Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/19

No âmbito das comemorações do 1º aniversário da UI Cuidados Paliativos

Centro Hospitalar de Leiria anuncia criação de equipa comunitária em Cuidados Paliativos

O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Leiria, Licínio de Carvalho, anunciou no dia 22 de março, no âmbito das comemorações do primeiro aniversário da Unidade de Internamento de Cuidados Paliativos (UICP) no Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira (HABLO), que já está aprovada pelo Conselho de Administração, a criação de uma equipa comunitária de suporte em Cuidados Paliativos, que irá reforçar a resposta aos utentes da região, complementando assim o Serviço de Cuidados Paliativos do Centro Hospitalar de Leiria, que teve em 15 de março de 2021 a inauguração do seu serviço de internamento, e já tratou e cuidou de cerca de 300 doentes.

A sessão comemorativa do 1º aniversário da UICP – Unidade de Internamento de Cuidados Continuados do Centro Hospitalar de Leiria, realizou-se no dia 22 de março, com a presença de António Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde; Inês Silva, vice-presidente do Município de Alcobaça; Licínio de Carvalho, presidente do Conselho de Administração do CHL; Rui Sousa Silva, presidente da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos; Catarina Faria, diretora do Serviço de Cuidados Paliativos do CHL, entre outros.

Catarina Faria

Catarina Faria fez um balanço do primeiro ano de atividade da Unidade de Internamento, mostrando-se feliz pelo caminho percorrido, realçando que “é uma etapa que foi árdua de construir desde 2018. São poucos os Conselhos de Administração que dão esta oportunidade. O nosso próximo projeto é a equipa domiciliária, que vai começar inicialmente em Leiria e depois progredirá para Alcobaça”.

A diretora da UICP salientou que “hoje somos uma família. Parte do nosso sucesso deve-se ao nosso núcleo duro. Se no início tínhamos pouca experiência em Cuidados Paliativos, hoje somos uma referência, não só a nível hospitalar, mas como Unidade, porque o que fazemos é cuidar. Não interessa a doença, olhamos para o doente e para os familiares”, lembrando ainda que “todos os doentes me ensinaram que devemos viver e, se estamos aqui hoje, devemos continuar a viver e a sermos felizes.  Ao final do dia termos a nossa família e podermos viver é o mais importante. O que me ensinaram foi a dar valor à vida. O resto vai-se resolver”, realçou.

Rui Sousa Silva sublinhou que, a curto prazo, “a formação é um objetivo estratégico em que estamos a trabalhar. Nem todos os doentes necessitam de cuidados paliativos, mas necessitam de um apoio sólido das equipas. Sabemos que muitas equipas se centram na boa vontade dos profissionais, mas temos de ir além disso”, acrescentando que a Comissão está atenta a diversas áreas, estamos a trabalhar em várias frentes”.

Licínio de Carvalho: “Em 2021, o Centro Hospitalar já ultrapassou as 6.300 consultas de cuidados paliativos”

Licínio de Carvalho

Estamos certos que dentro de pouco tempo cumpriremos o desígnio de pôr em prática o terceiro patamar do Serviço de Cuidados Paliativos, complementar à Equipa Intra-hospitalar e à componente de internamento, falo da equipa comunitária de suporte em Cuidados Paliativos, aprovada pelo Conselho de Administração, processo que se encontra em execução e que irá robustecer a resposta que o Serviço de Cuidados Paliativos deve dar, tem que assegurar e, estamos convictos, irá prestar à nossa comunidade”, anunciou Licínio de Carvalho.

O presidente do Conselho de Administração do CHL agradeceu todo o trabalho que a Unidade tem feito, salientando que “esta valência era uma aspiração há muito identificada por nós e desejada pela comunidade e, claramente muito bem interpretada e acolhida pelo executivo municipal de Alcobaça. Este importantíssimo serviço preencheu uma lacuna assistencial que o SNS tinha nesta região e neste distrito, e que muito significou e significa para a constante e contínua diferenciação que o CHL desenvolve e procura alcançar”.

Licínio de Carvalho realçou que “a estratégia do CHL é, de facto, de crescimento, mas também de diferenciação em novos serviços, novas valências, novas unidades e por isso, novas formas de fazer chegar aos nossos utentes os serviços que necessitam, num balanço contínuo entre a variação da procura dos cuidados e a adaptação da estrutura humana, física e técnica para a comunidade que servimos”.

Quarto do serviço de cuidados paliativos

Segundo o responsável, “com este serviço conferimos e ganhámos dignidade assistencial a doentes altamente vulneráveis, que passaram a ter uma assistência multidisciplinar, com elevada preparação técnica e grande sensibilidade para a humanização dos cuidados, assegurando aos doentes como prometido “Vida até ao fim””.

