Edição: 300

Diretor: Mário Lopes

Data: 2025/11/18

Opinião

Benedita, a terra onde todos querem pôr a cruz

Nuno Catita

Há lugares que se impõem pelo peso da história. Outros pela força do presente.
A Benedita impõe-se pelas duas. E, agora, também pelos protocolos que vão desenhando no mapa o reconhecimento que tarda em chegar por decreto.Foi assinado mais um, desta vez entre a Câmara Municipal de Alcobaça, a Junta de Freguesia da Benedita e a AIRO, associação empresarial do concelho vizinho.
O objetivo… a criação de um polo da AIRO na Benedita.
Mais uma fita cortada, mais um discurso solene e, sejamos justos, mais um sinal de que esta terra continua a atrair quem reconhece valor quando o vê.

Porque, convenhamos, quando associações de fora querem vir para dentro, é porque sabem o que aqui existe.
E a Benedita tem muito.
Com um tecido empresarial vasto, diversificado e resiliente, é aqui que pulsa o verdadeiro motor económico do concelho.
É aqui que se trabalha, que se arrisca e que se cria emprego.
E é também aqui que se sente a energia de uma comunidade que não espera, faz primeiro e pergunta depois.

Agora, a AIRO junta-se à AEB, a associação empresarial local, que recentemente firmou um protocolo com a NERLEI-Associação Empresarial  da Região de Leiria/Câmara de Comércio e Indústria .
Ou seja, numa só freguesia estão agora representadas a maior associação empresarial do distrito e a principal associação do concelho vizinho, lado a lado, sob o mesmo teto e o mesmo espírito.

A Casa das Associações da Benedita transformou-se num verdadeiro centro empresarial regional, símbolo da vitalidade local e da capacidade de atrair parceiros.
E há, naturalmente, uma certa dose de ironia nisto tudo, o concelho de Alcobaça, com toda a sua dimensão e potencial, nunca conseguiu criar uma associação concelhia com o peso, a estrutura ou a influência da AIRO ou da NERLEI.

Parece que o dinamismo decidiu mudar de morada, e escolheu a Benedita.

Dir-se-ia que vivemos um subtil “jogo do galo institucional”.
De um lado, o protocolo AEB/NERLEI, do outro, o protocolo CMA/JFB/AIRO.
Cada cruz colocada com precisão política, como se fosse preciso ocupar todos os quadrados antes que outro o faça.
Mas, no meio desse jogo, há uma certeza que ninguém pode apagar: a Benedita é a única casa onde todos querem jogar.

E é aqui que o humor dá lugar ao espanto.
Porque, ironia das ironias, este protocolo chegou de fora, foi preparado fora, e acabou anunciado dentro.
Em terra onde as portas costumam estar abertas, parece que desta vez alguém preferiu entrar pela janela.

Ainda assim, vale o reconhecimento.
Quem vem de fora não vem por acaso.
Vem porque sabe o que aqui existe, empresas sólidas, gente que trabalha, projetos que crescem e uma dinâmica que dispensa tutelas.
É esse o verdadeiro elogio, quando o reconhecimento chega não por favor, mas por evidência.

Por isso, sim, merecemos.
Merecemos esta atenção, esta confiança e esta presença.
Merecemos que nos vejam como centro e não como periferia.
E merecemos que os protocolos tragam mais do que fotografias e placas inauguradas, tragam projetos, apoios concretos e futuro.

Afinal, a Benedita não precisa de provar que é dinâmica.
A Benedita é dinâmica.
E, pelos vistos, até o concelho vizinho e a capital do distrito já perceberam isso.

    Nuno Catita

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