Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/26

Partidos da oposição de esquerda culpam sondagens pela bipolarização

Partidos reagem aos resultados eleitorais nos distritos de Leiria e Santarém

António Costa em Leiria na companhia do cabeça de lista António Lacerda Sales

Os partidos políticos reagiram de forma diferente aos resultados eleitorais nos distritos de Leiria e Santarém, onde o grande vencedor foi o PS, que subiu de 4 para 5 deputados em cada um dos distritos. O PSD perdeu um deputado no distrito de Leiria, passando de 5 para 4, e manteve os três deputados no distrito de Santarém. O Chega foi o segundo vencedor da noite eleitoral, elegendo um representante no Distrito de Leiria e outro no distrito de Santarém. Já o Bloco da Esquerda perde os dois representantes na região, um pelo distrito de Leiria e outro pelo Distrito de Santarém. A CDU perdeu o único representante na região, eleito pelo distrito de Santarém. Quer BE quer CDU atribuem às sondagens – que davam um empate técnico na véspera das eleições-  a responsabilidade pela bipolarização que deu a maioria absoluta ao PS.

No distrito de Leiria, o PS passou de 4 para 5 deputados, ultrapassando, pela primeira vez, o PSD em eleições legislativas. Para o presidente da Federação Distrital de Leiria do PS, Walter Chicharro, “o Partido Socialista conseguiu, no dia 30 de janeiro, uma grande vitória a nível nacional e no distrito de Leiria. Os Portugueses estão de parabéns pela demonstração de cidadania que deram ao responderem nas urnas ao desejo de terem um governo estável e do Partido Socialista.”

“Uma nota especial para a vitória do PS no distrito de Leiria. Como Presidente da Federação distrital do PS é com orgulho que vejo, depois da vitória nas nossas autárquicas, o nosso partido ganhar na nossa região pela primeira vez em eleições legislativas, o que se deve ao excelente trabalho desempenhado pelo governo de António Costa bem como pela extraordinária lista que o PS do distrito de Leiria escolheu e apresentou a estas eleições. Juntos seguimos e conseguimos”, concluiu.

No distrito de Santarém, o PSD elegeu os mesmos três deputados que já elegera em 2019, enquanto o PS passou de 4 para 5 deputados. Para Isaura Morais, vice-presidente do PSD e deputada eleita pelo círculo eleitoral de Santarém, “o Povo votou e deu a vitória ao Partido Socialista! Como cabeça de lista pelo Partido Social Democrata no círculo eleitoral de Santarém, cumpre-me saudar os Eleitos de todos os partidos e desejar que, no decorrer do nosso mandato, sejamos capazes de dar o melhor de nós em prol do nosso Distrito e do nosso País.”

“Dos companheiros do PSD, João Moura e Inês Barroso, sei que posso esperar esse trabalho, bem como dos demais deputados eleitos pelo PSD, partido que me orgulho de representar”, acrescentou.

“O tempo é também de agradecimentos, em primeiro lugar, a todos os que escolheram depositar em nós a confiança de os representar e a todos os que me acompanharam na lista de Santarém e que muito deram de si nos longos dias de campanha. Um agradecimento especial aos que não integrando a lista, não cruzaram os braços na afirmação do nosso Partido. Enquanto Deputada, o meu compromisso é com o meu Distrito e com o meu País! Portugal”, concluiu.

O Bloco de Esquerda perdeu os dois deputados que tinha na região, um eleito por Leiria e outro por Santarém. Segundo Ricardo Vicente, cabeça de lista por Leiria, “o Bloco de Esquerda teve uma derrota eleitoral. Fomos penalizados por sondagens desfasadas da realidade que colocavam o PS e o PSD empatados e pela imprensa que amedrontou a população com o possível regresso da direita ao Governo. Mantemos todas as nossas divergências com o Partido Socialista, porque as suas propostas não respondem aos principais desafios do país nos próximos anos: assegurar profissionais de saúde e serviços de qualidade no SNS; valorizar salários médios, combater a precariedade e garantir melhor distribuição da riqueza; adaptar o território às alterações climáticas.”

