Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/25

Paulo Batista Santos (PSD), Raul Castro (Independente), Horácio Moita Francisco (CDS), Dário Florindo (IL) e José Valentim (CDU)

Debate dos candidatos à Câmara da Batalha teve tom moderado mas vivo

Dário Florindo (IL), Horácio Moita Francisco (CDS), José Valentim (CDU), Raquel Silva, Paulo Batista Santos (PSD) e Raul Castro (I)

Paulo Batista Santos (PSD), Raul Castro (Independente), Horácio Moita Francisco (CDS), Dário Florindo (Iniciativa Liberal) e José Valentim (CDU) debateram, no dia 10 de setembro, no Auditório Municipal da Batalha, as propostas das candidaturas à Câmara Municipal da Batalha. A iniciativa do jornal de Leiria, em parceria com o jornal Portomosense e a Rádio D. Fuas contou com sala cheia e um tom moderado, mas vivo, na generalidade das intervenções.

No início do debate, moderado por Raquel Sousa Silva, Raul Castro, do movimento independente “Batalha é de todos”, apontou como prioridade da sua candidatura rever o PDM porque a atual versão, aprovada em 2015, “encurtou em 50% a possibilidade de construção”. O candidato independente quer sensibilizar investidores para as oportunidades do concelho e aumentar o número de empregos. Também propõe a criação de novas zonas residenciais, de forma a fixar residentes e proporcionar maior volume de mão de obra para trabalhar no concelho, que detém uma das mais baixas taxas de desemprego do País.

Dário Florindo concorda com a descentralização, mas com financiamento e recursos humanos associados, de contrário, garante que não funciona. O candidato da Iniciativa Liberal criticou a estratégia do atual Executivo de “ter pressa em assumir competências do Governo”, sem ter “uma estratégia de longo prazo”.

Por sua vez, Horácio Moita Francisco justificou o seu voto favorável à descentralização de competências na Câmara Municipal por entender que “favorece a população”.

Já José Valentim preferiu assumir a defesa do Serviço Nacional de Saúde, recordando que a pandemia trouxe impactos negativos nos serviços e, por isso, defende o reforço do número de técnicos no SNS, sejam médicos, enfermeiros ou técnicos de diagnóstico e terapêutica.

Paulo Batista Santos justificou a opção municipal de aceitar as propostas de descentralização de competências do Governo porque “beneficiam os batalhenses”. E deu como exemplo da eficácia municipal o facto de ter conseguido requalificar a Escola Secundária da Batalha, com remoção de todo o amianto, gastando apenas 4 milhões de euros, que compara com os 14 milhões previstos inicialmente pela Parque Escolar para esta escola.

Relativamente à saúde, o autarca recordou que reabriu o Centro de Saúde de Reguengo do Fetal, admitindo que o concelho necessita de mais médicos e, por isso, já estão em contacto com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro

Sobre as contas municipais, o autarca garantiu que a saúde financeira é atestada pelo valor da autonomia financeira do município, hoje superior a 90%.

Raul Castro confidenciou ter encontrado muitos idosos sozinhos nas suas visitas pelo concelho, pelo que considera faltarem equipas multidisciplinares para os acompanharem nas suas necessidades. Também defende que falta à Câmara Municipal um modelo de descentralização e garantiu que na sua candidatura “não há promessas, há um plano de intenções que queremos cumprir.”

Horácio Moita Francisco recordou ter concluído o curso profissional de comércio na sua juventude, formação que se revelou uma sólida alavanca para a sua vida profissional, tendo  chegado a gerir grandes empresas, contrapondo o nível duvidoso da atual formação profissional, defendendo, por isso, que o ensino profissional deve ser ministrado nas escolas.

Já Paulo Batista Santos considerou existir hoje um ensino de excelência no concelho da Batalha, tendo sido também o primeiro município da Região Centro a criar uma creche municipal. O apoio às famílias no setor da Educação também não tem faltado, com o apoio aos cadernos escolares, aos transportes escolares e o apoio global às famílias com filhos.