Recorde-se que inicialmente este serviço tinha o objetivo de tratar 250 doente por ano. “O objetivo foi claramente atingido e ultrapassado, tratando cerca de 300 doentes no primeiro ano de atividade nas 12 camas disponíveis, assim como com o cumprimento dos objetivos previstos na componente da Equipa Intra-hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos, ultrapassando em 2021 as 6.300 consultas, e mais que triplicou as sessões de hospital de dia, chegando a 1.810 sessões no ano de 2021”, explicou Licínio de Carvalho.

O presidente do Conselho de Administração do CHL terminou reforçando que “o Serviço é especial e deve ser especial, os profissionais comprovam-no. Cumpre-me também agradecer o esforço feito, onde destaco o papel da ARS, da ACSS e sobretudo do Secretário de Estado Adjunto da Saúde, pelo caminho trilhado conjuntamente, no sentido de viabilizar o crescimento da nossa equipa”.

António Lacerda Sales: “O número de pessoas que vai precisar de cuidados de paliativos vai continuar a crescer”

António Lacerda Sales

Por sua vez, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Sales, iniciou o seu discurso em jeito de despedida, referindo que “este será um dos últimos atos públicos enquanto membro deste Governo e será, sem dúvida, uma boa forma de encerrar este caminho no meio de tantas emoções, onde são partilhados os valores de suporte, dignidade e humanismo. São também esses os valores do SNS”.

Dirigindo-se ao Serviço de Cuidados Paliativos, António Lacerda Sales, agradeceu a todo o pessoal pelo “extraordinário trabalho, pela vossa dedicação, pelo vosso empenho, e coragem, por lidarem diariamente com o sofrimento, com o fim de vida e por terem a capacidade de fazer a diferença em cada um dos doentes. Os cuidados implicam um olhar com redobrada atenção por cada doente, por parte de cada profissional de saúde e por isso temos de ter em conta a dimensão deste serviço. Este é um sonho que veio melhorar a qualidade de vida dos habitantes desta região.”

Segundo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, “a área dos recursos humanos é muito difícil, é uma área para a qual o governo terá de olhar com redobrada atenção. Só em período de pandemia o SNS reforçou-se em 13 mil profissionais. Mas temos a necessidade de continuar a desenvolver este trabalho. Também se iniciou em 2020 um concurso de mobilidade para médicos já nos quados do SNS, e irá abrir também um concurso com vagas carenciadas. São uma oportunidade para reforçar a Unidade de Cuidados Paliativos. Neste momento, no Ministério das Finanças temos pedidos para o CHL 10 enfermeiros e um psicólogo.”

António Lacerda Sales adiantou ainda que “a Rede de Cuidados Paliativos tem vindo a crescer. Atualmente, em 2021, o país conta com 409 camas, 110 na zona norte, 116 na zona centro, 135 na Região de Lisboa e Vale do Tejo, 30 no Alentejo, e 18 no Algarve. 250 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência serão destinados a Cuidados Paliativos. O número de pessoas que vai precisar de cuidados de paliativos vai continuar a crescer. Precisamos do vosso empenho da vossa dedicação, contamos convosco e, vocês podem, com certeza, contar connosco”, finalizou dirigindo-se ao pessoal médico, técnico e auxiliar do serviço.

Recorde-se que a UICP abriu as suas portas no dia 15 de março de 2021, conta com 12 camas, distribuídas por 10 quartos, espaços de trabalho para os profissionais, sala de tratamentos, zona de limpos e sujos, refeitório e sala de convívio e de atividades. O projeto de criação da UICP no CHL teve um investimento de cerca de 680 mil euros, co-financiado em 156.825 mil euros no âmbito do Programa Portugal 2020, e em 75 mil euros pela Câmara Municipal de Alcobaça.

As comemorações contaram ainda com a palestra de Ana Querido, professora do Politécnico de Leiria, sobre Cuidados Paliativos, que abordou temas como a resposta ao sofrimento por parte dos Cuidados Paliativos, a qualidade de vida das pessoas doentes e das famílias, e a esperança na vivência da doença.

A cerimónia terminou com a partilha de testemunhos de profissionais e familiares de doentes acompanhados na UICP e com um momento musical protagonizado pela SAMP.

Na ocasião “João”, um dos doentes acompanhados na unidade referiu que “quando pensava eu que paliativos era o fim, não, foi o princípio, o princípio de tudo. Sobretudo, ver a vida de outra forma.” O filho de uma utente testemunhou também que “quando apareceram os cuidados paliativos na doença da minha mãe, foi uma luz que apareceu no túnel escuro em que eu estava”, acrescentando que chama a esta equipa “super-heróis”.

  Mónica Alexandre
(Com Midlandcom)

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