A Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), representando os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós, apresentou à Assembleia da República, no âmbito da discussão da Proposta de Orçamento do Estado para 2026, um conjunto de oito medidas prioritárias essenciais para o futuro da região e do país.

Estas propostas expressam uma posição unida dos autarcas da Região de Leiria, que defendem uma política nacional de desenvolvimento verdadeiramente descentralizada, capaz de corrigir as assimetrias na afetação dos recursos públicos e de valorizar os territórios intermédios. O objetivo é mobilizar investimento público estruturante, potenciar a transição verde e digital, e reforçar a competitividade económica, social e ambiental da Região de Leiria.

     1. Ampliação do Hospital de Santo André – Reforçar o Serviço Nacional de Saúde na Região 

O Hospital de Santo André, em Leiria, serve mais de 300 mil habitantes e constitui o principal polo hospitalar da região centro-litoral. Encontrando-se subdimensionado face à sua área de influência, sofre de pressão crónica nas urgências e insuficiência de capacidade de internamento.

A ampliação é uma resposta inadiável para:

• Garantir cuidados de saúde de qualidade e proximidade;

• Reforçar o número de camas e especialidades médicas;

• Reduzir listas de espera e deslocações desnecessárias para Coimbra ou Lisboa.

A CIMRL reivindica que o Orçamento do Estado para 2026 inscreva a verba necessária ao início da obra de ampliação do Hospital Santo André, em Leiria, em articulação com o Ministério da Saúde.

2. Conclusão das Acessibilidades Estratégicas – Ligar Territórios, Salvar Vidas

A rede rodoviária regional apresenta graves défices de continuidade e segurança. É urgente concluir os projetos previstos no Programa Nacional de Investimentos 2030 e no Plano Rodoviário Nacional e promover a mobilidade, nomeadamente:

• IC8 (Pombal–Avelar, requalificação)

• IC9 (ligação à A1)

• A19, IC36 e A8 – Marinha Grande/Leiria (Eliminação/modulação portagens).

Estas obras são fundamentais para:

• Melhorar a segurança rodoviária e reduzir a sinistralidade;

• Aumentar a competitividade industrial e logística;

• Garantir coesão territorial entre o litoral e o interior.

A CIMRL exige calendarização e financiamento plurianual para os investimentos.

3. Alta Velocidade e Intermodalidade – Leiria no Mapa Ferroviário do Futuro

A Linha de Alta Velocidade Lisboa–Porto é o investimento mais transformador para a economia nacional. A CIMRL defende que Leiria seja parte integrante do traçado e da rede nacional de serviços, garantindo:

• Estação intermodal na Barosa, articulada com os transportes urbanos e o futuro MetroBus;

• Antecipação da 2.ª fase da LAV, com lançamento de concurso logo após a avaliação ambiental;

• Coordenação com a modernização da Linha do Oeste.

Esta integração assegura que a Alta Velocidade beneficie efetivamente as populações e empresas da Região de Leiria, em vez de reforçar o centralismo

4. Emissário Submarino da ETAR do Coimbrão – Investir no Ambiente e na Saúde Pública

A ETAR do Coimbrão, inaugurada em 2008, trata águas residuais de quatro concelhos e representa um pilar da sustentabilidade regional. A ausência de uma solução final adequada para o destino dos efluentes tratados coloca em risco o sistema hídrico do rio Lis e a qualidade da água na Praia da Vieira.

A construção do Emissário Submarino é, por isso, um investimento estratégico que garante:

• Proteção ambiental e cumprimento das diretivas europeias;

• Sustentabilidade a longo prazo do sistema de saneamento;

• Melhoria da qualidade de vida das populações.

A CIMRL propõe a inclusão deste projeto no OE2026 e nos programas de financiamento ambiental europeu.

5. HUB Logístico de Leiria – Plataforma para o Crescimento Económico

O HUB Logístico de Leiria surge como resposta à crescente importância do ecommerce, da exportação industrial e da intermodalidade de transportes. Com localização estratégica entre Lisboa e Porto, o projeto pretende:

• Criar uma plataforma de distribuição e transporte sustentável;

• Apoiar empresas exportadoras e reduzir custos logísticos;

• Integrar transporte ferroviário e rodoviário para o mercado ibérico.

