Edição: 301

Diretor: Mário Lopes

Data: 2025/12/6

Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense Vitória precisa de obras

Única filarmónica do concelho da Chamusca luta para sobreviver

Trompista da SFIR

Maria Eduarda Caetano, presidente da direção da Associação SFIRCVitória (Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense Vitória) encontrou uma dura realidade em 2024 quando tomou posse: uma casa que precisa de ser reconstruída, uma escola que resiste com poucos recursos e uma comunidade que luta para não deixar a música calar-se.

A SFIRC Vitória é mais do que uma banda, é o coração da Carregueira, a única banda do concelho da Chamusca e um espaço onde gerações aprenderam a sonhar e onde o amor à música fez e faz nascer outros amores. Ao longo dos anos, diversos casais uniram-se na SFIRCV.

“Um dos “símbolos” da nossa banda é a família Luiza: 5 elementos com idades compreendidas entre os 40 e os 71 anos. É emocionante ver marchar lado a lado marido e mulher com os filhos. Mas todos os que, ao longo dos 95 anos da nossa história, por ali passaram, sejam pais, filhos, noras ou genros, são igualmente parte desta nossa família. A banda Vitória tem sido o elo que une toda a freguesia, o concelho e a região e, por isso, não podemos deixar esta casa desaparecer”, alerta.

A SFIRCV enfrenta atualmente um período difícil: as suas atividades na sede estiveram suspensas durante vários anos devido ao seu mau estado de conservação. A escola de música — que inclui formação musical e banda juvenil — conta com cerca de 25 alunos de todas as idades e níveis, destacando-se uma jovem de 12 anos com dificuldades motoras e cognitivas que é um verdadeiro exemplo de superação e amor pela música. As aulas decorrem em três locais distintos na freguesia, o que representa um enorme incómodo para pais e alunos, e também contribui para a diminuição no número de aprendizes.

A banda principal, com cerca de 38 elementos, tem ensaiado numa sala de aula inadequada situada na aldeia vizinha do Arripiado. Importa salientar que, ao longo de muitos anos, a SFIRCV tem vindo a formar músicos que se destacam a nível nacional. Apesar de todas as dificuldades que a associação enfrenta, a Direção continua a transmitir às gerações mais novas a grandeza da música e as oportunidades profissionais que ela poderá oferecer no futuro. Só este ano, há dois alunos em escolas profissionais: um no distrito de Aveiro e outro na Covilhã. Dada a tenra idade deste último, até a família se mudou para permitir que ele seguisse o seu sonho.

As obras de requalificação para a sede foram orçamentadas em cerca de 310.000 €, mais 70.000 € para a parte acústica do edifício, as quais começaram em março do presente ano civil. O financiamento parcial disponibilizado pelo município é insuficiente para concluir as obras, pelo que o espaço permanece fechado.

Neste contexto, a SFIRCV lançou a campanha “Voltar a Casa”, que tem como objetivo angariar donativos junto da comunidade e de empresas locais, bem como de outras entidades que possam ajudar a associação. A missão de formação musical e cultural só pode continuar se a sede reabrir rapidamente.

“Com o apoio de todos, queremos devolver-lhe a voz, o som e a vida que sempre teve. Através da escola de música e da banda juvenil, formamos jovens, despertamos talentos e ensinamos valores como disciplina, amizade e trabalho em equipa e por outro lado, a banda principal e a animação de rua levam o nome da nossa terra mais longe, levando alegria e tradição a cada atuação. Manter viva a nossa filarmónica é preservar a identidade, a história e o orgulho da Carregueira”, conclui Maria Eduarda Caetano,.

A SFIRCV foi fundada em 30 de maio de 1930 e é a única banda filarmónica do concelho da Chamusca. Nestes 95 anos de vida tem sido o motor do associativismo na Carregueira, confirmado com o prémio ‘Personalidade do Ano’, na área da cultura, atribuído pelo jornal ‘O Mirante’, no ano de 2024. Tem sido igualmente reconhecida a qualidade da nossa banda, o que a tem levado a atuar nos mais diversos palcos, desde Paris aos Açores, de Norte a Sul de Portugal Continental, e em recintos emblemáticos como o Estádio da Luz e o Campo Pequeno. Nos últimos dois anos, realizou dois concertos com Rogério Charraz, um dos quais nos Olivais, e um concerto com Paulo de Carvalho, entre muitos outros.

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