Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/27

Cianobactérias de elevada toxicidade e cheiro putrefacto têm origem em Espanha

proTEJO denuncia nova invasão de poluição de bloom de algas tóxicas no rio Tejo

Bloom de algas na foz de uma linha de água afluente do rio Tejo na albufeira do Fratel (08-09-2023)

O proTEJO constatou este sábado, 9 de setembro, à semelhança de anos anteriores, que um novo bloom de algas (cianobactérias que podem produzir cianotoxinas prejudiciais aos seres vivos) com elevada toxicidade e cheiro putrefacto proveniente de Espanha invadiu o rio Tejo em Vila Velha de Ródão estendendo-se pela albufeira do Fratel e que irá progredir contaminando todo o rio Tejo a montante da barragem do Fratel.

Este bloom de algas resulta de vários fatores. Primeiro, “a concentração elevada de nutrientes, nomeadamente fósforo, e as substâncias tóxicas depositadas no fundo das albufeiras da Extremadura espanhola, Azutan, Torrejon, Valdecañas, Alcantâra e Cedillo, ao longo de décadas de descargas de águas residuais sem adequado tratamento e das escorrências de fertilizantes agrícolas”, adianta a ProTejo.

Segundo, “a permissão à empresa Iberdrola, por parte dos governos de Portugal e Espanha, de livre gestão das descargas de caudais das suas barragens, uma vez que não se encontram implementados caudais ecológicos entre ambos os países, conduz a uma constante e contínua volatilidade do caudal do rio Tejo com alternância de ausência de caudal e de descargas significativas de água pelas barragens espanholas, que tem como única finalidade maximizar o lucro da produção de energia hidroelétrica fazendo descargas quando o preço da energia no mercado espanhol se encontra em níveis bastante elevados.”

Bloom de algas na Barragem de Alcântara (14/09/2021) (Foto: El Periódico Extremadura)

A ProTejo lembra ainda que, “em 2021, o governo espanhol colocou um processo de investigação à empresa concessionária destas barragens, a Iberdrola, pela drástica redução de água para aproveitar o elevado preço para multiplicar a sua produção hidroelétrica, do qual nada se sabe até hoje.”

Terceiro, “as condições de temperatura e luminosidade elevadas, que se observam nos meses de verão em que estas barragens armazenam pouca água em resultado do seu esvaziamento artificial pelas barragens, criam as condições propícias à proliferação deste bloom de algas que também dispõe dos nutrientes necessários.”

Neste contexto, o proTEJO considera que o ministro do Ambiente e Ação Climática deve exigir explicações ao seu congénere espanhol visto que esta situação, que ocorre ano após ano, constitui um agravamento adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo em Portugal em incumprimento da Convenção de Albufeira quanto à obrigatoriedade de garantir o bom estado ecológico das massas fronteiriças e transfronteiriças e em incumprimento da Diretiva Quadro da Água que impõe o objetivo de alcançar um bom estado ecológico das massas de água.

   Fonte: ProTejo

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