Gabriel Mithá Ribeiro

O Chega elegeu, pela primeira vez, um deputado pelo distrito de Leiria e outro pelo distrito de Santarém. Segundo Gabriel Mithá Ribeiro, cabeça de lista pelo distrito de Leiria, “com a eleição de um deputado, as eleições de 30 de janeiro permitem ao Chega consolidar a sua implantação no distrito de Leiria.”

O deputado eleito considera que, “desde 2019, o atual regime político impôs a identidade do Partido Chega de fora para dentro. Foram os outros que decidiram que aqueles que pertencem ao Chega são fascistas, racistas, neonazis, xenófobos, populistas. Esse é um traço típico da violência totalitária que permite que os outros determinem unilateralmente aquilo que cada um de nós é no seu íntimo, violando grosseiramente o direito à autoidentidade de cada sujeito individual ou coletivo.”

“Contra tal barbaridade, a campanha eleitoral do Chega em Leiria, traduzida em resultados, deixou a semente da nobreza do carácter dos leirienses. Nas empresas, escolas, comércio, instituições de solidariedade social, associações, comunidades religiosas, clubes de futebol ou nas ruas foi possível dizermos às pessoas, e pela nossa própria voz, quem somos e o que ambicionamos para o distrito e para o país. O direito à palavra faz toda a diferença em prol da dignificação da condição humana e da democracia. Por todo o distrito de Leiria isso foi possível, por isso estamos gratos mesmo aos que não votaram no Chega”, acrescenta

“Acrescento um detalhe, que inclui o Tinta Fresca: a abertura da comunicação social do distrito à voz política do Chega sem censuras: jornais, rádios ou televisões. Atitude absolutamente extraordinária, justa, democrática, civilizada pela sua raridade no Portugal da Terceira República. Uma lição para a grande comunicação social nacional viciada na censura e na deturpação, práticas inadmissíveis numa democracia”, considera Gabriel Mithá Ribeiro.

“Parabéns à comunicação social do distrito de Leiria que demonstrou o que define uma terra de Liberdade e Justiça, e que agora tem uma voz que a dignificará no Parlamento, a voz do Chega”, conclui.

A iniciativa Liberal não elegeu qualquer deputado nos distritos de Leiria e Santarém, mas teve um acréscimo de votos significativa, obtendo a quarta posição no distrito de Leiria (5,3%) e a sexta-posição no distrito de Santarém (3,8%). Pela Iniciativa Liberal, Dário Florindo, cabeça de lista por Leiria, declarou que “estamos muito felizes pelos resultados. A IL obteve em Leiria o segundo melhor resultado nacional (em %) e estamos confiantes no crescimento de núcleos e membros nos próximos tempos.”

Pelo CDS, os dirigentes contactados de Leiria e Santarém não responderam às tentativas de contacto.

A CDU perdeu o deputado eleito por Santarém – o histórico António Filipe – e obteve o 6ª lugar no distrito de Leiria, pela primeira vez, à frente do CDS.  Ângelo Alves, da DORLEi do PCP, considerou que “a realização das eleições e os seus resultados não resolveu os problemas e dificuldades que estão colocadas aos trabalhadores, ao povo e ao País. Como a CDU afirmou, o que o País precisava era de soluções, não de eleições.”

Assim, “uma maioria absoluta do Partido Socialista – o grande objetivo que presidiu à sua decisão de não aceitar soluções propostas pelo PCP e o PEV no Orçamento do Estado – coloca maiores dificuldades para o encontrar dessas soluções. Como se provou, quer o “empate técnico”, quer o agigantamento do “perigo da direita”, foram acima de tudo manipulações para alimentar o dramatismo da bipolarização e o apelo ao chamado “voto útil”. Essa é uma das principais razões do resultado negativo da CDU”, considera.

“Não obstante, os trabalhadores e o povo podem contar com as forças da CDU com a sua intervenção persistente na defesa e afirmação dos seus direitos e para o combate a projetos reacionários e antidemocráticos. Como sempre, cá estaremos ao lado das populações, todos os dias”, conclui.

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