O HUB é uma aposta no crescimento verde e digital, potenciando parcerias público-privadas e colocando Leiria como nó logístico central do centro do país.

6. Museu Nacional da Floresta – Valorizar o Pinhal e a Identidade Nacional

O Museu Nacional da Floresta (MNF), criado por lei em 1999, tem como sede natural a Mata Nacional de Leiria (Marinha Grande). Mais de duas décadas depois, o projeto ainda não saiu do papel, apesar do empenho do município e da comunidade científica e cultural.

A CIMRL considera que chegou o momento de o Estado:

• Concretizar o compromisso de instalação e financiamento do MNF;

• Valorizar o património florestal e a memória do Pinhal de Leiria;

• Promover um centro de educação ambiental, investigação e turismo sustentável.

O Museu Nacional da Floresta será um símbolo da recuperação do Pinhal e da relação do país com a sua floresta.

7. Ecossistema das Indústrias de Defesa – Reindustrializar com Futuro

A Região de Leiria possui empresas com elevada capacidade tecnológica e industrial, aptas a integrar a nova agenda europeia de defesa e segurança.

A CIMRL propõe a criação de um programa nacional de incentivo à reindustrialização e inovação tecnológica, com foco:

• Na modernização das indústrias da região;

• No desenvolvimento de produtos e tecnologias dual-use (civil e defesa);

• Na criação de centros de inovação e transferência tecnológica;

• Na ligação às universidades e centros de investigação.

Esta aposta posiciona Leiria como pólo estratégico da nova economia de defesa europeia, atraindo investimento e qualificando emprego. Com esse objetivo, encontra-se em fase final de desenvolvimento um Plano Estratégico para as Indústrias da Defesa na Região de Leiria, sendo uma iniciativa conjunta da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) e da Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI/CCI).

Como principais oportunidades para as empresas nacionais, o estudo identifica o potencial ao nível do fornecimento de subconjuntos metálicos e peças maquinadas para os setores aeronáutico, naval e terrestre, bem como o desenvolvimento de componentes em materiais compósitos para estruturas de plataformas e blindagem.

Destacam-se ainda áreas como a eletrónica e cablagens militares (com requisitos IPC/EN9100), software crítico, cibersegurança, integração digital, e a participação em consórcios EDF/ESA em domínios de deep tech, sensores, drones, navegação e aeroespacial. Também o reforço da produção de componentes de duplo uso (como alimentos, conservas, calçado e equipamentos de proteção individual), são fatores críticos que abrem novas perspetivas de exportação e crescimento para as empresas do cluster da defesa na Região de Leiria.

8. MetroBus Leiria – Mobilidade Sustentável e Interligada

O MetroBus Leiria é um projeto estruturante para a mobilidade urbana e intermunicipal, promovendo uma alternativa sustentável ao transporte individual. Prevê ligações rápidas entre Leiria, Marinha Grande, Pombal, Batalha, Porto de Mós e Fátima, integrando-se com a futura estação de Alta Velocidade da Barosa.

O sistema permitirá:

• Reduzir emissões e congestionamento urbano;

• Melhorar o acesso ao emprego e aos serviços públicos;

• Criar uma rede moderna, inclusiva e ambientalmente eficiente.

A CIMRL defende que o projeto seja prioritário no quadro do Programa Nacional de Mobilidade Sustentável e tenha financiamento garantido em 2026.

Conclusão

Estas oito medidas formam uma agenda coerente e visionária para a Região de Leiria — um território que contribui decisivamente para a economia nacional, mas que exige igualdade de oportunidades e investimento público equilibrado. A CIMRL reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento regional, a coesão nacional e a sustentabilidade, apelando à Assembleia da República e ao Governo para que reconheçam a Região de Leiria como um eixo central no futuro de Portugal.