Por sua vez, Raul Castro lembrou que a Educação não é só o parque escolar, adiantando que ainda recentemente algumas escolas estiveram em risco de encerrar devido à falta de pagamentos atempados do município. Relativamente à residência para estudantes do Politécnico de Leiria, construída a expensas do Município, o candidato quis saber quais as contrapartidas recebidas, lembrando que um concelho do norte do distrito (Pombal) assumiu recentemente o compromisso de pôr instalações municipais ao serviço do Politécnico de Leiria, recebendo como contrapartida a criação de seis cursos superiores profissionais.

O candidato da Iniciativa Liberal, de 27 anos, recém-regressado ao concelho depois de nove anos a trabalhar em CCDR no país inteiro, defende a criação de condições para que os jovens do concelho deslocados noutras zonas do País possam regressar e ter salários dignos, além de menos impostos a penalizar os rendimentos de trabalho dos jovens.

Relativamente à exploração de pedreiras, José Valentim defende que a Câmara Municipal da Batalha deve estar vigilante e promover a sustentabilidade ambiental, embora reconheça que esta atividade económica também faz falta e deve coexistir com a atividade turística.

Paulo Batista Santos garante que o ordenamento do território irá resolver o problema das pedreiras, uma vez que restringirá o licenciamento de novas explorações a zonas específicas. O autarca garantiu que os 14 pedidos de novos licenciamentos foram congelados e que estas empresas terão de desenvolver a atividade noutros locais específicos.

O autarca informou também que a empresa GLM vai realizar um grande investimento no concelho, com a criação de 150 postos de trabalho.

Raul Castro foi também muito crítico da exploração de pedreiras, defendendo que “já temos um castigo suficiente com as pedreiras” atuais, uma vez que existem atualmente várias pedreiras abandonadas no concelho, com impactos negativos na paisagem e no ambiente. O deputado independente eleito pelo PS garantiu que, com a nova legislação, as novas explorações vão ser mais difíceis de aprovar, pois terá de incluir a auscultação das populações e das juntas de freguesia.

O candidato da Iniciativa Liberal mostrou-se crítico do Executivo municipal em matéria ambiental, considerando que não ouve as populações no caso das pedreiras e não conseguiu estancar as descargas ilegais para o Rio Lena.

O candidato do CDS garantiu ter estado sempre ao lado das populações nos seus oito anos como vereador, nomeadamente, de Reguengo do Fetal, e lamentou não se ter conseguido requalificar todas as pedreiras abandonadas. Por isso, foi taxativo: “Pedreiras? Não, obrigado.”

O candidato do PSD reconhece que o PDM atual, finalizado e aprovado em 2015, já durante o seu primeiro mandato, mas elaborado durante os mandatos de António Lucas, precisa de ser revisto. Por isso, informou a audiência que a adjudicação da revisão do documento já foi concluída e espera ter o processo finalizado dentro de dois anos. Para já, propõe o aumento das zonas urbanas, a valorização do turismo de natureza e dos cursos de água do concelho.

Raul Castro adiantou que o anterior PDM permitia que os jovens construíssem as suas casas ao lado da dos pais e que o atual não permite e que esse constrangimento afasta as famílias e deve ser revertido.

Dário Florindo criticou o executivo por demorar 2 a 3 anos a aprovar projetos de habitação e defendeu a requalificação do parque habitacional, nomeadamente, na vertente energética.

Horácio da Moita Francisco adiantou que tem insistido na revisão do PDM, considerando-o um plano de ordenamento do território “traçado a regra e esquadro” e alertou que a Câmara da Batalha vai ter de pagar 900 mil euros de indemnizações, por violação de direitos adquiridos.

José Valentim defendeu que a Câmara Municipal deve convocar a população para debater o novo PDM.

Relativamente à A19, construída para desviar o trânsito das imediações do Mosteiro da Batalha, Raul Castro lamenta que tal não tenha acontecido e duvida que a razão financeira se aplique neste caso, questionando mesmo que as receitas da autoestrada cheguem sequer para pagar o custo de funcionamento.

Dário Florindo também pediu a abolição das portagens na A19 e questionou a eficácia ambiental do muro verde colocado no IC2 em frente ao Mosteiro de Alcobaça. O candidato da IL deixou também umas farpas ao CDS acusando o candidato de ter aprovado a maior parte das propostas do Executivo municipal.

