Edição: 281

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/4/26

Associação de Produtores de Pera Rocha admite abandono de alguns produtores

Quebra de 50% na colheita e aumento de custos de produção põem em risco sector da Pera Rocha

Colheita de 2022 da Pera Rocha: mais pequena, mas de qualidade excelente

O presidente da ANP – Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha prevê que a colheita de Pera Rocha de 2022 tenha uma quebra de 50%. Domingos dos Santos aponta a seca e as temperaturas elevadas como factores responsáveis pela quebra de produção da pera, cuja colheita se cifrará nas 110 mil toneladas, metade das 220 mil toneladas recolhidas em 2021. O empresário mostrou ainda “alguma preocupação” pelo facto do calibre do fruto ser inferior a anos anteriores, o que pode dificultar a sua venda, além do aumento de custos de produção poder levar “ao abandono de alguns pomares”.

Domingos dos Santos garante que, apesar da quebra na produção com “a seca e o golpe de calor sofrido no mês de julho”, que fez com que o fruto seja se calibre inferior, a qualidade do fruto é excelente, com cor bonita e bons brixs (teor de sólidos solúveis).”

Com uma “quebra generalizada da produção em toda a região Oeste”, a campanha termina na primeira semana de setembro, e apesar de estar prevista a exportação de grande maioria do produto para países como Brasil, Reino Unido, Canadá, França, Marrocos, Espanha e Alemanha, entre outros, a ANP mostrou alguma preocupação com o “escoamento do produto” devido “ao pequeno calibre do fruto”, uma vez que “a sua valorização não conseguirá compensar a quebra de produção”.

Domingos dos Santos revelou também que com “a quebra de produção” e o “aumentos dos custos de produção” é cada vez mais real “a possibilidade de abandono de alguns pomares”, porque os “produtores não conseguem fazer fase aos custos relacionados com a produção”, especialmente aos relacionados com aumento dos fitofármacos, mão de obra e combustíveis.

Domingos dos Santos garantiu ao Tinta Fresca, que após o final da colheita a associação irá fazer um balanço para saber que medidas deve tomar e “se houver necessidade de algum apoio irá solicitá-lo ao governo” que tem nos últimos anos “apregoado apoios, mas efectivamente não chegou nada”.

O presidente da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha referiu que o impacto da quebra de produção de Pera Rocha não se cingirá apenas ao sector agrícola, uma vez que esta actividade tem “um forte impacto na economia regional e pode colocá-la em risco” devido à diminuição de receitas.

Também Sérgio Pereira, presidente da direção da Cooperfrutas, cooperativa fundada em 1998, com cerca de 70 sócios, dos concelhos de Alcobaça e Caldas da Rainha, referiu ao Tinta Fresca que “este ano registamos uma quebra a rondar os 50%”, sobretudo “devido à seca, ao calor e à Estenfiliose (doença das manchas castanhas) que afeta o produto”. O responsável da Cooperfrutas referiu também que apesar do “baixo calibre do fruto” este tem “boa qualidade e bons brixs, que o tornam mais saborosos”.

Sérgio Pereira referiu que o “calibre mais pequeno do produto leva a alguma dificuldade no seu escoamento” e faz com que o preço de venda seja mais baixo”. Apesar disso, a Cooperfrutas irá escoar grande parte da produção através da exportação para países como Inglaterra, Brasil, Marrocos, Alemanha e França.

O Tinta Fresca ouviu também alguns produtores individuais, que também  referem a elevada quebra de produção e mostram a sua preocupação com os custos da produção e com a pouca margem de lucro que terão. O produtor António Salgueiro referiu que apesar do fruto ter “boa qualidade”, a quebra na produção deve-se “à seca, ao calor e à Estenfiliose”. O produtor mostrou-se preocupado com os custos de produção, mas sobretudo com os custos da mão de obra da colheita, que devido ao facto de “ser necessário escolher o produto, aumentando o tempo de colheita” e consecutivamente “os custos de colheita aumentam significativamente”.

 Mónica Alexandre

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Francisco Casimiro

entretanto... proliferam pomares cheios de fruta no chão a apoderecer...