Edição: 289

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/12/3

Fabíola Cardoso levou tema da poluição do Rio Nabão ao Parlamento

Deputada do Bloco de Esquerda confronta ministro do Ambiente sobre “crime ecológico em Tomar”

Fabíola Cardoso

No dia das eleições presidenciais, verificou-se mais um novo, intenso e prolongado episódio de descargas poluentes no rio Nabão.  A deputada eleita pelo BE no Distrito de Santarém, Fabíola Cardoso, confrontou o ministro do Ambiente, na Assembleia da República (AR), sobre esse grave atentado ecológico no Nabão, que, para desespero da população, se repete com frequência e dura há décadas.

Depois da autarquia de Tomar imputar a origem da poluição à ETAR de Seiça, que embora instalada no concelho de Tomar serve o Concelho vizinho de Ourém, a autarquia ouriense começou por negar responsabilidades, para depois as assumir, perante a evidência dos factos. Agora, o Município de Tomar também já reconhece a sua parte de responsabilidade no problema.

“Tomar, tal como Ourém, não pode orgulhar-se do saneamento básico do concelho e tem revelado uma total ausência de fiscalização e vigilância dos agentes poluidores, a montante do rio. Encontrado o consenso entre os Municípios e declarada a vontade comum de pôr fim ao problema, com a criação da nova empresa “Tejo Ambiente, Empresa Intermunicipal do Ambiente do Médio Tejo” presidida atualmente pela presidente da Câmara de Tomar e também da CIMT, seriam de esperar avanços decisivos na resolução do problema. Mas tal não está a acontecer”, refere Fabíola Cardoso.

Em 2020, os deputados europeus do BE, Marisa Matias e José Gusmão, levaram o problema da poluição do Rio Nabão ao Parlamento Europeu, que conforme o procedimento habitual, terá certamente endereçado um pedido de explicações ao Governo português, mas “o que poderia ter sido uma oportunidade para procurar ajuda financeira para o projeto ambientalista da despoluição do Nabão, não o foi. Ou pelo menos, não se viu qualquer consequência prática”, salienta.

A resposta do Ministério do Ambiente à pergunta da semana passada na AR, transmitida pela secretária de Estado Inês Costa, não faz referência a qualquer projeto ou plano em curso, nem aos custos e fontes de financiamento. Mas refere, em tom apaziguador, que a situação estará a evoluir favoravelmente, que as Câmaras de Tomar e Ourém estão a trabalhar para resolver a situação.

Segundo a secretária de Estado, a empresa Tejo Ambiente estará a colaborar com a APA. Daí concluir que “as medidas estão todas em curso e esperamos que sejam eficazes para resolução do problema assim que possível”, mas, segundo a deputada bloquista eleita pelo distrito de Santarém, “nem uma palavra sobre a ETAR, nem sobre os 15 milhões de euros de investimento necessários e já anunciados pela presidente e pelo diretor da Tejo Ambiente, verba que agora, nas palavras de Inês Costa, parece  afigurar-se desnecessária…”

O Bloco de Esquerda considera “inaceitável que se continue a fazer tabu em atentados ambientais desta gravidade. O BE não reconhece estarem em curso medidas para resolver o problema. Ao que parece, querem silenciar a poluição do rio Nabão até às eleições autárquicas deste ano. O tema não interessa nem ao PS, a gerir a CMT há uma década; nem interessa ao PSD, a quem cabe a responsabilidade da construção em Tomar, sem contrapartidas para o concelho, da polémica ETAR.

O Secretariado da CCD de Santarém manifesta o seu repúdio pela situação, solidariza-se com a população de Tomar e exige do Ministério do Ambiente e de todos as entidades envolvidas, transparência, seriedade e celeridade na resolução deste atentado ecológico e também para a saúde pública.

 

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