para os dirigentes partidários, talvez seja o momento em que as más práticas políticas mais influenciam, impondo-se a cobrança de apoios, o peso da seção e outras artimanhas que substituem a necessidade imperiosa de escolher com base nos conhecimentos reais sobre o país, nas capacidades profissionais, na vontade de aprender com os cidadãos, no espírito aberto para encarar os desafios do futuro, na lealdade para com os seus pares e nos valores éticos e íntegros. No entanto, durante a campanha, os candidatos propostos são basicamente ignorados pelos eleitores.
Este é um dos grandes equívocos da forma como se escolhe votar. Apostar unicamente no candidato a primeiro-ministro e proporcionar-lhe a escolha dos restantes membros do governo é bastante redutor. Basta relembrar que no último governo, com uma maioria absoluta, essas escolhas não correram muito bem, o primeiro-ministro teve de substituir 13 governantes, e acabou ele próprio por ser 14º. Ora, não nos podendo sobrepor às regras da nossa democracia e à Constituição da República Portuguesa, devemos ter uma maior preocupação com os deputados que nos representam, pois são eles que têm a capacidade de legislar e fiscalizar a atuação do Governo. Se os dirigentes partidários estão reféns de outros interesses para selecionar os candidatos, os eleitores devem ter esse cuidado e separar o trigo do joio.
No dia 10 de março, o povo volta a ser quem mais ordena, a democracia em que vivemos confere-nos o dever da escolha para garantir o direito à melhoria das condições de vida, seja pela via social, saúde, educação, justiça, economia, trabalho ou habitação.
A democracia que se iniciou há 50 anos ainda está em desenvolvimento, é preciso maior amor próprio e mais respeito pela nossa soberania da consciência, possibilitando que nos possamos libertar das velhas amarras que não nos tem permitido escolher os melhores.
Ao sabor desta liberdade, nas próximas eleições vou preferir escolher quem me melhor poderá representar na Assembleia da República.
Nuno Catita
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