Edição: 287

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/10/11

Primeira reunião do CTC terá lugar no dia 1 de abril, integrando 37 investigadores

Observatório do Turismo Sustentável do Centro de Portugal relança atividades com colaboração do Politécnico de Leiria

Posto de Turismo do Luso

O Observatório do Turismo Sustentável do Centro de Portugal, onde o CiTUR – Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo do Politécnico de Leiria colabora e presta apoio técnico e científico, vai relançar as suas atividades, após uma paragem devido à pandemia de Covid-19, com a criação do Conselho Técnico-Científico (CTC) e do Conselho Consultivo Empresarial (CCE).

A primeira reunião do CTC terá lugar no dia 1 de abril, integrando 37 investigadores de todas as instituições de Ensino Superior da região Centro, designadamente os Politécnicos de Leiria, de Tomar, de Coimbra, da Guarda, de Viseu e de Castelo Branco, e as Universidades de Aveiro, Coimbra e Beira Interior.

De carácter consultivo, o CTC contará com a representação de investigadores das áreas de conhecimento relevantes para o desenvolvimento sustentável do Turismo (turismo, gestão, economia, geografia, ordenamento do território, sociologia, desenvolvimento regional, ciências empresariais, entre outras), afetos às instituições de Ensino Superior e unidades de investigação da região Centro.

A missão do CTC consistirá em servir de garante da idoneidade científica dos estudos realizados pelo Observatório, assegurando a consistência de processos de recolha de dados e a coerência das metodologias, bem como a validade científica dos seus estudos.

«Não há dúvida de que o turismo tem fortes impactos a nível económico, social e ambiental, quer positivos, quer negativos. Por isso, a monitorização desses impactos, de modo contínuo e abrangente, constitui um instrumento fundamental no âmbito da Estratégia Regional de Desenvolvimento Turístico do Centro de Portugal. No entanto, uma monitorização eficiente da atividade turística obtida depende da qualidade das metodologias e dos indicadores incluídos nos inquéritos regulares aos empresários, aos turistas e aos residentes. É por isso que saudamos vivamente a disponibilidade e o interesse dos investigadores das universidades e dos politécnicos da região Centro que, em conjunto, irão credibilizar as atividades do Observatório, validando todas as etapas do processo de investigação», refere Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal.

Já a primeira reunião do Conselho Consultivo Empresarial deverá ocorrer no início de maio, integrando distintos empresários e as principais instituições representativas dos diversos setores empresariais que atuam na estruturação da oferta turística, designadamente as associações setoriais do turismo, associações empresariais da região Centro, bem como as organizações representativas no domínio do desenvolvimento regional e local: comunidades intermunicipais, associações de desenvolvimento local e regional e entidades gestoras de programas de valorização dos recursos endógenos.

A missão do CCE será identificar as lacunas e necessidades de informação estatística e instituir o SMAT – Sistema de Monitorização da Atividade Turística do Centro de Portugal, um sistema próprio de produção estatística para o turismo da região Centro, compatível com o modelo ETIS – European Tourism Indicator System, que estabelece as diretrizes da União Europeia para a monitorização contínua da atividade turística a nível regional e local.

O SMAT está a ser concebido no âmbito de uma parceria entre o Turismo Centro de Portugal e o Politécnico de Leiria, através do CiTUR, consistindo num sistema de monitorização que opera segundo o modelo de trabalho em rede e que tem como objetivo geral dotar os agentes económicos do Centro de Portugal de dados rigorosos e detalhados, disponibilizados em tempo útil, relativos à atividade turística de nível regional e local.

O SMAT foi desenvolvido na sequência de um diagnóstico das necessidades de informação sentidas pelos agentes económicos, estando prevista a produção e disponibilização de relatórios mensais, semestrais e anuais, aportando evidentes benefícios para todos os atores do turismo, quer a nível local quer regional.

Assim, e no âmbito do relançamento das atividades do Observatório, está também previsto o início do processo de consulta mensal aos empresários, através de um inquérito online, com o objetivo de recolher informação atualizada bastante abrangente, para monitorizar a performance das empresas do turismo, tendo como foco indicadores relacionados com a sustentabilidade socioeconómica, os gastos dos turistas no destino, a sustentabilidade social e a sustentabilidade ambiental.

«O SMAT é um sistema que agrega a totalidade dos indicadores de monitorização da atividade turística. Irá permitir uma aferição em contínuo da performance das empresas e da competitividade do destino, propiciando uma visão 360 graus sobre a qualidade dos produtos turísticos e a satisfação dos visitantes e das comunidades que os acolhem. É, portanto, o “pulmão” que irá abastecer o Observatório do tipo de oxigénio de que necessita para respirar: informação fiável e atualizada», salienta Pedro Machado.

Nível de satisfação dos turistas/visitantes é o indicador de monitorização da atividade turística mais valorizado pelas empresas de turismo da região Centro

Cumprir uma importante função de apoio à tomada de decisão de todos os stakeholders do Centro de Portugal, nos planos estratégico e operacional, fornecendo informação de valor a todas as empresas e organizações direta ou indiretamente ligadas à atividade turística, é o desígnio do Observatório do Turismo Sustentável do Centro de Portugal, cujos trabalhos iniciaram em 2017.

Numa primeira etapa, todo o trabalho da equipa do CiTUR do Politécnico de Leiria esteve focado na inventariação exaustiva e categorização das empresas e organizações que operam ao nível da oferta turística da região Centro. Sendo esta constituída por um total de 100 municípios, a inventariação exaustiva da oferta turística foi uma tarefa ciclópica, que se prolongou até 2019, tendo envolvido a criação de um total de 9.167 fichas de inventário preenchidas.

Paralelamente, foi realizado um inquérito a uma amostra de 234 empresas, com o objetivo de aferir a importância que os empresários atribuem aos vários indicadores de monitorização da atividade turística. Segundo os resultados do inquérito, o nível de satisfação dos turistas/visitantes é o indicador de monitorização da atividade turística mais valorizado pelas empresas de turismo da região Centro, seguido pela sazonalidade da procura turística, o número de turistas/visitantes que repetem a visita (fidelização) e a duração da estada.

A contribuição do turismo para o PIB local e regional, o número de pernoitas turísticas por mês, o nível de satisfação dos residentes em relação ao turismo, a percentagem de eventos relacionados com a cultura e património local e o gasto diário por turista são também outros dos indicadores mais valorizados.

Por sua vez, indicadores como o número de empresas que separam os diferentes tipos de resíduos, o número de empresas envolvidas em programas de mitigação de alterações climáticas, a percentagem de homens e mulheres empregados no turismo, o número de empresas que usam água reciclada e a percentagem de empresas turísticas dirigidas por mulheres, são os menos valorizados pelas empresas de turismo da região Centro.

«“Se não se consegue medir, não se consegue gerir” – esta expressão sintetiza tudo o que está em causa quando se fala da monitorização da atividade turística. Do mesmo modo que um condutor tem que ver a estrada para se orientar na condução de um veículo, também os gestores turísticos necessitam de informação de qualidade, obtida, processada e acessível em tempo real, para balizarem as suas ações e tomarem decisões informadas», refere Francisco Dias, professor do Politécnico de Leiria e coordenador do Observatório do Turismo Sustentável.

      Fonte: Midlandcom

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