Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/27

Opinião

Ensurdecedor silêncio

Nuno Catita

A vila da Benedita é uma espécie de enclave, ombreando a Sul e Este com Rio Maior, distrito de Santarém,  e a Oeste com Caldas da Rainha, deixando-nos ligados ao concelho de Alcobaça pelo Norte. Se olharmos para o domínio do desenvolvimento social e económico, que inclui a capacitação para o emprego, verificamos uma forte comunhão com os interesses fundamentais de Alvorninha, Santa Catarina, Rio Maior, Alcobertas e Turquel, fazendo crescer valor a uma vila que, já de si, se destaca pelo seu empreendedorismo.

A Benedita é também uma freguesia com grandes exigências, não pelo seu tamanho territorial, mas pelos cerca de 10.000 habitantes e mais de 450 empresas com um volume de faturação anual que ultrapassa os 450 milhões de euros. As necessidades desta freguesia não são mais importantes ou mais urgentes que as das restantes, mas são diferentes. Os números assim o exigem.

Uma das exigências de décadas foi uma Zona Industrial (ALEB), que está aí à porta, prevendo-se a sua conclusão para o final do ano, com a expectativa de que, depois de pronta, não continue apenas como se de uma miragem se tratasse para os empresários locais. Do lado oposto ao ensurdecedor silêncio por parte do promotor, Câmara Municipal de Alcobaça, estão os empresários que anseiam por saber as condições regulamentares (como as relativas à aquisição de lotes), e qualquer palavra, frase, ideia sobre este assunto, sempre muito incipientes, traduzem-se, na maior parte das vezes, em desinformação, apreensão e desconfiança.

Assim sendo, a dois ou três meses do término de uma das mais importantes infraestruturas da Benedita, sabe-se apenas, e de forma quase informal, que a ALEB é constituída por 76 lotes, dos quais 68 são destinados às atividades empresariais e industriais, que vão desde os 1.400m2 aos 6.000m2 e que o índice de construção varia entre os 15% e os 50%. É, de facto, e nesta altura, muito pouco, ou praticamente nada.

Também se desconhecem os tipos de atividades industriais, comerciais e de serviços permitidos, pelo facto de a ALEB estar implantada numa zona com fortes condicionantes devido ao Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros.

Nada se sabe sobre a forma de candidatura à aquisição dos lotes, os preços, as condições de pagamento e os critérios para apreciação das candidaturas, nem se existe prioridade para as empresas locais. E no caso de esta falha se verificar, corre-se o risco de os empresários da Benedita continuarem com uma mão cheia de nada.

Nada se sabe também sobre prazos de apreciação das candidaturas, formalização da compra, apresentação do projeto de arquitetura, data de início da construção e obtenção do alvará de utilização do edifício.

Em suma, o que se sabe é que os empresários sentem uma enorme falta de esclarecimento sobre os procedimentos relativos à forma de virem a poder integrar a sua empresa na ALEB, além de que a sua não auscultação relativamente aos procedimentos organizativos constitui um ato incompreensível por parte da Câmara Municipal de Alcobaça, que não leva em conta o seu contributo precioso para tornar a dinâmica do espaço um dos mais bem conseguidos em termos de funcionamento, organização, logística e modernidade. Deve ser ouvido quem sabe, pela sua experiência e conhecimento, mas com tempo e oportunidade. Tudo tem prazos e o tempo que passa sem nada se fazer nunca nos é favorável a estes casos.

Podem-se alegar mil e uma razões para este silêncio, mas, com toda a certeza, há muito perdeu sentido.

O comboio do desenvolvimento já circula, não sabemos como e quanto custa comprar o bilhete, mas se quando parar na nossa “estação” já vier lotado ou com poucas condições para continuar a viagem, a história não irá perdoar ninguém.

    Nuno Catita

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