Quem não gostou do reparo foi Horácio da Moita Francisco, sentado mesmo ao lado de do candidato da Iniciativa Liberal, acusando Dário Florindo de “apenas divagar”, sugerindo mesmo que fosse “ler as atas das reuniões municipais” para se informar antes de falar. O candidato do CDS tem uma leitura diferente do trânsito do IC2, admitindo que o trânsito de turistas na via junto à vila contribui para a dinamização da economia local, propondo, por isso, apenas a proibição de trânsito de pesados neste troço do IC2, dado ser o mais nocivo para o monumento Património Mundial em termos ambientais.

O candidato da CDU também defende o fim das portagens na A19, mas recordou que o concelho ainda carece de ligações rodoviárias, como o acesso direto à A1 e à A8. José Valentim defende ainda a criação de regiões administrativas, dando assim cumprimento à Constituição.

Em resposta à Iniciativa Liberal, Paulo Batista Santos garantiu que o muro verde construído em frente ao Mosteiro da Batalha foi muito discutido antes de ser implementado e assegurou que os seus resultados ambientais têm sido monitorizados. O candidato do PSD pediu a Raul Castro, na condição de deputado do PS, para interceder junto do Governo para eliminar as portagens da A19, por razões ambientais. O candidato incumbente duvida mesmo que as receitas da autoestrada cheguem sequer para pagar o custo dos pórticos das portagens automáticas, considerando este caso “um desastre”, em que todos perdem.

Dário Florindo entende que aos jovens batalhenses só resta dois caminhos: ou emigram, para melhorar as suas condições de vida, ou se tornam ativistas políticos, como foi o seu caso, para melhorar as condições de vida na sua terra. Apesar da Câmara Municipal contar com vereadores eleitos do PS e do CDS, o candidato da Iniciativa Liberal entende que não houve oposição nos últimos 4 anos.

Horácio Moita Francisco garante que, aos 68 anos, não é um reformado da política, nem um subsídio-dependente e que o povo da Batalha é soberano e saberá dar resposta às sondagens divulgadas que são desfavoráveis ao CDS no concelho. Veterano da política, lembrou ter sido simultaneamente, um homem dos movimentos de 25 de abril, 28 de setembro, 11 de março e 25 de novembro e sempre ter combatido a corrupção e a maçonaria.

Já o candidato da CDU José Valentim apenas saúda o movimento do 25 de abril, lembrando que é graças a ele que hoje se podem realizar debates democráticos com todas as forças políticas.

Paulo Batista Santos recordou que, em eleições, quem decide é o povo e lembrou que os executivos a que presidiu sempre foram amplamente democráticos, tendo oferecido sempre pelouros executivos aos vereadores da oposição. O candidato do PSD defende que “uma oposição ativa é essencial”, espera ter maioria, como nas eleições anteriores, mas assegura que trabalhará com quem for eleito.

Raul Castro lembrou que a sua candidatura resultou de múltiplos contactos de munícipes para se candidatar e pediram mudança. O ex-presidente da Câmara Municipal da Batalha e de Leiria lembrou que os lugares políticos não são eternos e que não está sozinho nesta candidatura, que envolve mais de 100 pessoas.

Paulo Batista Santos assegura que o seu trabalho na Câmara Municipal da Batalha resulta de um trabalho de equipa, sempre a pensar nas pessoas. Nestas eleições apresenta-se com uma equipa renovada e garante que as propostas alternativas são do passado e que não vê no seu principal adversário energia suficiente para cumprir um mandato de 4 anos.

O candidato da CDU garante ser uma voz ativa, inquieta, desassossegada e que vai prestar contas aos munícipes durante o seu mandato.

Horácio Moita Francisco garantiu que o voto no CDS é o voto na mudança e alerta que “o Governo está a levar a economia ao abismo.”

Dário Florindo recordou que o PSD governa com o atual presidente há oito anos e que a candidatura de Raul Castro “surgiu do nada”, garantindo que a Iniciativa Liberal é o futuro.

    Mário Lopes

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