Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/27

Psiquiatras denunciam exaustão dos trabalhadores

Médicos alertam para risco psicossocial na Urgência do Centro Hospitalar de Leiria

Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de Leiria

Um grupo de oito médicos do serviço de psiquiatria do Centro Hospitalar de Leiria esta terça-feira, dia 10 de janeiro, alertou para o que consideram ser “momentos degradantes que se vivem no Centro Hospitalar de Leiria”, pelo que decidiu tornar público, nomeadamente, “o  descalabro e o risco humano em que se encontra a instituição, para bem de todos os que a frequentam, tanto doentes como trabalhadores”, devido à recorrente falta de recursos humanos.

A situação já não é nova e foi dada a conhecer em carta dirigida, no dia 30 de novembro, ao presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Leiria, Licínio de Carvalho, ao diretor do Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho do Centro Hospitalar de Leiria, Pedro Faria, e à diretora do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de Leiria, Maria João Canotilho.

Os clínicos alertam que “face aos crescentes pedidos de ajuda, e como Serviço responsável pela Psiquiatria e Saúde Mental deste Hospital, não podemos ficar indiferentes e deixar de alertar vossas excelências para a situação de enorme risco psicossocial em que se encontram os trabalhadores de todas as classes profissionais (inclusive nós) que, no presente, desenvolvem a sua atividade diária no Serviço de Urgência do Cento Hospitalar de Leiria (CHL).”

Os médicos reconhecem que “o drama que, hoje em dia, se vive nas urgências não é exclusivo do CHL”, e que “quem cá trabalha há muitos anos tem noção que sempre foi complicado trabalhar neste serviço. Sempre se lidou com uma falta crónica de recursos para a população da nossa área de referenciação, mas a situação foi sendo sempre controlada, graças à resiliência e ao espírito de equipa que vigorava no Serviço de Urgência.”

Contudo, “nos últimos meses, com a reorganização interna do Serviço de Urgência, a situação agudizou-se, trabalhando-se com a sensação de amargura constante de não se conseguir identificar e tratar atempadamente quem vem ao autoproclamado “Hospital das Pessoas” e se encontra, literalmente “perdida”, entre outras, na antiga Área Amarela. Mal se entra na Urgência, percebe-se logo uma sensação de tensão emocional em crescendo com as pessoas a trabalharem em modo de sobrevivência, continuamente em alerta, com o receio de que alguém morra por falta de assistência”, alertam.

Segundo os médicos, “este stress laboral é constante, desgastante e patológico. As pessoas começam a perder a sua funcionalidade, a capacidade e o controlo para lidar/gerir esta problemática, fruto de um cansaço extremo e da falta de perspetivas/soluções em relação ao futuro, o que poderá culminar em situações de potencial tisco para a integridade física dos próprios ou de terceiros.”

Mais uma vez, reiteram o alerta ao poder executivo. “É importante minimizar os fatores internos dependentes da instituição, que estão a contribuir para este estado de entropia do Serviço de Urgência e a potenciar o enorme risco psicossocial a que se encontram sujeitos todos aqueles que lá desempenham funções, diariamente”, concluem.

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