Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/26

Assembleia Distrital propõe Agro-tech - um desígnio para a região do Ribatejo e para a Agricultura em Portugal

PSD de Santarém propõe criar Pólo de Inovação na área da agricultura e do agroalimentar

Estufa agrícola em Rio Maior

A Assembleia Distrital do Partido Social Democrata (PSD) de Santarém propõe criar no distrito um Pólo de Inovação (“Silicon Valley) na área da agricultura e do desenvolvimento agroalimentar com uma forte aposta no agro-tech. A proposta temática da Assembleia Distrital de Santarém ao 40º Congresso Nacional do PSD foi aprovada na segunda-feira, 30 de maio, por unanimidade, na assembleia distrital que decorreu na Golegã, que neste mandato tem elementos do PSD no executivo municipal.

O PSD de Santarém refere que o pólo de inovação vai garantir várias condições, nomeadamente: apostar na investigação e desenvolvimento com a criação de um Centro de Excelência para a Agricultura e Agroindústria na estação Zootécnica – aposta na I&D para aumentar a qualidade e produtividade da agricultura e agroalimentar em Portugal (projetos para o qual o INIAV já teve fundos comunitários perdidos por falta de execução!); promover a criação de sinergias entre a Escola Superior Agrária de Santarém e outras instituições do ensino superior na área da agronomia, veterinária e tecnologia, aplicada ao sector agrícola, fomentando o projeto de colaboração e a criação de incubadoras de empresas especializadas no sector agrícola.

O presidente da Distrital do PSD de Santarém explicou que também pretendem trazer, simbolicamente, o Ministério da Agricultura para Santarém aproximando esse ministério dos agricultores; promover uma forte aposta no apoio à internacionalização do sector e à expansão dos grandes eventos, como a Feira Nacional de Agricultura ou a Agroglobal.

João Moura reforçou ainda a intenção da Distrital apoiar o crescimento das empresas do sector agroalimentar da região e a atração de mais empresas de transformação de produtos agrícolas, com incentivos fiscais à sua fixação na região; à qualificação dos seus recursos humanos e às complementaridades entre empresas do setor ou de serviços de apoio associados.

O autarca e deputado do PSD quer contribuir para o reforço de sustentabilidade ambiental do regadio, com a compatibilização do ordenamento do território e conservação da natureza com a expansão das áreas de regadio garantindo o aumento da capacidade de armazenamento de água e de regularização interanual; incentivar a melhores práticas de rega e modernização das infra-estruturas de regadio existentes apostando em equipamentos de rega e de precisão de alta tecnologia. Por último incentivar a instalação de energias renováveis nos aproveitamentos hidroagrícolas e nas explorações agrícolas com instalações de rega.

A Distrital do PSD de Santarém considera que o setor agrícola e agroalimentar têm grande importância na economia da região do Ribatejo e Oeste, com especial incidência no distrito de Santarém. “A produção agrícola, animal, florestal, vitivinícola e hortícola assume grande relevância, a par da existência de grandes (e PME’s) empresas de transformação de produtos agrícolas. Todas as principais bases de dados, fontes estatísticas e os últimos dados disponíveis do setor são claros sobre a relevância e preponderância desta região do Ribatejo e Oeste, no todo da produção agrícola nacional”, sublinhou João Moura.

O líder da Distrital do PSD realça a região agrícola de excelência em Portugal que é o Ribatejo sobretudo nos fatores físicos nomeadamente ao nível de morfologia de terrenos, paisagem e solo. A região caracteriza-se em 12 pontos fundamentais:

– A região tem uma maior proporção de área com uso agrícola: 31% numa média nacional de 23,5%;

– Concentra-se, no Ribatejo e Oeste, 8% da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) do país;

– Estes 8% da SAU nacional garantiram, em 2020, um valor acrescentado bruto superior a 430 milhões de euros, mais 20% do total do VAB das empresas do setor no país;

– Regista um total de cerca de 30 mil explorações agrícolas, 20% com dimensão entre 20 a 50 hectares (quando no país a mesma proporção é de 4,6%);

