Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/23

Durante a Vigília pela Paz na Ucrânia em Leiria

Líder ucraniana de Leiria apela a russos e bielorussos para se juntarem à luta pela liberdade

Praça Rodrigues Lobo foi bilingue nesta Vigília pela Paz na Ucrânia

Centenas de pessoas responderam ao apelo do Município de Leiria e da comunidade ucraniana de Leiria ao início da noite de domingo, dia 27 de fevereiro, na Praça Rodrigues Lobo, em Leiria, para uma Vigília pela Paz na Ucrânia, invadida militarmente desde o dia 24 de fevereiro pela Federação Russa.

A representante da comunidade ucraniana em Leiria, Júlia Gregoreva, agradeceu aos leirienses e portugueses o apoio já manifestado à luta dos ucranianos pela independência do seu País, mas dirigiu um apelo também à comunidade russa e bielorussa, para uma luta conjunta pela liberdade nestes três países eslavos.

O padre Silvio Litvinczuk, capelão da comunidade greco-católica ucraniana da diocese Leiria-Fátima, dirigiu palavras de conforto espiritual, em Português e Ucraniano, aos muitos compatriotas presentes, munidos de bandeiras, velas e cartazes.

Por sua vez, Júlia Gregoreva, representante da comunidade ucraniana em Leiria, agradeceu o apoio a esta grande onda de solidariedade por parte dos portugueses. Agradeceu também a colaboração da Câmara Municipal de Leiria e do presidente Gonçalo Lopes e sua equipa na organização desta vigília.

Júlia Gregoreva recordou que “a Ucrânia é uma nação pacífica que ao longo dos anos nunca mostrou intenção de invadir outros territórios e nunca começou nenhuma guerra. Mas hoje em dia ficámos envolvidos involuntariamente numa guerra e temos de defender a nossa pátria. Durante vários anos a Ucrânia viveu sob o controlo e manipulação da Rússia. Desde a queda da União Soviética, tentámos libertar-nos desse controlo e pressão. A posição do povo ucraniano é clara e firme: nós queremos viver num país democrático e livre. Lutamos pelos direitos humanos e pela liberdade.”

Júlia Gregoreva

A representante da comunidade ucraniana sublinhou que, “nestes últimos dias, o mundo inteiro conseguiu ver o que pode fazer uma ditadura. O regime de Putin não respeita os direitos humanos e não segue os acordos diplomáticos pois querem decidir por nós que governo vamos ter e que vida vamos levar.”

Também nota que “é muito difícil o diálogo com o Governo russo porque não respeita os acordos internacionais e só conhecem a linguagem da ameaça. Muita gente tem medo de Putin, mas eu vejo-o como uma pessoa que vive com muito medo, de tudo e de todos. Ele vê inimigos em todo o lado e, com certeza, não sou a única. Ele tem muito medo de perder o seu trono e por isso está disposto até a arruinar economicamente o seu próprio país e a isolá-lo só para satisfazer a sua ambição.”

A maior surpresa surgiu quando Júlia Gregoreva se dirigiu a todos os cidadãos russos e bielorussos: “chegou o tempo de se levantarem e de lutarem contra o governo obsessivo dos vossos países. Essa guerra não é vossa e não vai trazer nada de bom para nenhum dos lados. Os vossos líderes não vão lutar na linha da frente, mas vão mandar os vossos maridos e filhos para a morte. Não fiquem indiferentes, lutem pela liberdade como nós lutamos.”

Neste momento, recordou, “na Ucrânia, morrem civis e crianças porque os ataques das tropas russas não são só dirigidos a infraestruturas militares, mas também a escolas, casas, hospitais, etc.. Muitas pessoas inocentes ficaram reféns desta guerra. A Ucrânia precisa de ajuda militar e humanitária, que já está a receber da parte da União Europeia e de países amigos.”

