Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/25

PSD, CDS/MPT, Livre, PS, BE, Chega, IL, PAN e CDU apresentaram candidaturas

Debate para a Câmara Municipal Leiria juntou recorde de nove candidatos

Nove candidatos disputam 11 lugares na vereação (Foto: JL)

Álvaro Madureira (PSD), Fábio Seguro Joaquim (CDS/MPT), Filipe Honório (Livre), Gonçalo Lopes (PS), Luís Miguel Silva (BE), Luís Paulo Fernandes (Chega), Marcos Ramos (Iniciativa Liberal), Pedro Machado (PAN) e Sérgio Silva (CDU) são os nove candidatos que concorrem à Câmara Municipal de Leiria, nas eleições  de 2021. Os candidatos participaram no debate organizado pelo Jornal de Leiria, que se realizou no dia 20 de Setembro, no Teatro Miguel Franco. A poluição ambiental, as infraestruturas, a precariedade habitacional, a educação, a saúde e a gestão autárquica foram alguns dos assuntos abordados, num debate morno, moderado pelo diretor adjunto Diário de Notícias, Leonídio Paulo Ferreira.

Na primeira intervenção, os candidatos referiram as razões que poderão levar os leirienses a escolher as suas candidaturas. Assim, Álvaro Madureira (PSD) salientou que “Leiria é um grande concelho, um concelho que é um motor económico regional. Tem uma grande qualidade de vida, as pessoas sentem-se bem, gostam aqui de viver. Tem um bom enquadramento tem uma rede viária que nos leva a todos os pontos do país rapidamente, temos uma centralidade muito grande, mas é preciso fazer mais.”

Segundo o social-democrata, “quem está à frente do município não pode estar a travar a iniciativa privada, empresários e famílias. Precisamos de parques industriais e de sermos atrativos em investimentos”. O candidato questionou o que foi feito nos últimos anos, referindo que “fizemos, em 12 anos, zero. Perdemos população nas freguesias, porquê? Porque as empresas saem de lá e as pessoas vão atrás das empresas, do emprego, do investimento. Temos também de ver o PDM, as pessoas têm de poder construir nos seus terrenos. Temos ainda de responder mais rapidamente, tem de haver pessoal”.

Já Fábio Seguro Joaquim (CDS/MPT) referiu que a candidatura “Leiria Pode Mais” é uma candidatura que apresentou 171 propostas divididas em áreas estruturantes”, sendo que “Leiria é uma cidade que tarda em afirmar-se do ponto de vista nacional e internacional. A nossa candidatura apresenta-se com propostas concretas, seja em termos de alívio da carga fiscal, seja na distribuição de fundos para as freguesias”, acrescentando que “temos a necessidade de ter um executivo que reclame a requalificação da Linha do Oeste, a resolução dos efluentes suinícolas, a abertura da base aérea de Monte Real à aviação civil”, entre outras medidas.

Filipe Honório (Livre) afirmou que “Leiria perdeu muito no último ano e meio”. Para esta candidatura “a habitação é essencial, é um direito humano fundamental que tem que ser assegurado”, lembrando que “temos 25% do nosso centro histórico degradado” e que esses espaços depois de recuperados podiam “servir de resposta para problemas habitacionais”

Gonçalo Lopes (PS) referiu que a sua equipa tem “um conjunto de vontades, de ambições para conseguir corrigir e ampliar a capacidade que este território tem em termos de desenvolvimento”, explicando que “temos um setor empresarial muito direcionado para exportações, que pode ser ampliado com a proximidade a Lisboa. Fazemos parte de uma região que a norte de Lisboa tem capacidade de atrair gente nova” e que essa situação deve ser “aproveitada para desenvolver mais Leiria”, que é atualmente a “segunda melhor capital de distrito para se viver”. Para o candidato socialista, é essencial “atrair pessoas e desenvolver o concelho dando-lhe a qualidade de vida necessária”.

O candidato do Bloco de Esquerda, Luís Miguel Silva, assegurou que os leirienses que “ao votarem BE estão a votar num conjunto de pessoas que trazem propostas muito concretas”, onde se destacam “propostas para combater a poluição da rede hidrográfica do Lis, combater a precariedade laboral, precaridade habitacional, combater pela requalificação da Linha do Oeste”, bem como “trazer dignidade à pessoas porque as pessoas estão no centro de tudo. As pessoas devem ser valorizadas”.

Já Luís Paulo Fernandes (Chega) afirmou que “os problemas estão identificados: o ambiente, descargas ilegais, esgotos domésticos, transportes rodoviárias, maus acessos à estação dos Marrazes”, no entanto, “há que ter a coragem de os resolver e com Luís Paulo Fernandes existe essa coragem.”

