Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/27

PCP critica atrasos numa requalificação que há muito devia estar concluída

Linha do Oeste vai estar suspensa por 4 meses

Estação ferroviária de Caldas da Rainha

No princípio do mês de março foi anunciada uma nova suspensão do serviço ferroviário na linha do Oeste, para já por um período de 4 meses, com vista ao rebaixamento da via para a eletrificação dos 328 metros da secção de linha que contém o Túnel da Sapataria. Apesar da escolha do período para este efeito carecer de adequada explicação, o PCP sublinha desde já que este é mais um percalço na longa saga que envolve a requalificação desta linha.

Na verdade, as duas empreitadas da Linha do Oeste que foram apresentadas em 2016 e incluídas no chamado Ferrovia 2020, só se iniciaram de facto no terceiro trimestre de 2021. Ou seja, estamos em março de 2024 e as obras dificilmente estarão concluídas na Linha do Oeste antes do fim do ano (se, entretanto, não existir nova derrapagem dos prazos), cerca de quatro anos e meio de atraso face ao previsto naquele documento de planeamento de 2016.

Segundo os comunistas, “infelizmente, este não é apenas um problema da linha do Oeste. Por todo o País, o atraso na conclusão dos empreendimentos ferroviários tem sido uma constante, que se repercute com mais acuidade quando as obras implicam a suspensão do serviço ferroviário por encerramento da linha durante períodos longos, como será agora o caso.”

Para o PCP, esta realidade não pode deixar de responsabilizar os sucessivos governos do PS e do PSD/CDS. “As suas opções de desvalorização do investimento público, de pulverização do sector ferroviário com destaque para a separação entre o operador (CP) e a infraestrutura (REFER), de desmantelamento de estruturas de planeamento do Estado, de dependência de fundos comunitários com a consequente irregularidade de ciclos de investimento que inviabilizam perspetivas de médio e longo prazo, o primado da concorrência criando graves dificuldades às entidades públicas adjudicantes que são obrigadas a adjudicar pelo preço mais baixo sem outras garantias fundamentais, e afastando neste processo empresas portuguesas, são alguma das razões que transformam neste momento qualquer obra pública num autêntico calvário.”

Além disso, “o atraso geral na concretização dos investimentos ferroviários não pode também deixar de ser visto como forma de os fazer derrapar permitindo aos sucessivos Governos cativar verbas previstas no OE e simultaneamente anunciar sucessivamente avanços da mesma obra atrasada, como foi fazendo o Governo PS”, alerta.

Para o PCP, “o quadro político resultante das eleições legislativas de 10 de março não augura nada de bom, designadamente em relação à linha do Oeste e ao transporte ferroviário. Se já conhecíamos o arrastar dos pés do Governo PS bem visível neste processo (pese embora toda a propaganda), o PCP não esquece as opções que PSD e CDS tiveram ao longo dos anos desinvestimento na ferrovia.”

Numa região onde a dependência do transporte individual é esmagadora, o PCP assegura que não deixará de acompanhar e de intervir no sentido de garantir a urgente conclusão das obras na linha do Oeste e de mobilizar as populações em torno desta justa reivindicação. Um investimento que requer igualmente o reforço da oferta, com mais e melhores comboios, maior frequência e articulação entre a linha do Oeste e a Linha do Norte (aproveitando a intervenção em torno da Linha de Alta Velocidade), contratação e valorização de trabalhadores ferroviários, investimento nas estações e apeadeiros, redução do preço do passe intermodal metropolitano para os 20€ e criação de passe regional com o valor de 40€, num quadro de articulação entre o transporte ferroviário e o reforço do transporte público rodoviário.

     Fonte: GI|DORLei

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