Também “Portugal mostrou que está disposto a ajudar em tudo o que é possível, começando pela ajuda humanitária e por receber refugiados. Nestes tempos difíceis é que vemos claramente quem é quem. Posso dizer com certeza que os portugueses se mostraram um bom aliado. Vamos continuar a lutar e nunca vamos desistir porque nas nossas veias corre sangue de um povo livre e nenhum regime ditatorial vai conseguir quebrar nosso espírito. Viva Ucrânia. Viva Portugal. Slava Ukraini! (Glória à Ucrânia!”, concluiu.

A concluir, o presidente da Câmara Municipal de Leiria, Gonçalo Lopes, garantiu que “em Portugal, em cada vila, em cada aldeia, os portugueses estão solidários e a rezar por vós.

Gonçalo Lopes foi o porta voz do Executivo Municipal de Leiria

O autarca deixou um testemunho seu e de toda a comunidade leiriense, de reconhecimento e agradecimento pelo contributo que a comunidade ucraniana tem dado para o desenvolvimento desta região. “Pela vossa capacidade de trabalho, pelo vosso profissionalismo, pela excelente imagem que transmitem da vossa pátria amada. Espero e desejo que se sintam bem integrados entre nós e saibam que estamos sempre disponíveis para vos ouvir e para vos apoiar naquilo que necessitarem”, justificou.

Gonçalo Lopes adiantou que “queremos a partir de agora aprofundar ainda mais a nossa ligação e desejar que sintam que fazem parte da nossa comunidade de forma plena. Quero também agradecer à comunidade leiriense desde o primeiro momento se mostrou solidária e que tem manifestado um enorme desejo de ajudar o povo ucraniano neste momento tão difícil. Uma vez mais mostrámos que somos unidos, que temos valores e que sabemos estar do lado certo da história. Sinto um grande orgulho por ser presidente do vosso município. A voz de todos nós conta. Só podemos criar uma onda global de protesto e condenação da invasão russa se esse grito partir de cada um de nós. Obrigado a todos.”

O edil admitiu que “ao longo dos últimos dias temos acompanhado com enorme consternação as imagens que nos chegam do vosso país. Das perdas e do sofrimento. Mas a imagem mais forte que nos chega é da grandeza do povo ucraniano, do vosso sentido patriótico, da capacidade de sofrimento, da vossa resiliência e da coragem que têm mostrado na defesa da vossa pátria. São exemplos e uma inspiração para todo o mundo.”

Contudo, prosseguiu, “o mundo não pode deixar de condenar o líder da Federação Russa Vladimir Putin. Mostrou que é um líder frio, calculista, mentiroso nos objetivos e que não está à altura do seu povo, que vai sofrer as consequências das suas ações tiranas.”

Relativamente às negociações entre os dois países, “desejamos que as notícias vindas a público que dão conta da abertura para as negociações de paz se concretizem”, mas “até que a comunidade internacional tenha garantias efetivas do recuo da posição russa é imperioso continuar a apoiar a Ucrânia e garantir que tenha condições para resistir militarmente e que sejam estabelecidos corredores humanitários para que a ajuda humanitária chegue rapidamente e em segurança a quem precisa: a Ucrânia.”

Em Leiria, assegurou, “estamos preparados e mobilizados para apoiar a Ucrânia. É uma obrigação civilizacional e humanista, é um reconhecimento do que os ucranianos têm feito por Leiria e por Portugal. Por isso, criámos um gabinete de acompanhamento da crise na Ucrânia. Mobilizámos todos os nossos vereadores para dar apoio nesta fase e nos próximos meses. Estamos a mobilizar neste plano empresas, associações e escolas. Iniciámos hoje uma recolha de bens, pelo que apelo a toda a população que ajude os cidadãos ucranianos neste momento tão difícil.”

Para Gonçalo Lopes, “o apoio à comunidade ucraniana residente é outra prioridade da nossa ação, de que esta Vigília é um exemplo. Mas vamos continuar a trabalhar para vos apoiar em tudo o que necessitarem, nomeadamente, o acolhimento e integração, caso exista necessidade. Vamos tudo fazer para que tenham boas condições em Leiria na área da habitação, da saúde, da educação, no acesso ao trabalho. Estamos do vosso lado, contem connosco, recebam o nosso abraço. Glória à Ucrânia”, concluiu.

     Mário Lopes 

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