Por seu turno, Marcos Ramos (Iniciativa Liberal) afirmou que “na IL queremos colocar as pessoas no centro, queremos transformar Leiria numa cidade liberal, onde as pessoas estão no centro. O nosso projecto passa por dar mais voz às pessoas”, sendo para isso necessário haver “mais transparência, menos burocracia, menos impostos, mais sustentabilidade económica, social e ambiental. Tudo isto combinado vai permitir mais investimento e melhor qualidade de vida das pessoas.”

Já Pedro Machado (PAN) apontou baterias para “o problema muito grave, a poluição ambiental das suiniculturas”, considerando necessária “a criação do protetor de meios hídricos, que fiscalize os rios, a construção de mais uma ETAR, reconversão das empresas suinícolas”, entre outros.

Para o candidato do PAN, Leiria também precisa de ter “habitação com qualidade, porque existe muita habitação indigna”, apontando mesmo o caso de uma habitação do centro histórico para onde a Segurança Social encaminha pessoas em situação de carência, em que as condições de habitabilidade “são inexistentes.”

Outro tema abordado por Pedro Machado é a mobilidade. Segundo o candidato, “temos de tirar ao máximo os carros dentro da cidade. Criar um sistema intermodal de transportes, estacionamentos periféricos, melhoria da ferrovia, condições para se deslocarem a pé e de bicicleta”.

A finalizar a primeira ronda, Sérgio Silva (CDU) considerou que os leirienses devem votar na sua candidatura porque “temos um programa, um projecto para o concelho. Conhecemos o concelho, conhecemos as populações, sabemos os problemas e sabemos como resolver esses problemas. Aquilo que compete aos municípios, podemos resolver, aquilo que não nos compete, só podemos pressionar”.

Para o candidato, em Leiria existe “falta de qualidade onde as pessoas vivem, não há espaços verdes, estacionamento, espaços para jovens e idosos”. Outro problema é a mobilidade, pelo que a CDU considera necessário “investir fortemente no transporte colectivo” e “investir também no estacionamento”, além de ser necessário “revitalizar o centro histórico da cidade”.

Sérgio Silva abordou também a poluição do Rio Lis, ressalvando que a “Câmara Municipal só pode resolver a questão dos esgotos domésticos” e considerando que a poluição efetuada pelas “empresas suinícolas ainda não foi resolvida por falta de vontade política dos sucessivos governos”.

Na segunda ronda de intervenções, os candidatos foram desafiados a apresentar a primeira medida concreta que tomariam após as eleições. Fábio Seguro Joaquim (CDS/MPT), afirmou que seria a “redução da carga fiscal, a redução da derrama, a redução do preço da água. Na habitação também teríamos que tomar medidas, existem mais de 200 famílias em lista de espera. A habitação estudantil, o município só disponibiliza 3 T3 para os estudantes, aí vê-se a importância que o município dá”. O candidato apontou ainda a questão da mobilidade, ressalvando que “Leiria necessita reestruturar a sua rede de transportes”.

Por seu turno Marcos Ramos (IL) salientou que é necessário “mais transparência, informação acessível para que os leirienses percebam”, por isso, defende a criação do “portal da transparência municipal. A transparência vai fazer com que as pessoas tenham mais informação e se aproximem mais do município”.

Já Filipe Honório (Livre) afirmou que a sua primeira iniciativa seria “a declaração do estado de emergência climática. Leiria é o concelho com a maior emissão de efluentes suinícolas com produção intensiva. Não podemos continuar assim”, garantiu, acrescentando ser necessária uma “aposta numa economia verde, com postos de trabalho” porque a “questão ambiental é essencial e não podemos deixar ninguém para trás”.

Por seu turno, Luís Paulo Fernandes afirmou que a sua primeira iniciativa “é que se faça uma auditoria aos processos de licenciamento que estão em avaliação e muito atrasados”, bem como “uma auditoria a todas as obras públicas que tiveram derrapagens, analisar o que falhou e corrigir o que tem que se resolver”. Segundo o candidato do Chega, seria ainda necessária a “construção de uma estação de armazenamento de efluentes”, para resolver o problema da poluição suinícola do Rio Lis.

Por sua vez Luís Miguel Silva (BE) referiu que na “educação iria acabar com a ótica dos centros escolares. As escolas devem ser vistas com a própria realidade onde se encontram”, utilizando essa realidade para as “tornar diferentes”. Além disso, o candidato bloquista assegurou que, caso fosse eleito, o município tomaria “posse administrativa dos prédios devolutos em que os proprietários não apostam na requalificação” e investiria na mobilidade com “oferta ao público de bicicletas e trotinetas eléctricas”.

