Autarquia protesta contra a deliberação da Direção Executiva do SNS que impede o tratamento com qualidade de pessoas na Unidade de Caldas da rainha
Câmara de Caldas da Rainha exige continuação do tratamento do cancro da mama no Hospital
2024-03-13 15:46:50
A Unidade de Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste trata os doentes com patologia oncológica mamária desde há 40 anos e foi recentemente requalificada pela administração com equipamentos e técnicos clínicos, incluindo o acesso a cirurgião plástico. Por isso, a Câmara Municipal de Caldas da Rainha não aceita que o Hospital de Caldas da Rainha, que integra o Centro Hospitalar do Oeste, seja impedido por uma deliberação da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) – a deliberação 011/2024 – de tratar o cancro da mama com base num único critério: o número de ocorrências por ano, considerando que “as pessoas não podem ser tratadas como números.”
O Hospital de Caldas mantém uma equipa dedicada ao cancro da mama, conseguindo dar respostas às utentes numa semana, tanto no que diz respeito a consultas, como a tratamentos e a cirurgias. De facto, a Unidade de Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste trata os doentes com patologia oncológica mamária desde há 40 anos e, de uma forma regular e protocolada, seguindo o protocolo então existente de tratamento do cancro de mama do IPO de Lisboa, desde há 30 anos. Este serviço tem vindo a ser requalificado pela administração com equipamentos e técnicos clínicos, incluindo o acesso a cirurgião plástico.
Para além disso, tem uma capacidade instalada que permite realizar cerca de 150 cirurgias anualmente. A incidência de cancro de mama em Portugal varia consoante as regiões, sendo de cerca de 60 casos por 100 mil habitantes, estimando-se uma incidência superior a 120 casos por ano na população residente na área de influência da ULS do Oeste, que poderia aumentar com a referenciação de outras franjas do território, como Alcobaça e Rio Maior, entre outras.
Por outro lado, a manutenção das cirurgias em Caldas permite aliviar outros hospitais que se encontram sobrecarregados, criando as condições para a fixação e a atração de mais profissionais de saúde, mantendo a idoneidade do serviço e permitindo, deste modo, continuar a formar mais médicos.
“Com esta ordem de impedimento absolutamente inexplicável por parte do SNS, que se baseia apenas em critérios de quantidade e não de qualidade, as pacientes terão de ser deslocadas para o IPO de Lisboa, com os problemas que já se conhecem, acabando por entrar numa longa lista de espera que pode ir para além dos dois meses para a realização de simples consultas, diagnósticos, ou tratamentos e cirurgias”, critica.
O presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Vitor Marques, afirma que “este é mais um episódio de menosprezo do Ministério da Saúde em relação aos habitantes da nossa região, depois da decisão precipitada de encerrar a prazo o atual Hospital de Caldas. Mas não vamos permitir que isso aconteça, porque este é mais um forte sinal da obrigação de o manter aberto e a funcionar.”
É verdade que foi identificada há mais de 20 anos a necessidade de um hospital novo que satisfaça a região do Oeste e os concelhos limítrofes. Foram também identificadas as debilidades de resposta nos cuidados de saúde primários, com muitos utentes sem médico de família – e a necessidade de reabilitação dos centros de saúde que está a ser concretizada pela Câmara Municipal de Caldas, com o apoio de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência português (PRR).
Sabendo que a construção do futuro Centro Hospitalar irá demorar, pelo menos, 10 anos – e tendo em conta a necessidade de dotar o atual Hospital das melhores condições para dar uma resposta adequada às necessidades das populações – a Câmara Municipal avançou com 725 mil euros de uma obra com o valor total de investimento público de 1 milhão e 300 mil euros para a reabilitação dos serviços da Maternidade e Obstetrícia em Caldas.
Hoje tem das melhores condições do País, mas é a única maternidade com serviço de obstetrícia a nível nacional que tem as urgências fechadas durante 4 dias por semana pela dificuldade do SNS de encontrar os recursos humanos clínicos, sejam médicos ou outros profissionais necessários.
O presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Vitor Marques, acrescenta que “investimos 725 mil euros porque sentimos que é uma necessidade para que a maternidade possa funcionar e atender devidamente todas as utentes. Desses 725 mil euros, 400 mil correspondem a um valor já assegurado pelo Município há alguns anos e 325 mil euros foram disponibilizados de acordo com o solicitado pelo CHO à Comunidade Intermunicipal do Oeste para essa finalidade”.
Além disso, “já temos uma das melhores pediatrias do País e esperamos também que este investimento seja tomado em conta na decisão do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, em relação à localização do novo CHO. Como todos sabem, defendemos que deve ficar na região de Caldas e Óbidos”, conclui.
Fonte: UDM|CMCR
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