Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/25

Opinião

«Confiança política» versus «influência política»

Ricardo Vicente, deputado eleito pelo círculo eleitoral de Leiria pelo BE e líder da comissão coordenadora distrital do nosso partido, confrontado com a pergunta, assente na deliberação desse órgão político de que «não havia condições políticas para o BE concorrer às eleições autárquicas em Alcobaça», referiu que nos 16 concelhos do distrito «apenas sete reúnem condições políticas para realizar candidaturas», e, disse mais, «o facto de não haver candidatura em Alcobaça não resulta dos conflitos com estes três aderentes, resulta da influência política
que Alcobaça e outros têm».

Primeiro, «estes três aderentes» são Adelino Granja, António Delgado e Manuel Canelas, precisamente, os candidatos nas anteriores eleições autárquicas (2017).

Nós questionamos, o que se entende por «confiança política» e «influência política»? A Coordenadora de Leiria do BE, em 30 de abril último retirou-nos a «confiança política», sem nos ter sido dado qualquer possibilidade de conhecer os factos e de expormos os nossos direitos de defesa. Até hoje desconhecemos.

Mais, nessa mesma deliberação consta a proibição de nós integrarmos «os três primeiros lugares de listas do BE às autárquicas em Alcobaça» (!)

Até hoje ainda não nos receberam, nem sequer nos facultaram as provas em que assenta a referida deliberação.

Aqui chegados, perguntamos o que se entende por «confiança política»? Onde começa e acaba este ato? Quando não se concorda com a posição política de cada cidadão, que expressa livremente a sua posição política, decide-se o caminho mais fácil, retirar arbitrariamente a confiança, dita política.

Daqui se conclui pela enorme contradição de Ricardo Vicente quando refere que «não haver candidatura em alcobaça não resulta dos conflitos com estes três aderentes», pelo facto de termos sido ao longo dos últimos anos a voz e a referência do BE em Alcobaça. Não nos ser permitida a participação em listas, é que levou a Coordenadora a considerar não existirem condições políticas para a constituição de listas em Alcobaça.

E vejamos a enorme inverdade sobre a «influência política» de Alcobaça, relativamente a outros concelhos de Leiria. Ricardo Vicente ou está perturbado, ou desconhece a realidade enquanto foi funcionário do partido.

Alcobaça, em termos de resultados eleitorais para o BE, é o quarto concelho de maior vulto em Leiria. Desde 2005 que foram constituídas listas autárquicas neste concelho. Nas legislativas de 2019, a lista do BE encabeçada por Ricardo Vicente, obteve 2.273 votos. Pelo que deveria respeitar todos esses eleitores que o mandataram para os representar.

Que «influência política» não existe em Alcobaça? Os votantes no BE para as legislativas foram politicamente insuficientes? Nas autárquicas de 2005, 2009, 2013 e 2017, Alcobaça não tinha «influência política»?

Um deputado, eleito com base nos votos dos eleitores de Alcobaça, deveria congregar esforços para fazer crescer o partido em que se apoia, e não se dar ao prazer de, sabe-se lá por que razão, e a mando de quem, retirar o concelho de Alcobaça e os seus eleitores, do mapa de concelhos com falta de «influência política».

Seguindo o pensamento de quem profere tais adjetivos, para nós, lesados, sem o mínimo de prova e possibilidade de defesa, estamos perante alguém ao qual se pode questionar se possui «influência política» em Alcobaça para ter «confiança política» por todos os eleitores, para o exercício do seu mandato de deputado. Alcobaça e o Bloco mereciam melhor!

A todos os eleitores de Alcobaça que têm acreditado no Bloco de Esquerda, nomeadamente nas anteriores eleições autárquicas, expressamos o nosso respeito, o direito e o dever de os informar por que razão no próximo dia 26 de setembro, não encontram o símbolo do nosso partido nos boletins de voto.

Não são só os eleitores que perdem. É acima de tudo o Bloco de Esquerda. E os responsáveis terão que ser chamados à Razão!

Adelino Granja
António Delgado
Manuel Canelas

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