Seis anos depois
PCP acusa Governo de não resolver problemas que originaram os grandes incêndios de Pedrogão Grande
2023-06-24 16:45:16
Os incêndios de Pedrogão Grande de Junho de 2017 marcaram profundamente toda a região e o País. A Direção da Organização Regional de Leiria do PCP recorda os milhares de hectares de floresta ardidos, mais de 500 habitações destruídas, dezenas de feridos e 66 mortos que constituem um negro rescaldo, considerando que “seis anos passados, continua a não encontrar a resposta necessária.”
Para o PCP, “os incêndios de Pedrogão de Grande não resultaram de uma casualidade, têm causas estruturais, há muito identificadas, que poderiam ter sido evitadas. O abandono a que a política dos sucessivos governos sentenciou toda a região do Pinhal Interior Norte – com o encerramento de serviços públicos, a desvalorização da agricultura familiar e de outras atividades produtivas, a desorganização florestal, a falta de investimento na proteção civil e nos bombeiros- são as verdadeiras causas dos incêndios de 2017.”
“Seis anos depois, apesar do corrupio de visitas, relatórios, legislação, anúncios e promessas o fundamental das medidas estruturais e preventivas que se impunham continua por fazer e é ainda mais difícil fixar população nestes territórios”, alerta.
O PCP sublinha que sempre alertou para os riscos e consequências de uma política que acentua desigualdades na sociedade e no território e interveio, ao longo destes seis anos, com múltiplas iniciativas para responder aos problemas de fundo.
Assim, seis anos depois, o PCP considera urgente avançar no cadastro florestal; assegurar o preço justo da madeira e promover o ordenamento florestal; concluir a rede primária de faixas de gestão de combustível; apoiar a pequena agricultura; contratar os meios humanos necessários, designadamente as 500 equipas de sapadores florestais aprovados na lei de defesa da floresta.
Também urgente “é constituir o Comando Nacional de Bombeiros; garantir o financiamento suficiente para as Associações Humanitárias de Bombeiros; aprovar um regime jurídico especial que reconheça e valorize as carreiras, os rendimentos, o quadro de aposentação e o estatuto social dos bombeiros.”
O PCP defende também “a concretização de um plano de recuperação económica e demográfica para todo o Pinhal Interior Norte com os meios e o investimento público adequado, que contribua para a fixação das atividades produtivas e das populações.”
Ainda urgente é “garantir neste verão os meios e capacidade operacional adequados face aos elevados riscos de incêndio existentes e que continuam a ameaçar esta região e grande parte do País.”
Por fim, para o PCP, “é urgente concluir o processo de recuperação das habitações afetadas pelos incêndios, avançar na recuperação ordenada da floresta, revertendo a reflorestação natural e de espécies não autóctones, e travar a exploração intensiva promovida pela indústria do papel.”
Ao longo destes 6 anos, independentemente da maior ou menor atenção mediática, o PCP recorda que “nunca deixou de intervir de forma coerente e combativa na defesa das populações e da região. Foi isso que levou à apresentação de dezenas de iniciativas na Assembleia da República, ao questionamento da Comissão Europeia, a dezenas de propostas em sucessivos Orçamentos do Estado, à presença no terreno por diversas vezes do secretário-geral do PCP como aconteceu a 17 de Junho do ano passado quando se assinalavam 5 anos sobre os incêndios.”
O PCP realça que “sempre recusou a instrumentalização da tragédia de Pedrogão Grande e das suas vítimas” e que “a preservação da memória é indissociável da coerência política entre as afirmações, mais ou menos condoídas, e a prática. As políticas do Governo e as votações sucessivas de PS, PSD, IL e Chega contra as propostas do PCP sobre o investimento nos Bombeiros e Proteção Civil, o ordenamento da floresta e reforço da verba para o ICNF, o apoio à agricultura familiar ou o investimento nos serviços públicos, demonstram uma incoerência a todos os níveis criticável.”
Segundo a DORLei do PCP, “as populações dos concelhos do Pinhal Interior Norte sabem e reconhecem que encontram no PCP uma força confiável, consequente e determinada na defesa dos seus interesses e aspirações a viver melhor nas suas vilas e localidades, na garantia da preservação dos seus hábitos, tradições e memórias, no desenvolvimento e progresso da sua região.”
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