Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/27

Caldas Rainha

PCP liga incêndio dos Pavilhões do Parque ao abandono e desleixo do património e contesta entrega ao capital privado

Pavilhões do Parque

O incêndio ocorrido nos Pavilhões do Parque D. Carlos I, símbolo icónico de Caldas da Rainha, é um desastre que suscita a maior preocupação e lamento, cuja origem não está apurada, estando a decorrer investigações pela Polícia Judiciária. Para o PCP, “este caso é mais um exemplo das consequências da política de património seguida pelo Estado Central, com a complacência de muitas autarquias, de abandono e desleixo visando a sua entrega ao capital privado.”

No imediato, importa garantir, com a maior urgência, as medidas necessárias para preservar o espaço de uma rápida degradação causada pelas chuvas do Inverno que se aproxima. O PCP identifica que o património edificado nas Caldas da Rainha tem sofrido inquietantes acidentes, mesmo quando, aparentemente, estava a ser recuperado, dando como exemplos, as derrocadas da fachada do Hotel Lisbonense e do portal da fábrica Secla.

Recorde-se que o Estado Português abdicou, em favor de entidades privadas, da posição preferencial que detinha na captação de fundos europeus para a reabilitação dos Pavilhões do Parque, decisão que foi questionada pelos deputados do PCP no Parlamento Europeu.

Segundo a DORLei do PCP, “a Visabeira, a quem, em 2017, o edifício foi concessionado para instalação de uma unidade hoteleira até hoje nada fez, esgotando o prazo previsto para a conclusão da obra. Tendo sido evidenciada esta situação na Comunicação Social e na opinião pública, a empresa anunciou o início dos trabalhos neste mês de setembro, sem que, no entanto, até agora nada avançasse.”

Para o PCP, “ao contrário do que se pretende fazer crer, este processo é mais uma demonstração da incoerência que é colocar a defesa e a preservação do património arquitetónico nas mãos dos privados que, antes de tudo mais, visam o lucro e não o interesse geral das populações. Assim sendo, justifica-se a reversão imediata da concessão atribuída ao grupo Visabeira até porque o projeto, entretanto elaborado, adultera gravosamente a tipologia arquitetónica do edifício.” Recorde-se que o PCP questionou e criticou estes aspetos desde o início.

O PCP chama a atenção para a necessidade urgente de classificação integrada do perímetro do Parque, com as três edificações que o integram (Pavilhões, Museu Malhoa e Casa dos Barcos), retirando-a do limbo, onde desde há anos, se encontra encalhada.

O PCP tem intervindo ao longo dos anos com iniciativa e proposta que visam garantir o investimento, proteção e salvaguarda do património arquitetónico no distrito de Leira e a sua efetiva disponibilização para a fruição cultural e valorização histórica. Os processos do Mosteiro de Alcobaça e da Batalha (ambos classificados como património cultural da humanidade) com a instalação de uma unidade hoteleira no primeiro e a degradação de peças escultóricas no segundo, bem como a situação de arrasto das obras e falta de acompanhamento técnico adequado no convento de Cós ou da capela de S. Gião na Nazaré são elementos que necessitam ser ultrapassados e que estão entre as principais preocupações do PCP.

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