Já Álvaro Madureira afirmou que, “sendo eleito, temos que trabalhar para as famílias, para as pessoas. Estas estão muito estranguladas com impostos taxas e afins. Com a folga financeira existente, vamos baixar o preço da água para todo o concelho”. Outra medida do PSD seria a criação de parques de estacionamento, por exemplo na zona dos terrenos sobrantes dos Capuchos, junto ao Hospital, na rotunda, na Gorjão Henriques. “Vamos pôr a circular autocarros eléctricos, reunir com a Rodoviária para melhorar os transportes no concelho”.

Gonçalo Lopes (PS) afirmou que “dia 26 de setembro vai ser um novo ciclo”, onde a “primeira fase é definir a organização interna da Câmara” e “é fundamental ter um bom orçamento para o próximo ano, orçamento de contas certas rigorosas. Temos que ter responsabilidade acrescida na política. Todo o dinheiro da Câmara tem que ser investido de forma correta”. O socialista apontou ainda como “problema crónico” a “poluição da indústria suinícola”, afirmando ser necessário “encontrar modelos de financiamento com as empresas para resolver o problema”.

Sérgio Silva defendeu ser necessária uma “gestão financeira rigorosa” e “uma reorganização dos serviços municipais para que possam responder às necessidades do concelho”. O candidato da CDU apontou ainda como fundamental a criação de um “conjunto de planos de pormenor, exclusivamente para zonas industriais, havendo algumas à espera há 10 anos”, como por exemplo a freguesia da Maceira, “uma freguesia altamente industrializada que perde população porque está profundamente desqualificada em termos urbanísticos”.

A finalizar Pedro Machado (PAN) apontou a mobilidade como primeira intervenção, afirmando ser urgente “um aumento da rede de transportes públicos, mais horários, mais linhas, que cheguem a mais sítios. Que seja uma rede intermodal, com ligação à ferrovia e aos estacionamentos periféricos fora da cidade”. Outra medida seria a aprovação e implementação do regulamento municipal de protecção ao animal.

            Na última ronda do debate, os candidatos foram convidados a falar sobre a relação que o município deve ter com o Governo e qual a forma de resolver os problemas do concelho através dessa relação. Sérgio Silva (CDU) referiu que seria uma “relação institucional e de exigência. Leiria tem sido prejudicada em muitas coisas pelo poder central em matéria de financiamento: universidade, hospital” e, por isso “teríamos de lutar até conseguir” reverter esta situação.

Pedro Machado (PAN) lembrou que “temos no PAN trabalhado sempre de uma forma dialogante, só assim é possível encontrar formas de resolver os problemas”, acrescentando que a Linha do Oeste é essencial para o desenvolvimento da região e espera encontrar as soluções para este objetivo seja uma realidade para Leiria e para a região.

Já Marcos Ramos (Iniciativa Liberal) considerou que “a colaboração entre autarquias locais e governo deve ser institucional”, porque “mais que um partido, as pessoas, depois de serem eleitas, vão representar Leiria, não vão representar um partido”.

Luís Paulo Fernandes (Chega) afirmou que “a questão de Leiria é mesmo um problema com o governo”, porque quando “o governo promete uma ETES, uma linha de alta velocidade, uma estação de ferrovia e não avança com os projectos, temos um problema”, pelo que é essencial que o governo central “respeite Leiria. Estamos aqui para defender o interesse dos leirienses. A falta de respeito tem sido muita.”

Luís Miguel Silva (BE) afirmou que, “se formos eleitos localmente, teremos outra voz, teremos outro peso. Cabe ao município questionar e pressionar o governo central sobre os projetos que promete e não cumpre”.

Por seu turno, Filipe Honório (Livre) lembrou que o partido “defende a regionalização e o poder local”, e que “em Leiria continuamos a apostar em resolver os problemas de há 20 anos”, sendo necessário “apostar em novas políticas”.

Gonçalo Lopes (PS) afirmou esperar que o “governo possa ter uma visão igual para todos os municípios e que não faça as suas escolhas de acordo com a cor partidária”, acrescentando que “o governo precisa de ter uma estratégia para o país que seja equilibrada”, lembrando que, por exemplo, “o nosso hospital precisa de ter um investimento adicional, sobretudo em recursos humanos”.

Fábio Seguro Joaquim (CDS/MPT) referiu que a relação com o governo seria de “exigência de afirmação de uma região que tem a força que tem pelo produto interno bruto que representa”, lembrando que “os principais problemas não podem ser resolvidos só pela autarquia, temos que ser exigentes para que sejam resolvidos”.

A finalizar, Álvaro Madureira (PSD) referiu que “estamos próximos da capital mas somos muito esquecidos. Temos que ser reivindicativos, temos que puxar pelos galões. Por exemplo, precisamos de mais médicos no hospital, de enfermeiros, queremos a ampliação dos hospital e ter mais especialidades”.

Mónica Alexandre

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