– 30% da SAU é irrigável (quando no país a mesma proporção é de 15%);

– Há na região uma maior concentração de empresas no setor agrícola: 12,6% numa média nacional de 9,8%);

– Nas culturas temporárias, as mais relevantes na região, em especial na Lezíria do Tejo, concentra-se parte importante da produção nacional de cereais para grão (destaque para o milho e arroz) e das hortícolas;

– Nas culturas permanentes assumem maior preponderância a produção de vinho e frutos frescos no Oeste (à exceção dos citrinos) e o olival no Médio Tejo;

– A região concentra 25% de toda a produção de vinho declarada no país (média dos últimos cinco anos) e 33% de todo o efetivo animal nacional nas explorações agrícolas;

– Cerca de 10% do total dos produtores agrícolas do país, menos mulheres do que na média nacional (23% contra 33%), a mesma preponderância de produtores com 65 ou mais anos (mais de 50%) e pouco escolarizada (85% com escolaridade até ao ensino básico);

– A agricultura emprega, na região, cerca de 26 mil pessoas, 12,5% do total de trabalhadores do setor no país;

– Os trabalhadores por conta de outrem auferem um salário médio mensal de 790 euros com diferenças significativas entre as sub-regiões, mas superior à média nacional quando consideramos as remunerações do setor.

A Distrital do PSD de Santarém afirma que a região do Ribatejo e Oeste, que corresponderá em breve, caso o Governo faça o que lhe compete, à desejada NUTS II do Ribatejo e Oeste, tem as condições necessárias para se afirmar como área líder da produção e inovação do setor agrícola e agroalimentar.

Para isso, “é necessário criar as condições que favoreçam um ecossistema de investigação, experimentação e desenvolvimento ligado ao setor que beneficiará toda a produção nacional e o crescimento das exportações incluindo, por exemplo, novas realidades como a produção e transformação de insetos”, sublinhou João Moura.

O presidente da Distrital de Santarém do PSD lembra ainda os preços dos alimentos e matérias-primas alimentares que têm sido fortemente impactados pela inflação, potenciada pela Guerra na Ucrânia.

Os desafios que se colocam ao setor agrícola nos próximos anos serão ainda maiores, nomeadamente, com o crescimento mundial da população e a importância da alimentação na economia mundial, a crise energética e as alterações climáticas.

“Portugal tem potencial de crescimento da sua produção agrícola, em especial, com a modernização dos processos produtivos e pela utilização de tecnologia como a Inteligência Artificial ou a IoT (Internet of Things). É determinante que a produção agrícola seja melhorada pela formação dos seus colaboradores, quer no ensino profissional, quer no ensino superior, potenciando o que de melhor já fazemos em Portugal, como o que de melhor se faz internacionalmente”, pode ler-se em comunicado.

Água é determinante para competitividade e modernização da agricultura

Por outro lado, para o PSD do distrito de Santarém, a água é determinante para a competitividade e modernização da agricultura e esta é “absolutamente fundamental” para o país.

“A importância do regadio é económica, social e ambiental. O regadio e o armazenamento de água são decisivos para a sustentabilidade das explorações agrícolas e para a resiliência da agricultura na região e no país, sendo a forma mais eficaz de responder aos desafios da segurança alimentar, da emergência climática e contribuindo para o desenvolvimento económico e coesão territorial”, destacou João Moura.

A Distrital de Santarém do PSD defende que o investimento em infraestruturas para armazenamento de água não pode continuar a ser adiado. “A capacidade de Portugal para reter água disponível é de apenas 20%, um facto deveras preocupante se se tiver em linha de conta as previsões de redução significativa das afluências médias anuais, fruto das alterações climáticas. Só através do aumento da produção e da eficiência das explorações agrícolas, da otimização de processos produtivos, do aumento da sustentabilidade energética e ambiental, com especial recurso à tecnologia, será possível responder aos desafios das próximas décadas e potenciar, por essa via, o crescimento do nosso país”, concluem os social-democratas do distrito de Santarém.

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